Aluno 73
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Ao longo dos
meus quase 17 anos, a pergunta quem eu sou foi recorrente nos meus pensamentos.
Foram vezes suficientes para perceber que eu não sei me definir, talvez porque
eu seja inteira uma contradição. Eu posso ser calma e controlada ou fiasquenta
e barraqueira, posso ser um doce ou muito grossa, e nada tem a ver com o que
aconteceu durante a minha semana ou com a minha tpm: depende de qual Júlia eu
acordei no dia - mas isso é fácil de perceber, porque uma das poucas coisas que
eu tenho certeza é que sou extremamente expressiva.
Aos 12 anos entrei em um curso de
inglês em que a matéria do nível básico incluía o que chamavam de preferências.
A professora, tendo que testar meu vocabulário, sempre pedia, sem paciência,
para eu inventar, porque a minha resposta para todas as perguntas era sempre
depende do dia. A banda preferida, o que eu mais gostava de comer, o que
gostava de fazer no tempo livre, o estilo musical favorito. Até hoje não faço
ideia da resposta para essas perguntas. Durante a semana passada inteira
escutei só Rihanna, desde ontem eu não suporto ouvir uma música dela. Isso
também acontece com as pessoas com quem convivo: num dia eu amo, no outro
odeio. Quem me conhece já se acostumou com meus sumiços, sabe que talvez eu
passe meses sem manter contato porque não estou com paciência pro jeito daquela
pessoa.
Ainda não descobri se é porque gosto
de tudo ou de nada. Provavelmente porque enjoo fácil das coisas, porque não
tenho problemas com o desapego - e com o apego também. Talvez não seja uma questão
de contradição, mas de integração, de ser muitas em uma só. Se for assim, ainda
bem que eu sou muitas, assim não corro o risco de enjoar de mim mesma.
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