Por Aluno 6 e Aluno 31
“Escrever
é apropriar-se da linguagem escrita para pô-la e serviço do esclarecimento que
se quer produzir.”
“Os verdadeiros analfabetos são
os que aprenderam a ler e não lêem.”
Mário Quintana
.
RESUMO: O presente
artigo analisa os trabalhos produzidos na cadeira de Leitura e Produção Textual
de dois alunos de primeiro semestre do curso de Letras da UFRGS. O corrente
estudo busca apresentar os gêneros textuais estudados em sala de aula vinculando
teoria e produção resultando em textos nos quais prepondere um dos gêneros
abordados. Os dados sob análise resultam da produção de gêneros diversos:
apresentação; narração de um fato que resultou em aprendizagem; descrição de processo; memorial trazendo reflexões sobre as
recordações de aprender a ler; defender
um ponto de vista através da argumentação em texto de reportagem, concluindo a
disciplina com um artigo que reúne as tarefas. Cada proposta seguia uma
dinâmica: primeira escrita (aluno), parecer (professora), reescrita (aluno),
diário dialogado (aluno), comentário (colega) e publicação em site desenvolvido
para este fim. A produção e reescrita de textos muito contribuiu na formação de
escritores, leitores e ouvintes que foram formados pelo referido curso. A
conclusão deste trabalho indica que visão tanto teórica como prática, sobre a
escrita e a leitura os envolvidos tiveram e em que medida esses conhecimentos
permitiram pensar e repensar o ensino das matérias.
PALAVRA-CHAVE:
análise, produção, textos, leitura, letras
INTRODUÇÃO
Pretende-se
neste artigo analisar a trabalho desenvolvido em âmbito universitário produzido
por aulas da cadeira de Leitura e Produção Textual em turma de primeiro
semestre da UFRGS. Os dados e o atual artigo são resultados de nossa própria
aprendizagem.
Ressalta-se
que há uma dinâmica recorrente para que os dados ora analisados fossem
produzidos. Inicialmente, em sala de aula houve apresentação, aos estudantes, do
conteúdo teórico a fim de construir base sólida para o entendimento e criação
de textos, tanto acadêmicos como não acadêmicos. Nesse sentido, tem-se como
importante apresentar aos alunos o conceito de Texto, assim como a diferença entre tipologia textual a gêneros
textuais.
A partir de tal entendimento é possível
analisar os elementos indispensáveis para que um texto faça sentido não só para
o escritor, mas, principalmente, para o leitor. Sob estas bases foram
trabalhados os gêneros: apresentação,
narração, descrição, dissertação / argumentação, memorial finalizando com artigo. Este trabalho pretende comparar
as produções textuais desenvolvidas pelas alunas (A) e (B) no ambiente
acadêmico a partir da análise crítica feita pelas próprias alunas em relação às
suas obras. Neste intuído, as estudantes avaliam sua evolução e aprendizados
adquiridos durante o semestre, finalizando este artigo com apreciações
relativas à sua relação com a disciplina.
O
artigo está organizado em seis partes. A primeira apresenta a revisão teórica
do conteúdo aprendido em sala de aula. A segunda explica a metodologia
utilizada para a apresentação deste relatório. A terceira contempla os
resultados e análises dos dados obtidos pelas alunas em relação à produção textual.
A quarta parte diz respeito às considerações finais na qual as estudantes tecem
seus comentários a cerca da disciplina. A quinta contém as referências
bibliográficas utilizados para o desenvolvimento deste trabalho. A sexta e
última parte compõem-se de um anexo contendo todas as atividades realizadas
pelas duas alunas durante o semestre.
REVISÃO TEÓRICA
O
trabalho de escrita e reescrita tem por objetivo, além da produção de textos,
encaminharem os alunos à discussão acerca do próprio processo produtivo-
relação da leitura na criação, entendimento teórico das etapas produtivas-
desenvolvendo atitudes e habilidades nos trabalhos com textos.
De
acordo com Guedes (2009, p.75), o processo produtivo constituído de escrita e
reescrita permite ao aluno: organizar aspectos da realidade interior e exterior
resultando na ampliação do conhecimento; escrever para um grupo específico,
estabelecendo, portanto, um diálogo com o outro; discutir sobre a criação tanto
particular quanto coletiva vendo o texto como uma produção humana que tem como
finalidade a comunicação e interação passível de avaliação crítica.
A
produção dos textos só é possível após o embasamento teórico e discussão em
sala de aula sobre o que é texto: é
uma manifestação da linguagem, ou a tentativa de o autor estabelecer
comunicação com outros. De transmitir informação, um sentimento ou ainda
persuadir o ouvinte. O texto assume diversos tipos a fim de atingir aguçar mais
de um sentido do ouvinte podendo ser verbal (oral e escrito) ou não-verbal
Qual
a relação que temos com o texto? Em resposta todos têm uma relação constante
com o texto, tanto o verbal quanto o não-verbal uma vez que a vida em sociedade
se concretiza através de interações. O papel do texto é propiciar esta
reciprocidade. Desta forma o estudo de gêneros textuais se mostra relevante nas
inter-relações, pois eles são criados, desenvolvidos ou modificados conforme a
necessidade que a sociedade tem de se comunicar. Por isso, são infinitos e sua
existência está condicionada à intensidade do uso. Servem para constituir o
mundo.
Os
textos contêm os gêneros que contém
as tipologias textuais. Estão
condicionados ao meio social e a peculiaridades organizacionais. Um gênero pode
ter mais de um tipo textual, ou seja, o texto é tipologicamente variado /
heterogêneo.
Apesar
de plásticos, maleáveis todo gênero apresenta um formato
pré-definido identificado pelos usuários. Segundo Marcuschi (artigo 2002 p. 1), “caracterizam-se muito mais por suas
funções comunicativas, cognitivas e institucionais do que por suas
peculiaridades lingüísticas e estruturais.”
Os
diferentes gêneros textuais foram abordados em seis produções divididas nas
tarefas um, dois, três, quatro, cinco e seis. A primeira versão do texto era
escrita sem que os alunos tivessem conhecimento teórico das qualidades
discursivas: unidade temática; objetividade; concretude e aspectos formais.
Posteriormente ao tratamento deste conteúdo em sala de aula a reescrita era
feita. Tal procedimento seguiu-se em todas as tarefas.
Além
dos critérios estruturais do texto deve-se atentar para a organização
lingüístico/textual dele. Nesse sentido, a coesão (que trata do uso adequado de
nexos, cadeias referenciais bem construídas, recorrendo, para tanto, a uma
variedade de recursos), a sintaxe (orações e períodos bem construídos,
empregando processos de coordenação e subordinação), a pontuação (empregando de
maneira adequada os sinais ortográficos nas orações e parágrafos), a ortografia
(evitando-se erros relativos a convenções gráficas e ortográficas), a semântica
e escolha lexical (utilização adequada e precisa do vocabulário), e a
morfossintaxe (emprego da escrita gramatical culta brasileira) fazem parte da
expressão do texto contribuindo com a clareza das idéias pretendidas.
Primeiramente,
trabalhou-se com o a elaboração de texto do gênero apresentação pessoa cuja
unidade temática tem como foco central e permanente apresentar-se. Para tanto,
o texto deve apresentar concretude (fornecimento de dados comuns de
conhecimento gerais e específicos do indivíduo que se apresenta) a fim de
possibilitar ao leitor contrastar seu conhecimento de mundo com o do autor. Um
questionamento a ser resolvido conjuntamente com o leitor despertando- no
interesse para seguir na leitura. Unindo-se as premissas da unidade temática,
concretude, questionamento a objetividade mostra ao narrador claramente qual a
resolução que dá ao questionamento do texto. Interessa-nos neste gênero a
imagem e a presença de quem se apresenta.
A
elaboração do texto seguinte está baseada no estudo do gênero narrativo, cuja
intenção é apresentar relatar um fato específico. Interessa que fique clara a
razão do motivo pelo qual a história está sendo escrita. Um único tema deve ser
narrado, mas sobre ele tudo deve ser dito (fatos apresentados) para que haja
diálogo com o leitor. “Mostrar o valor
que o narrador atribui aos fatos” (GUEDES, 2009, p.138). Objetivamente, o
leitor tem que “ver” o personagem (narrador) participando ativamente da
história. Qual sua função e, principalmente, quem ele é. O leitor tem que acreditar
no que está sendo dito, tem que ser convencido pelas imagens que os dados
instigam para poder comparar com seus conhecimentos prévios.
É
importante entender que narrar é contar um fato central usando exemplos, dados,
informações para que o leitor construa juntamente com o autor a história.
Antes
do desenvolvimento da tarefa seguinte um estudo teórico sobre coesão e
coerência, faz-se necessário visto tratar de elementos estruturais
indispensáveis à transmissão clara do significado contido no texto. É indispensável
estabelecer boa relação entre as partes de um texto que dialoguem entre si,
para que ele tenha fluidez e constitua uma unidade para o leitor. Este estudo
objetiva-se a percepção da importância o uso das palavras dentro da produção
escrita. A posição que os termos ocupam na frase determina o significado que
transmitem.
Num
terceiro momento, é desenvolvido o texto de gênero descritivo. Para tanto, a
abordagem temática centra-se em escrever a instrução de um procedimento. O foco desta tarefa é descrever passo a passo
uma tarefa sem, entretanto, resultar em uma lista de procedimentos a serem
efetuados. Nesse intuito, o narrador deve transmitir a maneira como ele vê o
objeto descrito para determinar o rumo da descrição demonstrando a finalidade
com que descreve. Valores atribuídos pelo autor permitem ao leitor
posicionar-se diante de que lê, confrontando os com suas próprias idéias e
participando das ações. Importante que uma descrição minuciosa (ambiente,
personagem, objeto) seja feita para que o leitor forme a imagem do procedimento
descrito.
Seguidamente, o gênero Memorial feito
desenvolvido conjuntamente por (A) e (B). Este texto abordou-se o tema
experiências com a leitura que as alunas adquiriram ao longo do seu
desenvolvimento. Para auxiliar na escrita leituras prévias sobre o assunto
foram feitas em artigos, assim como os conceitos sobre o gênero que tem a
finalidade de resgatar a memória (Arcovertde e Arcoverde, 2007).
A continuidade dos estudos dos gêneros constitui texto
argumentativo / dissertativo. O gênero foi explanado através de reportagem
baseada em entrevista. Entende-se que argumentar é falar sobre um assunto
emitindo opinião e crendo-a única e verdadeira a tal ponto que será defendida.
Para tanto, o autor utiliza todos os seus conhecimentos sobre o tema na
tentativa de persuadir o leitor. O
processo argumentativo visa obter e intensificar a adesão do interlocutor por
meio do discurso. Ação de caráter argumentativa nas histórias favorece a discussão,
potencializa a interação leitor versus
texto, favorece a organização e explicitação do pensamento. Interessa neste
texto deixar clara a idéia do entrevistado e a do autor, este mostrando provas
a favor da posição (ponto de vista) que assume e que as demais estão
equivocadas. Segundo Guedes (2009, p. 339, 340) neste gênero a unidade temática
é ainda mais crítica do que nos demais gêneros estudados, os argumentos devem
estar extremamente claros ao leitor para que entenda a questão que está sendo
tratadas.
Pelas produções textuais desenvolvidas
pode-se inferir que: do ponto de vista teórico o leitor tem um objetivo uma
intenção ao ler, ao procurar um texto. Ele pretende adquirir conhecimento,
explanar sua percepção de mundo. A leitura é feita para construir de sentido,
aprender, entender as palavras e o seu significado dentro do contexto,
interagir socialmente.
METODOLOGIA
Os
trabalhos envolvendo a criação e produção textual das alunas (A) e (B) ocorre
no período compreendido entre maio e junho de 2014. Os assuntos abordados e
seus respectivos gêneros textuais formam divididos em tarefas, conforme segue:
Tarefa 1- Apresentação pessoal (gênero apresentação); Tarefa 2 - Relato de uma
experiência (narração), Tarefa 3- Descrição de um processo (descrição); Tarefa
4 - Experiências pessoais no aprendizado de leitura (memorial); Tarefa 5 -
Entrevista sobre o tema Literatura (reportagem) e finalizando, Tarefa 6 -
Compilamento das tarefas realizadas no semestre (gênero artigo). As Tarefas
desenvolvem-se segundo as etapas: primeiramente, escreve-se a primeira versão
do texto baseado no tema proposto pela professora. Em um segundo momento, é
feita leitura em sala de aula no intuito de fomentar a discussão e análise dos
colegas que tecem seus comentários segundo a teoria apresentada em aula. Em
seguida a professora relê, juntamente com os monitores, o texto emitindo um
parecer orientando a reescrita segundo os Critérios de Avaliação estudados.
Concomitante
ao trabalho teórico desenvolvido em sala de aula e a criação dos textos, cada
aluno escreve seu Diário Dialogado cujo objetivo é relacionar o entendimento
abstraído do conteúdo teórico com a experiência que está tendo na produção de
cada tarefa. Após a reescrita entrega-se
à professora um portfólio contendo: 1ª versão, parecer, reescrita, Diário
dialogado e Critérios de Aviação. A finalização das tarefas ocorre com a
publicação da última versão do texto em blog criado pela monitora - auxiliar da
professora na disciplina - e com o comentário feito ao texto de um colega.
Os
dados produzidos pelas aulas (A) e (B) estão comparados no quadro abaixo:
Tabela 1 - Textos produzidos
RESULTADOS/ ANÁLISE DOS DADOS
Esta seção apresenta a reflexão de (A) e
(B) quanto à produção de seus textos. Os dados estão ordenados seguindo a ordem
da Tabela 02 e traz trechos da primeira versão em comparação a reescrita como
forma de concretizar o aprendizado.
(01) “Quero, quando ficar mais velha,
ter todo o conhecimento, ou mais, que meu avô, meu exemplo de pessoa, de
caráter, de vida, possui. Tento incansavelmente, passar a minha irmã esse
hábito, quero que ela veja como é delicioso saborear uma leitura, como é mágico
se transpor para outra vida, outra realidade.” (1ª versão (A).)
“Meu avô sempre me
ensinou muito com o aprendizado que obteve nos livros e na experiência de vida.
Acho incrível ele ser tão sábio, e assim como ele me passou esse hábito e gosto
pela leitura, tento repassá-lo a minha irmã, de 10 anos.” (Reescrita (A).)
Nota-se
que apesar do trecho ter ficado menor, ele disse a mesma coisa, porém de uma
forma mais simples, mais limpa, tornando assim o entendimento mais fácil. Ao
analisar a primeira frase onde “possui” a encerra, nota-se que ele ficou
deslocado demasiadamente mal, no entanto na reescrita esse erro não acontece,
não teve deslocamentos que deixassem o trecho confuso.
(02) “Escorrego, e com um gesto
involuntário, tentei segurar-me em algo.” (1ª versão (A)).
“Escorrego, e com
um gesto involuntário, tento segurar-me em algo.” (Reescrita (A)).
O
cuidado com o emprego adequado dos tempos verbais, principalmente, se estiverem
na mesma frase e tratem da mesma ação, possibilita ao leitor mais proximidade
com o fato narrado. Esta aproximação contribui na formação da imagem da cena.
(03) “Podem-se
fechar os olhos, ou deixá-los abertos, mas se o fizer do primeiro modo, a
sensação será desconcertante. Essa sensação é inigualável, sente-se um alívio,
de que nada nem ninguém vão abalar sua felicidade momentânea, ou eterna, pois
poderá lembrar esse abraço inúmeras vezes.” (1ª versão (A)).
“Podem-se fechar os
olhos, ou deixá-los abertos, mas se o fizer do primeiro modo, a sensação será
desconcertante, você quererá permanecer envolta nesse abraço pra sempre; pois
você está sentindo ele, não havendo nada que atrapalhe esse momento, afinal sua
atenção, estando os Olhos fechados, encontra-se apenas ali, no abraço.”
(Reescrita (A)).
Obteve-se
uma concretude significativa na reescrita, pois na primeira versão diz-se
apenas: “a sensação será desconcertante”, mas ela não é explicada de forma que
o leitor possa entender o que seria uma sensação desconcertante, no entanto, na
reescrita ela é explicada dizendo que é desconcertante, pois ela te dá
segurança, te dá vontade de querer permanecer ali no abraço.
(04) “Trata-se de ma aluna que se
esforçou bastante na conquista da vaga. Ela gosta de ler literatura. Tanto
romances quanto sobre história brasileira e mundial. Temas ligados à 2ª guerra
mundial chamam-lhe bastante atenção. (B) possui receio e um certo “medo” de
escrever e reescrever. (1ª versão(A).
“O meu nome, (B), encontra-se na lista de aprovados
no vestibular da UFGRS. Certamente não sou a única felizarda, pois assim como
eu outros tantos aprovados dirão o mesmo. Entretanto, o que torna este
acontecimento especial para mim é a nova oportunidade que estou tendo para
concluir o nível superior. Por muito tempo vaguei como as almas do limbo entre
as substâncias tóxicas da química, os alicerces da arquitetura e os fios de
internet dos tecnólogos em redes de computadores, sem, contudo, concluir
qualquer um deles.” (Reescrita (A)).
Para
(B) a primeira versão da tarefa 1 constitui-se um texto vago de informações
concretas. Não consegue demonstrar nenhuma característica que identifique a
autora. Há uma mistura das idéias que a aluna tem em mente. Falhas
identificadas pela própria autora ao ler o texto para os colegas, pois sentiu
falta de informações. No trecho a seguir nota-se a ausência de unidade temática
e de concretude ao serem abordados temas diversos e não possibilitar ao leitor
perceber a relação da autora com os fatos relatados. O excerto acima retirado
da reescrita reflete a melhora de (B) em relação à unidade temática por
centrar-se em apenas um assunto fornecendo também concretude com os parâmetros
fornecidos.
(05) “A final, o que significa
aprender?”, “Desde o nascimento o ser humano é obrigado a se defrontar com
situações não planejadas ou esperadas que, no entanto, resultam em experiências...”
(1ª versão).
“A furadeira em minha vida.”,
“É interessante como em uma sociedade dita moderna o manuseio de
furadeira...” (reescrita).
Na primeira versão da tarefa 2 há reincidência na falta de unidade temática. Percebeu-se
que desde a escolha do título não fica claro o que abordado durante o
texto. O assunto abordado nas primeiras
linhas, conforme excerto acima é bastante genérico deixando o leitor sem
parâmetros necessários
para compreender a intenção do autor. Diferentemente estruturado está a reescrita,
na qual o tema está evidenciado no título e nas primeiras linhas. Deixando
clara e objetiva a intenção ao escrever sobre uma experiência de aprendizagem
criando no leitor uma expectativa sobre o assunto.
(06)
“Instrução para varrer uma casa”, “... João conduz a parceira vassoura pelos
cômodos da casa... e “... assim como fazia com as amigas dançarinas dos salões
nos tempos de juventude.” (1ª versão).
“Estando o
utensílio entre as mãos segue o segundo passo no qual se escolhe uma das peças
da moradia para iniciar a empreitada.” (reescrita).
A prática da escrita e reescrita das
tarefas anteriores trouxe um ponto positivo no aprendizado da aluna (B) em
relação ao conteúdo teórico de sala de aula. No parecer da tarefa 3, dado pela
professora, consta que o texto abrangem
as qualidades discursivas aprendidas. Entretanto, a autora desvia do objetivo
de descrever uma instrução, conforme sugere o título ao particularizar em
demasia ás memórias do personagem que executa as etapas para varrer uma casa, demonstrados
nos trechos acima destacados. A reescrita oportunizou rever a idéia de
“processo” e como reescrever de forma diferente e criativa uma tarefa comum,
presente no dia a dia. Neste texto (B) centrou-se no processo em si, trazendo o
personagem como figura genérica de uma atividade que pode ser executada por
qualquer pessoa. Desta forma, um texto mais instrutivo e menos personificado
que o anterior.
(07)
“É neste ambiente que nós, Clarissa e Nalim, nos defrontamos com nossos
próprios conceitos de vida. Sendo levadas e repensá-los, reformulá-los, ou
ainda, criá-los. Neste sentido, o curso de graduação em Letras, ao qual
satisfatoriamente pertencemos desde o início do ano, provoca em nossas mentes
uma avalanche de questionamento e confrontos com nossa própria identidade como
alunos. O curso de Letras exige que seus alunos revivam e revisem suas
experiências de aprendizagem...” (1ª versão A e B).
“É neste ambiente que nós, Clarissa e
Nalim, nos sentimos estar diante ao espelho ao nos defrontar com nossos
próprios conceitos de vida. Tal como folhas de árvore fomos conduzidas nas
águas de nossas experiências a rever idéias, sentimentos, reformulando,
repensando, ou ainda, criando nas concepções. Neste sentido, o curso de
graduação em Letras, ao qual satisfatoriamente pertencemos desde o início do
ano, provoca em nossas mentes uma avalanche de questionamentos e confrontos com
nossa própria identidade como alunas. A disciplina de Leitura e Produção
Textual exige que revivamos e revivemos nossas experiências de aprendizagem
tanto no ambiente escolar quanto o externo a ele para que, então, através de
uma memorial, possamos compreender nossos conhecimentos...” (Reescrita A e B).
Ao
comparar a reescrita com a primeira versão notamos que a reescrita possui maior
concretude, do ponto de vista, que explica melhor o motivo do texto que será
apresentado em seguida. No primeiro trecho, obtemos de forma curta e talvez não
tão clara o que o curso de Letras pede as alunas citadas, porém no segundo
trecho, podemos uma explicação mais detalhada do que foi pedido a elas, e que
conseqüentemente será mostrado no decorrer do texto. Isso pode ser visto nas
partes: “O curso de Letras exige que seus alunos revivam e revisem suas
experiências de aprendizagem...” e “A disciplina de Leitura e Produção Textual exige
que revivamos e revivemos nossas experiências de aprendizagem tanto no ambiente
escolar quanto o externo a ele para que, então, através de uma memorial, possamos
compreender nossos conhecimentos...”, se compararmos o segundo em relação ao
primeiro notamos que foi dito qual a disciplina em específico exige das alunas /
autoras, e de que forma elas irão nos apresentar essa compreensão do
conhecimento de ambas, quando que no primeiro sabemos que elas irão relembrar
suas experiências de aprendizado.
(08)
“A futura professora apresenta o importante papel da literatura como formadora
da identidade nacional ao citar exemplos bastantes contundentes de produções
significativas...” (1ª versão).
“a futura
professora vai ao encontro de nosso entendimento do importante papel da
literatura como formadora da identidade nacional ao citar dois exemplos
bastante contundentes de produções literárias significativas para este
projeto.” (reescrita).
Apresentar
em um texto reportagem duas vozes narrativas que se conversem entre si e com o
leitor abre precedente para falhas. O que foi constatado ao examinar a quinta
tarefa é que as escritoras, no caso as duas alunas, não expressam suas idéias
concretamente, ou seja, não se valem de exemplos elucidativos apenas fazem um
relato do que foi dito pelo entrevistado. Comparando os trechos acima fica
evidente a falta de identificação do narrador no primeiro texto em oposição à
reescrita.
CONSEDERAÇÕES FINAIS
As
alunas apresentam de forma individual suas percepções e análises quando a
disciplina de Leitura e Produção Textual.
(A) Nesta disciplina foi possível ter uma
aproximação maior com os gêneros textuais, pode-se ter uma noção teórica e
prática de como um texto deve ser escrito para que seu leitor entenda o que
realmente o autor quer dizer, sem deixar margem para um entendimento contrário.
A leitura feita em sala de aula para os colegas permite que percebamos na hora
da leitura que o texto às vezes não está tão bom, e que não passa a mensagem
que queríamos passar. Podemos notar os erros, ou falta de conexão entre as
frases, além dos comentários dos colegas que nos dão uma visão externa do
texto, nos colocamos como leitores. No meu ver a disciplina possui uma didática
simples e que funciona muito bem, apenas o tempo curto do semestre foi o que
tornou a disciplina um tanto puxada, já que os alunos não têm somente essa
disciplina a cursar. No entanto as leituras em aula, com o acréscimo de
opiniões dos colegas, o parecer da professora, os textos de apoio, as
explicações da professora em aula, permitem que o aluno consiga fazer um
trabalho no mínimo aceitável, além de absorver o senso crítico exposto em aula,
e critérios auto-avaliativo, onde no decorrer de uma escrita, temos a percepção
de que o texto escrito daquela forma não irá atender os requisitos que devem
conter num texto. Enfim, numa análise geral, a disciplina consegue dar conta da
proposta inicial.
(B)
A produção textual no ambiente acadêmico certamente é um dos mais importantes
trabalhos desenvolvidos visto que neste cenário os resultados obtidos com os
trabalhos durante a graduação se concretizam através da escrita. A contínua troca de informações entre
gerações deve-se, em particular, aos registros históricos escritos produzidos
pelas inúmeras civilizações. Neste sentido, a disciplina de Leitura e Produção
Textual tem por premissa contribuir com o aprendizado de alunos tanto do curso
de Letras quanto de outras áreas, por acreditar que todos os usuários de uma
língua natural devem saber utiliza - lá adequadamente em cada situação
comunicativa.
A
produção textual auxilia os estudantes a desenvolverem a habilidade da escrita
não apensa em gêneros acadêmicos, mas também em outros gêneros que permitem
entender o processo de escrita, como melhorá-lo e quais as características
relevantes na escrita de um bom texto. Entende-se por “bom texto” aquele que
expressa de forma objetiva, concreta e estruturada adequadamente com o
contexto. Neste sentido a disciplina alcançou seu propósito ao permitir que os
alunos percebam em todos os tipos de leituras a importância de cada dado
apresentado, o porquê está ali, e como a sua estrutura influência e se
correlaciona com o leitor. O entendimento deste processo alterou a maneira de
ler e escrever, pois estas atitudes receberam maior atenção.
Importante
considerar o trabalho da disciplina como construtora de conhecimento por ser a
teoria uma base importante na criação de texto menos modulares e padronizados
que os alunos, ao ingressarem na universidade, trazem em suas concepções
escolares. Entendo a relevância de todas as etapas do processo utilizado na cadeira
(1ª versão, parecer, reescrita, leitura, comentários dos colegas), entrementes,
a apresentação de um segundo parecer, após a reescrita consentiria ao estudante
inferir se os apontamentos contidos no primeiro parecer foram satisfeitos, isto
contribuiria com seu aprendizado. Quanto mais se sabe, mais se pensa e mais
aguçada é a criatividade humana, assim como a comunicação torna-se mais
efetiva. A alma humana se enriquece com o saber sendo a universidade a melhor
representante deste conhecimento.
BIBLIOGAFIA
ARCOVERDE, Maria Divanira de Lima;
Rossana Delmar de Lima. “Produzindo
gêneros textuais: o memerial”. Aula 15, Programa Universidade a Distância-
UNIDIS- UFPB (Universidade Estadual da Paraíba), 2007.
GUEDES, Paula Coimbra. “Da redação à produção textual: o ensino da escrita. SP. Parábola
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MARCUSCHI, L.A. Gêneros textuais:
definição e funcionalidade. In. DIONISSIO, A. P.; MACHADO, A.R. & BEZERRA,
M. A. (org.). Gêneros textuais e ensino. RJ:
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