Reescrita
Por Aluno 10
Nasci em 1986 e meus
pais se separaram quando eu ainda era criança. Como meu pai tinha mais
condições financeiras na época, acabei ficando com ele e visitava minha mãe
especialmente aos finais de semana. Acontece que os dois tinham estilos de vida
completamente diferentes. Meu pai, por um lado, era economista e gostava de
organizar tudo em sua casa de forma lógica e metódica – característica esperada
para quem trabalha na área das exatas lidando diariamente com números. Já minha
mãe escrevia poesias e gostava de literatura justamente porque não havia
limites para a imaginação. Sua casa era reflexo desse pensamento: livros pelo
chão, sem horários definidos para comer ou dormir.
Eu cresci entre esses dois
ambientes e gostava muito tanto de um quanto de outro. Quando estava com meu
pai, conversava sobre números, lógica e matemática. Quando ia para a casa da
minha mãe, me divertia ouvindo histórias literárias que ela lia para mim.
Assim, quando me formei no colégio não sabia o que fazer: estava entre a
Matemática e a Literatura, as duas ciências que eu aprendi a amar.
A convivência maior com
meu pai, fez com que eu optasse pelos números e então iniciei o curso de
Matemática em 2004 na UFRGS. Contudo, após cursar dois anos, percebi que não
queria ser professora e que não teria futuro se trabalhasse como pesquisadora
no Brasil. Isso fez com que eu ficasse novamente em dúvida sobre minha
formação, de maneira que comecei a cursar disciplinas de outros cursos para conhecê-los.
Assim descobri a Biblioteconomia, que é uma área bastante ampla e inclui um
pouco de humanas e um pouco de exatas. No que se refere às exatas, todo o
sistema de classificação e catalogação utilizado para a administração de
bibliotecas é fundamentado em classes decimais, de modo que qualquer assunto é
representado por um sistema numérico. Já no que se refere à área das humanas, o
bibliotecário é responsável por promover a leitura no país, conhecendo diversas
literaturas e se envolvendo em projetos sociais.
Como minha história de
vida sempre foi dividida entre essas duas áreas de alguma forma, me interessei
muito pelo curso. Então, fiz novamente vestibular e acabei me formando como
Bacharel em Biblioteconomia após cinco anos. Todavia, sempre gostei muito de
aprender assuntos novos então, mesmo já atuando como bibliotecária, comecei a
pensar quais seriam meus próximos passos em termos acadêmicos.
Nessa ocasião foi que me lembrei do quanto era
prazeroso descobrir novos autores, estilos de escrita e histórias quando
visitava minha mãe. E cheguei à conclusão de que eu não precisava mais escolher
um curso para ter como profissão em primeiro lugar, pois isso eu já tinha
feito. Agora eu poderia fazer Letras especialmente por gostar da área. Assim
entrei na UFRGS em 2014 com o objetivo de fazer a faculdade sem pressa,
aproveitando o máximo de cada disciplina e me dedicando a este campo de estudo.
Pelo pouco que já tenho visto nas aulas, tenho certeza de que fiz a escolha
certa para minha vida. Estudar Letras tem sido extremamente prazeroso e hoje
nem conseguiria me imaginar em qualquer outro curso.
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