Aluno 66
Reescrita
Como já se é conhecido de muitos, a adolescência é uma
fase em que todos os acontecimentos são classificados como “fim do mundo”, não
sendo diferente no meu caso. Do primeiro ano escolar até o sétimo permaneci em
uma escola conservadora, na qual não me sentia confortável e muito menos
aceita. Uma instituição católica, de paredes brancas amareladas e detalhes em
azul. Amigos eu tinha poucos, no máximo cinco e olhe lá. Mas o que realmente me
incomodava era continuar depois de sete anos convivendo com as mesmas pessoas
todos os dias sem perceber nenhum respeito por parte deles com próximo. Depois
de um comentário maldoso de minha autoria, percebi o quanto já estava
intoxicada por aquela maldade infantil.
Então decidi dar um fim há esta situação, planejei
antes de dormir todos os argumentos úteis para apresentar a minha mãe,
infelizmente não teria a ajuda de meu pai, pois quem tomava as grandes decisões
da casa era ela. Estava tudo certo, eu chegaria ao meio dia em casa e ficaria
esperando ela chegar do trabalho para contar lhe sobre os insultos diários dos
colegas, sobre os professores quadrados que baseavam se somente nos livros
didáticos sem muitas inovações, e sobre estar saturada daquele ambiente
aparentemente alegre, cheio de desenhos de borboletas pelo chão e imagens de
santos sempre a te vigiar.
O nervosismo aumentava e eu não aguentei esperar ela
sentar ou largar a bolsa, eu simplesmente vomitei “não quero mais estudar nesse
colégio”. Ela me fitou por alguns segundos e logo em seguida passou reto por
mim. Enquanto eu a observava passar sem dizer uma palavra sobre o assunto, eu
já sentia a derrota desta missão onde a punição seria continuar naquela rotina
de sempre, sendo a primeira aluna a chegar à escola, não suportando ficar perto
daqueles colegas e realizando atividades nem um pouco interessantes. Resolvi ir
atrás dela já argumentando porque seria melhor me mudar de colégio, quais os
benefícios que trariam para mim e para a nossa família, e pondo a mão sobre o
meu ombro e olhando nos meus olhos ela respondeu secamente “não”. Assim, uma
única palavra, sem maiores explicações. Mais um apocalipse para quem estava no
auge dos seus 14 anos. Desastres naturais que me atingiam semanalmente, sempre
com emoções fortes e dramas dignos de novela mexicana, cuja data de
encerramento estava definida proporcionando um fim a mais esta fase de minha
vida.
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