Aluno 97
Reescrita
Eu sempre vi o mundo de uma maneira muito clara! Pessoas mal educadas,
oportunistas, hipócritas, fofoqueiras e cruéis. Quando se é simplista para ver
o mundo tudo fica mais fácil, ou mais difícil, no meu caso ficou tudo mais
difícil, e mais confuso, parecia que eu havia saído de dentro de uma bolha.
Tudo isso, essa reviravolta no meu mundo, por causa de uma pessoa que tem muito
amor para passar para esse mundo. Meu irmão, o Guilherme.
O Gui, está passando por aquela fase de reconhecimento sobre o corpo, os gostos.
O fato é que ele sendo um menino autista, passa coisas que só eles -autistas-
entendem. Dá pra imaginar como é complicado para eles superarem essa fase da
vida, aonde tudo o que eles querem é ficar no mundo deles, mas as pessoas
querem trazê-los para essa realidade da qual eles não fazem parte, por
limitações cognitivas e muitas vezes também por que é mais confortavel ficar
só.O Gui é o exemplo claro, é constantemente vítima de bullying na escola.
Muitas vezes, bullying incitado pelos pais das crianças, o que me deixava
desacreditada nas pessoas. Hoje, ele está no 6ª ano e ainda é hostilizado por
preferir brincar com tampinhas de garrafas do que jogar futebol. Por se muito
literal e não entender metáforas. Por ser tão peculiar, gostar e saber de coisas
como espécies de peixes e lutadores de WWE.
Outro dia, eu o questionei sobre como
ele se sentia depois de um episódeo em que um coleguinha o xingou por que ele
não havia entendido como se joga queimado -na verdade ele entendeu o objetivo,
mas não entendeu o nome “queimado”-, ele me disse que não se importava, e que
eles não o entendiam, e ainda acrescentou que no fim da aula, ele e o Eduardo
-o coleguinha- jogaram Yugh Yo. Eu ali, toda ressentida com o que aconteceu, e
ele desapegado. Isso dói em mim, afinal, dizer que as crianças são malvadas é
compreensivel, até por que elas estão na fase de construção de caráter, e não
são culpados pelos valores que recebem da família, mas ouvir a mãe de um
coleguinha chamá-lo de “louquinho”, é de cortar o coração, é de se desiludir
com a humanidade. Felizmente, o Gui sempre soube se sobressair, sempre
conquistou as pessoas com o jeito doce, autentico, carismático e aqueles
dentinhos levemente tortos dele. Ele tem tanto a ensinar para as pessoas, assim
como me ensinou a não ser tão mente fechada, a não julgar um livro pela capa,
ele me ensinou a ver o mundo como ele vê.
Embora a cada dia que passe eu tenha mais convicção de como as pessoas
são cruéis, ele me faz duvidar disso todo dia. Embora eu saiba como o mundo
afora é maldoso com quem é diferente, ele me mostra autoconfiança e
independência. E embora eu saiba que há centenas de outros Guilhermes por ai,
que talvez não tenham o devido apoio da familia, ou não consigam lidar com
essas situações,o Guilherme -meu irmão-, autônomo, confiante e nenhum pouco
frágil é minha preocupação egoísta de todo dia.
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