Aluno 84
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Desde criança, a televisão
foi uma companhia, e o passatempo se transformou em uma fonte de conhecimento e
sonho de realização profissional. De grade de programação a monitoramento da
audiência, de programas de auditório a zapear pelos noticiários, de bastidores
de novelas a acompanhar a vida dos famosos. E por aí vai. Assim, o fascínio
pelo mundo da TV foi projetado para a faculdade de Jornalismo. Este, então,
passou a ser o alvo, o ponto de destino: o curso superior.
A trajetória não foi linear,
com oscilação entre momentos altos e baixos. De início, o vestibular do curso que
despontava como um dos mais concorridos. Na primeira tentativa, a inexperiência
juvenil e o sentimento de frustração por não ter sido aprovado. Por outro lado,
a efervescência e curiosidade de viver de uma adolescência que se despedia.
Após um ano de curso pré-vestibular, finalmente o momento tão esperado. A
sensação de passar no vestibular da UFRGS é inesquecível e difícil de
descrever, talvez uma metáfora enriquecida de criatividade pudesse deixar mais
clara a sensação de euforia, mas ainda assim a comparação estaria incompleta.
O primeiro dia de aula
também foi o início do primeiro emprego. Digitar notas fiscais e realizar
rotinas administrativas para se lançar na vida remunerada. Conciliar faculdade
com trabalho não é fácil: preocupações dobradas e disponibilidade reduzida;
tarefas agendadas e nem sempre cumpridas. Ao longo dos semestres, a ebulição de
aprendizados caminha na mesma trajetória dos percalços da vida acadêmica.
Teorias, pensadores, fundamentos, conceitos, técnicas... De História da
Imprensa à Fotografia, passando pelas mídias de comunicação e laboratórios de
audiovisual. E depois navegar no mar de 64 créditos eletivos para ampliar a
bagagem do comunicador.
A vontade de desistir às
vezes vem obstruir a expectativa da chegada. Nesse momento, é preciso
rejuvenescer décadas para recarregar a energia infantil de sonhar. Em determinada
altura, a conclusão está próxima; o sonho virou planejamento e dá até para
visualizar a luz que reflete no túnel que já sufoca. E daí vem o TCC. Ele é
onipresente desde o primeiro semestre, mas quando chega o momento de encará-lo
nos olhos, enxerga-se a estressante fisionomia de metodologias científicas,
objetos de estudo, objetivos de pesquisa e formatações padronizadas. Tudo isso
encoberto de prazos. Percebe-se a importância da página de agradecimentos. Essa
folha que antecede o texto representa um pouco de escrita pessoal no trabalho
científico; geralmente, passa despercebida para o leitor. Porém, para quem a
escreve, significa que aquela luz incipiente do túnel se transformou,
finalmente, em um céu de alívio e satisfação pessoal.
A realização de um sonho
certamente é algo marcante na vida. Essa experiência memorável foi concretizada
devido ao entendimento dos estudos como o alicerce para transformar os sonhos
de infância em um futuro promissor. O esforço para cumprir as obrigações acadêmicas
e a inquietação pelo saber foram as ferramentas utilizadas para colocar em
prática o desejo por uma vida próspera, ou seja, capaz de unir prazeres
capitalistas com sentimentos de realização pessoal. Como uma mensagem de
autoajuda, esse pensamento ecoou e serviu de estímulo ao longo dos inesquecíveis
anos de faculdade.
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