Aluno 66
1 Versão
O barulho infernal do despertador já deu o seu sinal,
é hora de se jogar para fora da cama, como se empurra um colchão escada a
baixo. Já em pé visto uma combinação de roupa já bem manjada, jeans e camiseta,
e vou para o espelho para colocar a lente de contato. Enquanto me movimento de
um lado para o outro, correndo contra o relógio, ele começa a gritar.
Esta com fome como sempre, passou a noite toda se
revirando e fazendo bagunça. Faço um sinal para que ele espere mais um pouco,
“já vou te limpar!” é a mesma coisa todo dia. Termino de tomar meu café, escovo
os dentes e a barulheira que ele produz continua. Pego ele e suas coisas e levo
para a área de serviço, daquelas bem pequenas que cabe apenas uma maquina de
lavar roupa antiga e um tanque branquinho como leite. E é por ter esta cor que
acabo sempre me incomodando com a minha mãe, pois a sujeira que ele faz é
grande e eu nem sempre tenho tempo de limpar tudo.
Vinte minutos para as sete horas, anuncia a repórter
do jornal. Tenho pouco tempo, meu ônibus vai passar e se eu perder vou acabar
chegando atrasada na aula. Pego seu pote redondo feito de cerâmica e jogo o que
sobrou de comida no lixo, derramo a água escura dentro do tanque branquinho que
agora tem um tom de marrom claro, daqueles de quando tiramos areia do calçado
em baixo da torneira. Retiro o jornal e limpo sua barriga branca e seus pés
rosados com um paninho, depois recoloco tudo no seu devido lugar, comida nova,
água fresca e porco limpo. Pronto.
Deixo um pedacinho de fruta para agradá-lo e os gritos
se silenciam por agora, mas sei que assim que voltar faremos tudo novamente. E
como numa rotina rural, vou cuidando desta minha fazenda urbana que talvez não
seja constituída de tanto espaço, grama, vacas ou porcos, mas que possui algo
bem parecido. Um bichinho do tamanho de um estojo escolar, que possui grandes
manchas brancas e pretas, um bigode de ratinho, dentes de coelho e temperamento
de gato rabugento, este é o meu porquinho da índia.
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