quarta-feira, 22 de junho de 2016

O dia do nascimento

Aluno 82
1 Versão


Pés inchados, uma saliência tão grande que pode ser comparadas a uma melancia, carrega essa melancia no lugar de minha barriga todos os dias. Estou sentada, olho algumas revistas, vejo bebes nas fotos, me pergunto quando chegará o meu. Descubro que não deveria ter me feito esta pergunta. A barriga agora dói, são as contrações. Procuro alguma companhia pelos cômodos de minha casa, estou sozinha. Ligo para minha mãe, não atende, ligo para meu marido e também não atende. Finalmente, ligo para minha melhor amiga e ela atende. Digo-lhe que as contrações começaram, peço para que venha, ela está a caminho.
Lembro-me das recomendações que me foram dadas pela minha médica. Respiro profundamente. Lembro-me que ainda não fiz as malas. Que tipo de mãe sou eu?! Contemplo a mala por alguns momentos, pensando no que guardar. Guardo então roupas de frio do bebe, o kit higiene, a parte do bebe esta pronta. Guardo então roupas de frio para a mãe... Ah! Eu sou mãe, vou ser mãe! Meu devaneio se interrompe quando a bolsa se rompe. Onde está minha amiga?! Respiro novamente, havia me esquecido de respirar profundamente enquanto fazia a mala. A campainha toca, minha amiga chega, carregamos as malas até o carro, ela me coloca no banco de trás e o espaço ainda é pequeno. Lembro-me de respirar e inspirar. O telefone toca meu marido ao saber da noticia avisa a família e corre até o hospital. O transito simplesmente para. No rádio do carro tocam musicas de sala de espera de centro espirita. Peço á minha amiga para que troque a estação. Agora está tocando “two o fus” dos Beatles, fico contente, se o bebe nascer no carro, ao menos será ao som de minha banda favorita.
Chegando ao hospital, os médicos perguntam algo sobre as contrações, nesse misto de emoções e sentimentos, mal consigo responder. Visto uma camisola e deito na maca. Sou examinada e descubro que já tenho dilatação, ansiosa, feliz e emocionada, me concentro para o parto.
Pedem-me para fazer força para que o bebê possa sair, a dor é tanta que não pude ao menos gritar para dizer que estou me esforçando ao máximo. Um súbito alivio toma o lugar da dor excruciante. Nasce minha menina, meus olhos se fecham lentamente, tive um desmaio. Ao acordar me delicio de felicidade vendo o rosto da minha pequena. E lá fora o sol nasce junto com ela.


Nenhum comentário:

Postar um comentário