Aluno 79
Reescrita
Imagines tu, leitor, a seguinte situação: em um dia
ensolarado qualquer, de um mês e ano que não vêm ao caso, eis que te deparas com
uma abelha em fase avançada de depressão, pronta a cometer suicídio. Que fazes?
Talvez neste momento te pareça algo irrelevante, “há tantas abelhas por aí; e
nem servem pra nada”, há de pensar. Mas lembre-se daquele artigo, que tinha um
título interessante, tu colocaste nos favoritos, mas nunca chegaste a ler.
Aquele mesmo, de nome “Você sabia que o mundo entraria em colapso se as abelhas
fossem extintas?”, ou qualquer outro título semelhante e tão sensacionalista
quanto, que agora não me vem à mente. Ocorre que, diante de situação dessas,
podes te lembrar dele, pensar que pode estar certo e que, se a tal abelha fosse
uma das últimas do planeta, seria teu dever impedi-la de acabar com sua
existência. Neste caso, que me dizes?
Pensando nisso, caro leitor, aqui te exponho tudo que fiz
quando passei por tal situação, para que, ocorrendo contigo, saibas como
reagir:
Chegara ela de forma inesperada, enquanto eu caminhava
pela rua, voltando para casa. De repente, percebi-a se enfiando em meu caminho,
esperando – como me segredou a seguir – ser esmagada. De início, tentei
convencê-la exatamente daquilo que acabo de dizer: ela era importante para o
mundo, e este, sem ela, poderia vir a encontrar seu fim. Disse-a que era jovem
e tinha muito ainda a fazer. Contei das dificuldades que vinha passando, a fim
de mostrar-lhe que todos sofrem, mas que não podemos nos abalar. Pensei em
comprar-lhe um sorvete, mas sabor mel não encontrei. Até mesmo lhe propus
tornar-se escritora, já que ouvi certa vez que é uma boa forma de lidar com as
aflições. Todas essas tentativas, leitor, parecem ter surtido certo efeito, por
isso narro-as a ti, mas confesso que somente elas não foram suficientes. O
suicídio ainda parecia tentador.
Assim, decidi levá-la até minha casa, a fim de pedir ajuda
a minha mãe, “ela sim vai saber o que fazer”, pensei. No caminho, fui
entretendo-a com outros assuntos – isso às vezes ajuda a esquecer um pouco os
problemas; mas nada a fazia esquecer a tal ideia. A única coisa que lhe chamou
um pouco atenção foi quando falei sobre como a civilização vinha destruindo as
florestas; nesse momento ela indagou-me algo que não podia responder: “quando
esse lugar ficou tão cinzento e sem cor?”.
Chegávamos à minha casa. Quando pensei em falar sobre o
assunto com minha mãe, porém, percebi que a depressão da tal abelhinha parecia
ter sumido, uma vez que ela brincava alegremente entre as flores do jardim. Aí
está, meu caro, a solução, muito mais fácil que qualquer um havia de imaginar:
para salvar uma abelha do suicídio, plante uma flor.
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