sexta-feira, 10 de junho de 2016

Como salvar uma abelha do suicídio (ou Quando o mel perde o sabor)

Aluno 79
Reescrita


Imagines tu, leitor, a seguinte situação: em um dia ensolarado qualquer, de um mês e ano que não vêm ao caso, eis que te deparas com uma abelha em fase avançada de depressão, pronta a cometer suicídio. Que fazes? Talvez neste momento te pareça algo irrelevante, “há tantas abelhas por aí; e nem servem pra nada”, há de pensar. Mas lembre-se daquele artigo, que tinha um título interessante, tu colocaste nos favoritos, mas nunca chegaste a ler. Aquele mesmo, de nome “Você sabia que o mundo entraria em colapso se as abelhas fossem extintas?”, ou qualquer outro título semelhante e tão sensacionalista quanto, que agora não me vem à mente. Ocorre que, diante de situação dessas, podes te lembrar dele, pensar que pode estar certo e que, se a tal abelha fosse uma das últimas do planeta, seria teu dever impedi-la de acabar com sua existência. Neste caso, que me dizes?
Pensando nisso, caro leitor, aqui te exponho tudo que fiz quando passei por tal situação, para que, ocorrendo contigo, saibas como reagir:
Chegara ela de forma inesperada, enquanto eu caminhava pela rua, voltando para casa. De repente, percebi-a se enfiando em meu caminho, esperando – como me segredou a seguir – ser esmagada. De início, tentei convencê-la exatamente daquilo que acabo de dizer: ela era importante para o mundo, e este, sem ela, poderia vir a encontrar seu fim. Disse-a que era jovem e tinha muito ainda a fazer. Contei das dificuldades que vinha passando, a fim de mostrar-lhe que todos sofrem, mas que não podemos nos abalar. Pensei em comprar-lhe um sorvete, mas sabor mel não encontrei. Até mesmo lhe propus tornar-se escritora, já que ouvi certa vez que é uma boa forma de lidar com as aflições. Todas essas tentativas, leitor, parecem ter surtido certo efeito, por isso narro-as a ti, mas confesso que somente elas não foram suficientes. O suicídio ainda parecia tentador.
Assim, decidi levá-la até minha casa, a fim de pedir ajuda a minha mãe, “ela sim vai saber o que fazer”, pensei. No caminho, fui entretendo-a com outros assuntos – isso às vezes ajuda a esquecer um pouco os problemas; mas nada a fazia esquecer a tal ideia. A única coisa que lhe chamou um pouco atenção foi quando falei sobre como a civilização vinha destruindo as florestas; nesse momento ela indagou-me algo que não podia responder: “quando esse lugar ficou tão cinzento e sem cor?”.
Chegávamos à minha casa. Quando pensei em falar sobre o assunto com minha mãe, porém, percebi que a depressão da tal abelhinha parecia ter sumido, uma vez que ela brincava alegremente entre as flores do jardim. Aí está, meu caro, a solução, muito mais fácil que qualquer um havia de imaginar: para salvar uma abelha do suicídio, plante uma flor.

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