Aluno 67
1 Versão
Não são poucos os momentos da vida em que não
sabemos como reagir, pra onde correr, que palavras usar, um deles se destaca
como um drama na vida em sociedade e acontece em um dia muito especial. O lugar
onde se está? Pouco importa, de qualquer forma, ele estará lá: o amigo que
desencadeia todo o processo. Pode ser no meio de uma conversa, de uma aula,
entre o vai e vem da rotina no local de trabalho, chega o momento em que ele
olha para você - o prazer em fazer isso é notável, o brilho nos olhos não mente
- e numa fração de segundos profere "Tá de aniversário, vamos cantar
parabéns!"
Então, um coral se forma na sua
frente, todos estão muito felizes por poder mostrar sua técnica vocal e
capacidade de bater palmas perfeitamente no ritmo. Num primeiro momento parece
lindo, mas então, pela disposição de todos a sua volta e olhares, percebe:
aquilo é um ataque. Um ataque, inclusive, do qual a humanidade não chegou a um
acordo sobre como reagir e isso já pode ser constatado ao entoarem as primeiras
palavras.
É um misto de reações que se tem
a partir daí, primeiramente a empolgação faz com que participar seja a melhor
ideia, mas então o questionamento sobre estar cantando parabéns para si mesmo
vem à mente, as mãos param de bater e a boca cala. Um sorriso amarelo então
toma conta da expressão, os olhos o acompanham fazendo um passeio pelo
ambiente: o chão, o teto, o rosto de cada um dali, a torta que ocasionalmente
pode estar na mesa. Chega o momento em que aquele sorriso forçado começa a
fazer o rosto doer, ficar sério vai parecer antipático e fugir dali é uma
hipótese que passa pela cabeça desde a primeira palavra entoada, mas não, não
vai precisar, já estão desejando muitos anos de vida e as palmas já estão
cessando.
O silêncio finalmente toma conta
do local, as pessoas se organizam para dar o abraço, que põe fim àquela
situação, finalmente pode se dizer livre do ataque. Pensa que por um ano não
precisará ouvir aquelas 12 palavras, pelo menos não na condição de atacado, mas
então alguém se manifesta, fazendo questão de dizer que você é tudo e não nada,
"então como é que é?", e começa tudo novamente.
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