terça-feira, 28 de junho de 2016

Filtro

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Aluno 76


De segunda a sexta, o despertador do celular toca, impreterivelmente, às 6 horas e 15 minutos, quebrando o silêncio do meu quarto. Então eu levanto, sonâmbulo, e me dirijo para a cozinha: até lá, são exatos 15 passos. Abro a torneira e encho d’água a pequena chaleira que dorme todas as noites sobre o fogão. Acendo o fogo. Foco: não pode ferver, senão queima. Abro a geladeira, tiro os grãos de dentro de um pote - vai exatamente uma colher de sopa para o moedor, medida perfeita para uma pessoa. Caneca na mesa, o pequeno coador sobre ela. O filtro de papel número 100, para uma única dose e dobrado milimetricamente nas extremidades, recebe o pó. Gota por gota, observo a água quente ganhar a cor escura. O líquido preto vai subindo, até a borda. De pé, sorvo o primeiro gole. O segundo. O terceiro. Até não restar mais nada. Agora, sim, recebo uma avalanche de pensamentos: estou acordado. Por onde começar? Outra vez moer, coar, filtrar para seguir adiante. O dia já está rolando. É café. É passado. Não é expresso.

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