quinta-feira, 9 de junho de 2016

Mudando de colégio

Aluno 66
Reescrita


Como já se é conhecido de muitos, a adolescência é uma fase em que todos os acontecimentos são classificados como “fim do mundo”, não sendo diferente no meu caso. Do primeiro ano escolar até o sétimo permaneci em uma escola conservadora, na qual não me sentia confortável e muito menos aceita. Uma instituição católica, de paredes brancas amareladas e detalhes em azul. Amigos eu tinha poucos, no máximo cinco e olhe lá. Mas o que realmente me incomodava era continuar depois de sete anos convivendo com as mesmas pessoas todos os dias sem perceber nenhum respeito por parte deles com próximo. Depois de um comentário maldoso de minha autoria, percebi o quanto já estava intoxicada por aquela maldade infantil.
Então decidi dar um fim há esta situação, planejei antes de dormir todos os argumentos úteis para apresentar a minha mãe, infelizmente não teria a ajuda de meu pai, pois quem tomava as grandes decisões da casa era ela. Estava tudo certo, eu chegaria ao meio dia em casa e ficaria esperando ela chegar do trabalho para contar lhe sobre os insultos diários dos colegas, sobre os professores quadrados que baseavam se somente nos livros didáticos sem muitas inovações, e sobre estar saturada daquele ambiente aparentemente alegre, cheio de desenhos de borboletas pelo chão e imagens de santos sempre a te vigiar.
O nervosismo aumentava e eu não aguentei esperar ela sentar ou largar a bolsa, eu simplesmente vomitei “não quero mais estudar nesse colégio”. Ela me fitou por alguns segundos e logo em seguida passou reto por mim. Enquanto eu a observava passar sem dizer uma palavra sobre o assunto, eu já sentia a derrota desta missão onde a punição seria continuar naquela rotina de sempre, sendo a primeira aluna a chegar à escola, não suportando ficar perto daqueles colegas e realizando atividades nem um pouco interessantes. Resolvi ir atrás dela já argumentando porque seria melhor me mudar de colégio, quais os benefícios que trariam para mim e para a nossa família, e pondo a mão sobre o meu ombro e olhando nos meus olhos ela respondeu secamente “não”. Assim, uma única palavra, sem maiores explicações. Mais um apocalipse para quem estava no auge dos seus 14 anos. Desastres naturais que me atingiam semanalmente, sempre com emoções fortes e dramas dignos de novela mexicana, cuja data de encerramento estava definida proporcionando um fim a mais esta fase de minha vida.


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