terça-feira, 15 de julho de 2014

Comentário por Aluno 20

Aluno 9, 

                   Na tua primeira versão, acredito que ficou ausente o espaço na estrutura da descrição. Em nenhum momento consigo situar o que está sendo descrito. Percebo ainda, que nessa versão o assunto não está em formato de processo descritivo e sim como uma lista de passos para seguir. Quanto a unidade temática, achei ela um pouco vaga, uma vez que não consigo encontrar uma peculiaridade no processo descrito.
                   Já na segunda versão, tu contemplaste muito bem o espaço da descrição. Fizeste um texto diferente do primeiro, e dessa maneira, conseguiu situar bem o espaço onde o processo ocorria e assim, conseguir criar uma imagem do objeto-processo descrito. Dessa forma, teu texto adquiriu uma maior concretude. Além disso, nessa reescrita tu buscou uma peculiaridade e atingiu uma unidade temática ao falar do processo de “atingir um A matando a família”.
                    Também vale ressaltar que na primeira versão o questionamento ficou um pouco perdido, visto que a estrutura do texto ficou semelhante a uma receita e desse modo, não convidou o leitor a responder uma pergunta. Já na reescrita, esse critério foi muito bem trabalhado e a prendeu o leitor desde o inicio da descrição em busca de uma solução.


Clique aqui para ver a reescrita dos textos comentados.

Comentário por Aluno 30

                A descrição por si só está bem formulada nas duas versões do texto. Porém a segunda versão conseguiu ser mais detalhada e específica que a primeira.
               A inserção da frase "Se fosse em outro horário seria a experiência de outra pessoa, não minha.", na reescrita, foi fundamental para a explicação do título e da escolha do processo pois ela trouxe a razão do texto ser escrito.
               O trecho "É uma avenida localizada na zona sul da cidade. É muito estimada pois é a avenida que conecta o pessoal da zona sul com o resto da cidade, sendo muito utilizada pelos moradores da região.", também acrescentado na segunda versão, ilustra a rua que será atravessada e situa o leitor, assim como sugere o parecer.



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Análise das Produções Textuais desenvolvidas na Disciplina de Leitura e Texto do Curso de Letras UFRGS



Por Aluno 6 e Aluno 31




“Escrever é apropriar-se da linguagem escrita para pô-la e serviço do esclarecimento que se quer produzir.”
“Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem.”
Mário Quintana
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RESUMO: O presente artigo analisa os trabalhos produzidos na cadeira de Leitura e Produção Textual de dois alunos de primeiro semestre do curso de Letras da UFRGS. O corrente estudo busca apresentar os gêneros textuais estudados em sala de aula vinculando teoria e produção resultando em textos nos quais prepondere um dos gêneros abordados. Os dados sob análise resultam da produção de gêneros diversos: apresentação; narração de um fato que resultou em aprendizagem; descrição de processo; memorial trazendo reflexões sobre as recordações de aprender a ler; defender um ponto de vista através da argumentação em texto de reportagem, concluindo a disciplina com um artigo que reúne as tarefas. Cada proposta seguia uma dinâmica: primeira escrita (aluno), parecer (professora), reescrita (aluno), diário dialogado (aluno), comentário (colega) e publicação em site desenvolvido para este fim. A produção e reescrita de textos muito contribuiu na formação de escritores, leitores e ouvintes que foram formados pelo referido curso. A conclusão deste trabalho indica que visão tanto teórica como prática, sobre a escrita e a leitura os envolvidos tiveram e em que medida esses conhecimentos permitiram pensar e repensar o ensino das matérias.

PALAVRA-CHAVE: análise, produção, textos, leitura, letras

INTRODUÇÃO
Pretende-se neste artigo analisar a trabalho desenvolvido em âmbito universitário produzido por aulas da cadeira de Leitura e Produção Textual em turma de primeiro semestre da UFRGS. Os dados e o atual artigo são resultados de nossa própria aprendizagem.
Ressalta-se que há uma dinâmica recorrente para que os dados ora analisados fossem produzidos. Inicialmente, em sala de aula houve apresentação, aos estudantes, do conteúdo teórico a fim de construir base sólida para o entendimento e criação de textos, tanto acadêmicos como não acadêmicos. Nesse sentido, tem-se como importante apresentar aos alunos o conceito de Texto, assim como a diferença entre tipologia textual a gêneros textuais.
 A partir de tal entendimento é possível analisar os elementos indispensáveis para que um texto faça sentido não só para o escritor, mas, principalmente, para o leitor. Sob estas bases foram trabalhados os gêneros: apresentação, narração, descrição, dissertação / argumentação, memorial finalizando com artigo. Este trabalho pretende comparar as produções textuais desenvolvidas pelas alunas (A) e (B) no ambiente acadêmico a partir da análise crítica feita pelas próprias alunas em relação às suas obras. Neste intuído, as estudantes avaliam sua evolução e aprendizados adquiridos durante o semestre, finalizando este artigo com apreciações relativas à sua relação com a disciplina.
O artigo está organizado em seis partes. A primeira apresenta a revisão teórica do conteúdo aprendido em sala de aula. A segunda explica a metodologia utilizada para a apresentação deste relatório. A terceira contempla os resultados e análises dos dados obtidos pelas alunas em relação à produção textual. A quarta parte diz respeito às considerações finais na qual as estudantes tecem seus comentários a cerca da disciplina. A quinta contém as referências bibliográficas utilizados para o desenvolvimento deste trabalho. A sexta e última parte compõem-se de um anexo contendo todas as atividades realizadas pelas duas alunas durante o semestre.

REVISÃO TEÓRICA
O trabalho de escrita e reescrita tem por objetivo, além da produção de textos, encaminharem os alunos à discussão acerca do próprio processo produtivo- relação da leitura na criação, entendimento teórico das etapas produtivas- desenvolvendo atitudes e habilidades nos trabalhos com textos.
De acordo com Guedes (2009, p.75), o processo produtivo constituído de escrita e reescrita permite ao aluno: organizar aspectos da realidade interior e exterior resultando na ampliação do conhecimento; escrever para um grupo específico, estabelecendo, portanto, um diálogo com o outro; discutir sobre a criação tanto particular quanto coletiva vendo o texto como uma produção humana que tem como finalidade a comunicação e interação passível de avaliação crítica.
A produção dos textos só é possível após o embasamento teórico e discussão em sala de aula sobre o que é texto: é uma manifestação da linguagem, ou a tentativa de o autor estabelecer comunicação com outros. De transmitir informação, um sentimento ou ainda persuadir o ouvinte. O texto assume diversos tipos a fim de atingir aguçar mais de um sentido do ouvinte podendo ser verbal (oral e escrito) ou não-verbal
Qual a relação que temos com o texto? Em resposta todos têm uma relação constante com o texto, tanto o verbal quanto o não-verbal uma vez que a vida em sociedade se concretiza através de interações. O papel do texto é propiciar esta reciprocidade. Desta forma o estudo de gêneros textuais se mostra relevante nas inter-relações, pois eles são criados, desenvolvidos ou modificados conforme a necessidade que a sociedade tem de se comunicar. Por isso, são infinitos e sua existência está condicionada à intensidade do uso. Servem para constituir o mundo.
Os textos contêm os gêneros que contém as tipologias textuais. Estão condicionados ao meio social e a peculiaridades organizacionais. Um gênero pode ter mais de um tipo textual, ou seja, o texto é tipologicamente variado / heterogêneo.
Apesar de plásticos, maleáveis todo gênero apresenta um formato pré-definido identificado pelos usuários. Segundo Marcuschi (artigo 2002 p. 1), “caracterizam-se muito mais por suas funções comunicativas, cognitivas e institucionais do que por suas peculiaridades lingüísticas e estruturais.”
Os diferentes gêneros textuais foram abordados em seis produções divididas nas tarefas um, dois, três, quatro, cinco e seis. A primeira versão do texto era escrita sem que os alunos tivessem conhecimento teórico das qualidades discursivas: unidade temática; objetividade; concretude e aspectos formais. Posteriormente ao tratamento deste conteúdo em sala de aula a reescrita era feita. Tal procedimento seguiu-se em todas as tarefas.
Além dos critérios estruturais do texto deve-se atentar para a organização lingüístico/textual dele. Nesse sentido, a coesão (que trata do uso adequado de nexos, cadeias referenciais bem construídas, recorrendo, para tanto, a uma variedade de recursos), a sintaxe (orações e períodos bem construídos, empregando processos de coordenação e subordinação), a pontuação (empregando de maneira adequada os sinais ortográficos nas orações e parágrafos), a ortografia (evitando-se erros relativos a convenções gráficas e ortográficas), a semântica e escolha lexical (utilização adequada e precisa do vocabulário), e a morfossintaxe (emprego da escrita gramatical culta brasileira) fazem parte da expressão do texto contribuindo com a clareza das idéias pretendidas.
Primeiramente, trabalhou-se com o a elaboração de texto do gênero apresentação pessoa cuja unidade temática tem como foco central e permanente apresentar-se. Para tanto, o texto deve apresentar concretude (fornecimento de dados comuns de conhecimento gerais e específicos do indivíduo que se apresenta) a fim de possibilitar ao leitor contrastar seu conhecimento de mundo com o do autor. Um questionamento a ser resolvido conjuntamente com o leitor despertando- no interesse para seguir na leitura. Unindo-se as premissas da unidade temática, concretude, questionamento a objetividade mostra ao narrador claramente qual a resolução que dá ao questionamento do texto. Interessa-nos neste gênero a imagem e a presença de quem se apresenta.
A elaboração do texto seguinte está baseada no estudo do gênero narrativo, cuja intenção é apresentar relatar um fato específico. Interessa que fique clara a razão do motivo pelo qual a história está sendo escrita. Um único tema deve ser narrado, mas sobre ele tudo deve ser dito (fatos apresentados) para que haja diálogo com o leitor. “Mostrar o valor que o narrador atribui aos fatos” (GUEDES, 2009, p.138). Objetivamente, o leitor tem que “ver” o personagem (narrador) participando ativamente da história. Qual sua função e, principalmente, quem ele é. O leitor tem que acreditar no que está sendo dito, tem que ser convencido pelas imagens que os dados instigam para poder comparar com seus conhecimentos prévios.
É importante entender que narrar é contar um fato central usando exemplos, dados, informações para que o leitor construa juntamente com o autor a história.
Antes do desenvolvimento da tarefa seguinte um estudo teórico sobre coesão e coerência, faz-se necessário visto tratar de elementos estruturais indispensáveis à transmissão clara do significado contido no texto. É indispensável estabelecer boa relação entre as partes de um texto que dialoguem entre si, para que ele tenha fluidez e constitua uma unidade para o leitor. Este estudo objetiva-se a percepção da importância o uso das palavras dentro da produção escrita. A posição que os termos ocupam na frase determina o significado que transmitem.
Num terceiro momento, é desenvolvido o texto de gênero descritivo. Para tanto, a abordagem temática centra-se em escrever a instrução de um procedimento.  O foco desta tarefa é descrever passo a passo uma tarefa sem, entretanto, resultar em uma lista de procedimentos a serem efetuados. Nesse intuito, o narrador deve transmitir a maneira como ele vê o objeto descrito para determinar o rumo da descrição demonstrando a finalidade com que descreve. Valores atribuídos pelo autor permitem ao leitor posicionar-se diante de que lê, confrontando os com suas próprias idéias e participando das ações. Importante que uma descrição minuciosa (ambiente, personagem, objeto) seja feita para que o leitor forme a imagem do procedimento descrito.
Seguidamente, o gênero Memorial feito desenvolvido conjuntamente por (A) e (B). Este texto abordou-se o tema experiências com a leitura que as alunas adquiriram ao longo do seu desenvolvimento. Para auxiliar na escrita leituras prévias sobre o assunto foram feitas em artigos, assim como os conceitos sobre o gênero que tem a finalidade de resgatar a memória (Arcovertde e Arcoverde, 2007). 
A continuidade dos estudos dos gêneros constitui texto argumentativo / dissertativo. O gênero foi explanado através de reportagem baseada em entrevista. Entende-se que argumentar é falar sobre um assunto emitindo opinião e crendo-a única e verdadeira a tal ponto que será defendida. Para tanto, o autor utiliza todos os seus conhecimentos sobre o tema na tentativa de persuadir o leitor.  O processo argumentativo visa obter e intensificar a adesão do interlocutor por meio do discurso. Ação de caráter argumentativa nas histórias favorece a discussão, potencializa a interação leitor versus texto, favorece a organização e explicitação do pensamento. Interessa neste texto deixar clara a idéia do entrevistado e a do autor, este mostrando provas a favor da posição (ponto de vista) que assume e que as demais estão equivocadas. Segundo Guedes (2009, p. 339, 340) neste gênero a unidade temática é ainda mais crítica do que nos demais gêneros estudados, os argumentos devem estar extremamente claros ao leitor para que entenda a questão que está sendo tratadas.
Pelas produções textuais desenvolvidas pode-se inferir que: do ponto de vista teórico o leitor tem um objetivo uma intenção ao ler, ao procurar um texto. Ele pretende adquirir conhecimento, explanar sua percepção de mundo. A leitura é feita para construir de sentido, aprender, entender as palavras e o seu significado dentro do contexto, interagir socialmente.

METODOLOGIA
Os trabalhos envolvendo a criação e produção textual das alunas (A) e (B) ocorre no período compreendido entre maio e junho de 2014. Os assuntos abordados e seus respectivos gêneros textuais formam divididos em tarefas, conforme segue: Tarefa 1- Apresentação pessoal (gênero apresentação); Tarefa 2 - Relato de uma experiência (narração), Tarefa 3- Descrição de um processo (descrição); Tarefa 4 - Experiências pessoais no aprendizado de leitura (memorial); Tarefa 5 - Entrevista sobre o tema Literatura (reportagem) e finalizando, Tarefa 6 - Compilamento das tarefas realizadas no semestre (gênero artigo). As Tarefas desenvolvem-se segundo as etapas: primeiramente, escreve-se a primeira versão do texto baseado no tema proposto pela professora. Em um segundo momento, é feita leitura em sala de aula no intuito de fomentar a discussão e análise dos colegas que tecem seus comentários segundo a teoria apresentada em aula. Em seguida a professora relê, juntamente com os monitores, o texto emitindo um parecer orientando a reescrita segundo os Critérios de Avaliação estudados.
Concomitante ao trabalho teórico desenvolvido em sala de aula e a criação dos textos, cada aluno escreve seu Diário Dialogado cujo objetivo é relacionar o entendimento abstraído do conteúdo teórico com a experiência que está tendo na produção de cada tarefa.  Após a reescrita entrega-se à professora um portfólio contendo: 1ª versão, parecer, reescrita, Diário dialogado e Critérios de Aviação. A finalização das tarefas ocorre com a publicação da última versão do texto em blog criado pela monitora - auxiliar da professora na disciplina - e com o comentário feito ao texto de um colega.

Os dados produzidos pelas aulas (A) e (B) estão comparados no quadro abaixo:

Tabela 1 - Textos produzidos

RESULTADOS/ ANÁLISE DOS DADOS
Esta seção apresenta a reflexão de (A) e (B) quanto à produção de seus textos. Os dados estão ordenados seguindo a ordem da Tabela 02 e traz trechos da primeira versão em comparação a reescrita como forma de concretizar o aprendizado. 

(01)  “Quero, quando ficar mais velha, ter todo o conhecimento, ou mais, que meu avô, meu exemplo de pessoa, de caráter, de vida, possui. Tento incansavelmente, passar a minha irmã esse hábito, quero que ela veja como é delicioso saborear uma leitura, como é mágico se transpor para outra vida, outra realidade.” (1ª versão (A).)

“Meu avô sempre me ensinou muito com o aprendizado que obteve nos livros e na experiência de vida. Acho incrível ele ser tão sábio, e assim como ele me passou esse hábito e gosto pela leitura, tento repassá-lo a minha irmã, de 10 anos.” (Reescrita (A).)



Nota-se que apesar do trecho ter ficado menor, ele disse a mesma coisa, porém de uma forma mais simples, mais limpa, tornando assim o entendimento mais fácil. Ao analisar a primeira frase onde “possui” a encerra, nota-se que ele ficou deslocado demasiadamente mal, no entanto na reescrita esse erro não acontece, não teve deslocamentos que deixassem o trecho confuso.

(02)  “Escorrego, e com um gesto involuntário, tentei segurar-me em algo.” (1ª versão (A)).

“Escorrego, e com um gesto involuntário, tento segurar-me em algo.” (Reescrita (A)).

O cuidado com o emprego adequado dos tempos verbais, principalmente, se estiverem na mesma frase e tratem da mesma ação, possibilita ao leitor mais proximidade com o fato narrado. Esta aproximação contribui na formação da imagem da cena.


(03)   “Podem-se fechar os olhos, ou deixá-los abertos, mas se o fizer do primeiro modo, a sensação será desconcertante. Essa sensação é inigualável, sente-se um alívio, de que nada nem ninguém vão abalar sua felicidade momentânea, ou eterna, pois poderá lembrar esse abraço inúmeras vezes.” (1ª versão (A)).

“Podem-se fechar os olhos, ou deixá-los abertos, mas se o fizer do primeiro modo, a sensação será desconcertante, você quererá permanecer envolta nesse abraço pra sempre; pois você está sentindo ele, não havendo nada que atrapalhe esse momento, afinal sua atenção, estando os Olhos fechados, encontra-se apenas ali, no abraço.” (Reescrita (A)).


Obteve-se uma concretude significativa na reescrita, pois na primeira versão diz-se apenas: “a sensação será desconcertante”, mas ela não é explicada de forma que o leitor possa entender o que seria uma sensação desconcertante, no entanto, na reescrita ela é explicada dizendo que é desconcertante, pois ela te dá segurança, te dá vontade de querer permanecer ali no abraço.


(04)  “Trata-se de ma aluna que se esforçou bastante na conquista da vaga. Ela gosta de ler literatura. Tanto romances quanto sobre história brasileira e mundial. Temas ligados à 2ª guerra mundial chamam-lhe bastante atenção. (B) possui receio e um certo “medo” de escrever e reescrever. (1ª versão(A).


“O meu nome, (B), encontra-se na lista de aprovados no vestibular da UFGRS. Certamente não sou a única felizarda, pois assim como eu outros tantos aprovados dirão o mesmo. Entretanto, o que torna este acontecimento especial para mim é a nova oportunidade que estou tendo para concluir o nível superior. Por muito tempo vaguei como as almas do limbo entre as substâncias tóxicas da química, os alicerces da arquitetura e os fios de internet dos tecnólogos em redes de computadores, sem, contudo, concluir qualquer um deles.” (Reescrita (A)).

Para (B) a primeira versão da tarefa 1 constitui-se um texto vago de informações concretas. Não consegue demonstrar nenhuma característica que identifique a autora. Há uma mistura das idéias que a aluna tem em mente. Falhas identificadas pela própria autora ao ler o texto para os colegas, pois sentiu falta de informações. No trecho a seguir nota-se a ausência de unidade temática e de concretude ao serem abordados temas diversos e não possibilitar ao leitor perceber a relação da autora com os fatos relatados. O excerto acima retirado da reescrita reflete a melhora de (B) em relação à unidade temática por centrar-se em apenas um assunto fornecendo também concretude com os parâmetros fornecidos.


(05)  A final, o que significa aprender?”, “Desde o nascimento o ser humano é obrigado a se defrontar com situações não planejadas ou esperadas que, no entanto, resultam em experiências...” (1ª versão).
“A furadeira em minha vida.”, “É interessante como em uma sociedade dita moderna o manuseio de furadeira...” (reescrita).


Na primeira versão da tarefa 2 há reincidência na falta de unidade temática. Percebeu-se que desde a escolha do título não fica claro o que abordado durante o texto.  O assunto abordado nas primeiras linhas, conforme excerto acima é bastante genérico deixando o leitor sem parâmetros necessários para compreender a intenção do autor. Diferentemente estruturado está a reescrita, na qual o tema está evidenciado no título e nas primeiras linhas. Deixando clara e objetiva a intenção ao escrever sobre uma experiência de aprendizagem criando no leitor uma expectativa sobre o assunto.


(06) “Instrução para varrer uma casa”, “... João conduz a parceira vassoura pelos cômodos da casa... e “... assim como fazia com as amigas dançarinas dos salões nos tempos de juventude.” (1ª versão).
“Estando o utensílio entre as mãos segue o segundo passo no qual se escolhe uma das peças da moradia para iniciar a empreitada.” (reescrita).



A prática da escrita e reescrita das tarefas anteriores trouxe um ponto positivo no aprendizado da aluna (B) em relação ao conteúdo teórico de sala de aula. No parecer da tarefa 3, dado pela professora, consta que  o texto abrangem as qualidades discursivas aprendidas. Entretanto, a autora desvia do objetivo de descrever uma instrução, conforme sugere o título ao particularizar em demasia ás memórias do personagem que executa as etapas para varrer uma casa, demonstrados nos trechos acima destacados. A reescrita oportunizou rever a idéia de “processo” e como reescrever de forma diferente e criativa uma tarefa comum, presente no dia a dia. Neste texto (B) centrou-se no processo em si, trazendo o personagem como figura genérica de uma atividade que pode ser executada por qualquer pessoa. Desta forma, um texto mais instrutivo e menos personificado que o anterior.


(07) “É neste ambiente que nós, Clarissa e Nalim, nos defrontamos com nossos próprios conceitos de vida. Sendo levadas e repensá-los, reformulá-los, ou ainda, criá-los. Neste sentido, o curso de graduação em Letras, ao qual satisfatoriamente pertencemos desde o início do ano, provoca em nossas mentes uma avalanche de questionamento e confrontos com nossa própria identidade como alunos. O curso de Letras exige que seus alunos revivam e revisem suas experiências de aprendizagem...” (1ª versão A e B).
 “É neste ambiente que nós, Clarissa e Nalim, nos sentimos estar diante ao espelho ao nos defrontar com nossos próprios conceitos de vida. Tal como folhas de árvore fomos conduzidas nas águas de nossas experiências a rever idéias, sentimentos, reformulando, repensando, ou ainda, criando nas concepções. Neste sentido, o curso de graduação em Letras, ao qual satisfatoriamente pertencemos desde o início do ano, provoca em nossas mentes uma avalanche de questionamentos e confrontos com nossa própria identidade como alunas. A disciplina de Leitura e Produção Textual exige que revivamos e revivemos nossas experiências de aprendizagem tanto no ambiente escolar quanto o externo a ele para que, então, através de uma memorial, possamos compreender nossos conhecimentos...” (Reescrita A e B).


Ao comparar a reescrita com a primeira versão notamos que a reescrita possui maior concretude, do ponto de vista, que explica melhor o motivo do texto que será apresentado em seguida. No primeiro trecho, obtemos de forma curta e talvez não tão clara o que o curso de Letras pede as alunas citadas, porém no segundo trecho, podemos uma explicação mais detalhada do que foi pedido a elas, e que conseqüentemente será mostrado no decorrer do texto. Isso pode ser visto nas partes: “O curso de Letras exige que seus alunos revivam e revisem suas experiências de aprendizagem...” e “A disciplina de Leitura e Produção Textual exige que revivamos e revivemos nossas experiências de aprendizagem tanto no ambiente escolar quanto o externo a ele para que, então, através de uma memorial, possamos compreender nossos conhecimentos...”, se compararmos o segundo em relação ao primeiro notamos que foi dito qual a disciplina em específico exige das alunas / autoras, e de que forma elas irão nos apresentar essa compreensão do conhecimento de ambas, quando que no primeiro sabemos que elas irão relembrar suas experiências de aprendizado.


(08) “A futura professora apresenta o importante papel da literatura como formadora da identidade nacional ao citar exemplos bastantes contundentes de produções significativas...” (1ª versão).

“a futura professora vai ao encontro de nosso entendimento do importante papel da literatura como formadora da identidade nacional ao citar dois exemplos bastante contundentes de produções literárias significativas para este projeto.” (reescrita).



Apresentar em um texto reportagem duas vozes narrativas que se conversem entre si e com o leitor abre precedente para falhas. O que foi constatado ao examinar a quinta tarefa é que as escritoras, no caso as duas alunas, não expressam suas idéias concretamente, ou seja, não se valem de exemplos elucidativos apenas fazem um relato do que foi dito pelo entrevistado. Comparando os trechos acima fica evidente a falta de identificação do narrador no primeiro texto em oposição à reescrita.

CONSEDERAÇÕES FINAIS
As alunas apresentam de forma individual suas percepções e análises quando a disciplina de Leitura e Produção Textual.
 (A) Nesta disciplina foi possível ter uma aproximação maior com os gêneros textuais, pode-se ter uma noção teórica e prática de como um texto deve ser escrito para que seu leitor entenda o que realmente o autor quer dizer, sem deixar margem para um entendimento contrário. A leitura feita em sala de aula para os colegas permite que percebamos na hora da leitura que o texto às vezes não está tão bom, e que não passa a mensagem que queríamos passar. Podemos notar os erros, ou falta de conexão entre as frases, além dos comentários dos colegas que nos dão uma visão externa do texto, nos colocamos como leitores. No meu ver a disciplina possui uma didática simples e que funciona muito bem, apenas o tempo curto do semestre foi o que tornou a disciplina um tanto puxada, já que os alunos não têm somente essa disciplina a cursar. No entanto as leituras em aula, com o acréscimo de opiniões dos colegas, o parecer da professora, os textos de apoio, as explicações da professora em aula, permitem que o aluno consiga fazer um trabalho no mínimo aceitável, além de absorver o senso crítico exposto em aula, e critérios auto-avaliativo, onde no decorrer de uma escrita, temos a percepção de que o texto escrito daquela forma não irá atender os requisitos que devem conter num texto. Enfim, numa análise geral, a disciplina consegue dar conta da proposta inicial.
(B) A produção textual no ambiente acadêmico certamente é um dos mais importantes trabalhos desenvolvidos visto que neste cenário os resultados obtidos com os trabalhos durante a graduação se concretizam através da escrita.  A contínua troca de informações entre gerações deve-se, em particular, aos registros históricos escritos produzidos pelas inúmeras civilizações. Neste sentido, a disciplina de Leitura e Produção Textual tem por premissa contribuir com o aprendizado de alunos tanto do curso de Letras quanto de outras áreas, por acreditar que todos os usuários de uma língua natural devem saber utiliza - lá adequadamente em cada situação comunicativa.
A produção textual auxilia os estudantes a desenvolverem a habilidade da escrita não apensa em gêneros acadêmicos, mas também em outros gêneros que permitem entender o processo de escrita, como melhorá-lo e quais as características relevantes na escrita de um bom texto. Entende-se por “bom texto” aquele que expressa de forma objetiva, concreta e estruturada adequadamente com o contexto. Neste sentido a disciplina alcançou seu propósito ao permitir que os alunos percebam em todos os tipos de leituras a importância de cada dado apresentado, o porquê está ali, e como a sua estrutura influência e se correlaciona com o leitor. O entendimento deste processo alterou a maneira de ler e escrever, pois estas atitudes receberam maior atenção.
Importante considerar o trabalho da disciplina como construtora de conhecimento por ser a teoria uma base importante na criação de texto menos modulares e padronizados que os alunos, ao ingressarem na universidade, trazem em suas concepções escolares. Entendo a relevância de todas as etapas do processo utilizado na cadeira (1ª versão, parecer, reescrita, leitura, comentários dos colegas), entrementes, a apresentação de um segundo parecer, após a reescrita consentiria ao estudante inferir se os apontamentos contidos no primeiro parecer foram satisfeitos, isto contribuiria com seu aprendizado. Quanto mais se sabe, mais se pensa e mais aguçada é a criatividade humana, assim como a comunicação torna-se mais efetiva. A alma humana se enriquece com o saber sendo a universidade a melhor representante deste conhecimento.

BIBLIOGAFIA
ARCOVERDE, Maria Divanira de Lima; Rossana Delmar de Lima. “Produzindo gêneros textuais: o memerial”. Aula 15, Programa Universidade a Distância- UNIDIS- UFPB (Universidade Estadual da Paraíba), 2007.
GUEDES, Paula Coimbra. “Da redação à produção textual: o ensino da escrita. SP. Parábola Editora, 2009.
MARCUSCHI, L.A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In. DIONISSIO, A. P.; MACHADO, A.R. & BEZERRA, M. A. (org.). Gêneros textuais e ensino. RJ: Lucerna, 2002, p. 19 a 32.

O ensino da produção textual no meio acadêmico

Por Aluno 7 e Aluno 17
Resumo: No presente artigo, avaliação final da disciplina de Leitura e Produção Textual do curso de Letras da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), tem-se por objetivo um relato teórico e empírico das atividades realizadas. A metodologia é a pesquisa qualitativa, a partir da coleta de textos produzidos por alunos da disciplina, aliando-se também pesquisa em fontes bibliográficas, tais como livros e artigos acadêmicos. Para uma análise crítica e comparativa entre os textos e reescritas dos alunos, avaliaremos o processo da disciplina e como o aluno construiu seu conhecimento através dela durante o semestre.
Palavras chave: Produção de textos; leitura; ensino acadêmico; Letras.
Abstract: In this paper, the final evaluation of the Reading and Textual Production discipline of Letras UFRGS' course, has the objective of a theoretical and an empirical report of activities performed. The methodology is qualitative research, from the collection of texts produced by students of the discipline, combining survey in library resources such as books and academic articles. Aim for a critical and comparative analysis of the texts and rewritten students, evaluating the process of discipline and how the student has built his knowledge through discipline during the semester.
Key-words: Text production; Reading; Academic teaching; Letras.

Introdução 
A disciplina de leitura e produção de textos enquanto processos de construção de sentidos propõe ao aluno a reflexão sobre o próprio texto e sobre o próprio processo de leitura. A cadeira procura estabelecer na produção acadêmica de textos, qualidades básicas para a constituição da escrita: diálogo/interlocução, propósito, estilo, autoria.
Objetivando relatar o ensino à leitura e produção de textos no meio acadêmico, expomos e analisamos escritos realizados por alunas no primeiro semestre do curso de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) na disciplina de Leitura e Produção Textual. Oferecemos ao leitor, antes, os princípios e parâmetros propostos pela disciplina acerca de textos, construção de texto e leitura.
Para tanto, este artigo está organizado em cinco seções. Seguida desta introdução, a segunda seção trata dos conceitos teóricos que orientam a pesquisa; a terceira descreve a metodologia de pesquisa; a quarta analisa os dados; finalmente, a quinta contempla resultados e considerações finais.  
 Conceitos Teóricos
Primeiramente definiremos o conceito de texto, apesar do uso corriqueiro da palavra sua definição não é tão simples. Podemos afirmar que um texto é uma combinação geradora de sentidos, combinação esta composta por frases relacionadas entre si. O sentido de uma frase depende do sentido das demais e do contexto em que está inserida. Deve-se considerar que todo texto é fruto da visão de um grupo social em seu respectivo tempo apresentando, portanto, caráter histórico. Citaremos dois fatores que fazem de um texto uma unidade organizada e não apenas uma junção de partes, são eles: coesão e coerência. 
A coerência em um texto é determinada pela harmonia entre suas partes. Esse equilíbrio consiste na linearidade nas ideias, seguindo uma lógica do começo ao fim de um texto, transparecendo continuidade em seus sentidos. [L1] Um texto em que exista contradição, ideias incongruentes e partes que não se relacionam entre si pode ser considerado incoerente.
Coesão é o outro fator a ser considerado. Ela é responsável por ligar as frases utilizando certos elementos, como pronomes e conjunções. Um texto que está “amarrado” entre suas orações é um texto coeso. Utilizam-se estes conectivos para evitar repetições, manter o sentido e retomar passagens já ditas.  Deve-se levar em conta que este segundo fator tem menor importância, pois mesmo sem os elementos de conexão um conjunto de frases pode ser coerente e manter o sentido de texto organizado.
Para um texto apresentar suas ideias, com sentido e relações lógicas entre suas partes ele não necessariamente precisa estar verbalizado. Como aborda o autor Fiorin: 
“Se o texto é um todo organizado de sentido, ele pode ser verbal (um conto, por exemplo), visual (um quadro), verbal e visual (um filme) etc. Mas, em todos esses casos, será delimitado por dois espaços de não sentido, dois brancos, um antes de começar o texto e outro depois. ” (FIORIN, 2006[L2] , p.4)
Estabelecidas as definições de texto, abordaremos a seguir o conceito de leitura. A leitura deve ser vista como um conjunto de comportamentos que se regem por processos cognitivos armazenados na memória do indivíduo, os quais se manifestam durante a atividade. Leitura é explorar um texto e a partir de seu conhecimento prévio retirar dele algum sentido. A leitura amplia nosso conhecimento de mundo, assunto, textual, enciclopédico e linguístico. É uma atividade que em cada leitor produz um significado de acordo com a experiência e o conhecimento que cada um tenha. Segundo Paulo Freire (1998), ler não é apenas um processo de decodificação de palavras escritas. Assim: 
"Não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre texto e contexto (FREIRE, 1998, p.11)."

A produção textual é a disciplina que estuda a construção de textos, tem por objetivo um todo (texto) composto de coesão (concordância) e coerência (razão, harmonia).  Nós escrevemos com o intuito de sermos lidos, imaginando um interlocutor e procurando dialogar com ele. Definido o perfil de nosso interlocutor é possível determinar a forma como vamos abordar o assunto em questão no texto. Por exemplo, quando escrevemos a receita de uma lasanha, o nosso interlocutor está provavelmente buscando instruções práticas de como executar uma tarefa. Diferentemente de quando escrevemos sobre a mesma lasanha, mas para um cardápio de restaurante, utilizado por nosso interlocutor para uma escolha, nossa tarefa então, é persuadi-lo, exaltando as qualidades do prato em questão. 
Com estes três conceitos (texto, leitura e produção de texto) bem definidos, discutiremos agora as qualidades discursivas de que um texto necessita. Comecemos com a definição que Guedes (2009) nos apresenta: "Qualidades discursivas são um conjunto de características que determinam a relação que o texto vai estabelecer com seus leitores por meio do diálogo que trava não só diretamente com eles, mas também com os demais textos que o antecederam na história dessa relação." São quatro as qualidades essenciais: Unidade temática; Objetividade; Concretude; Questionamento. 
A unidade temática pode ser definida como o "fio condutor" de um texto. Ela é responsável, assim como a coesão, pela harmonia do todo. Um texto para possuir uma unidade temática bem definida não precisa, necessariamente, abordar um único assunto. Desde que os outros elementos citados tenham uma relação com o tema principal e o leitor consiga inferir sem maiores dificuldades. "A unidade temática dá ao leitor uma chave e um rumo que o oriente no trabalho de atribuir sentido a cada uma das palavras que lê e de estabelecer uma relação entre elas." (GUEDES, 2009, p. 95)
A objetividade é o que permite ao leitor construir um diálogo com o texto. "Texto objetivo é o que dá ao leitor todos os nossos dados necessários para o entendimento do que quer dizer a partir de uma avaliação que o autor faz sobre o conhecimento prévio que o leitor deve ter a respeito do assunto em questão." GUEDES (2009, p. 99) O leitor não tem obrigação de acreditar na seriedade e sinceridade de um autor. O autor é que precisa mostrar-se merecedor de crédito, pela verossimilhança do que conta, pela veemência com que compõe, pela eficiência de suas alegações.
A concretude nada mais é do que a qualidade que trata de "concretizar" o que está sendo dito no texto. Vejamos da seguinte forma: quando um texto possui concretude ele basicamente nos facilita a imaginação, concretiza cenas, descreve de forma que o leitor "mergulha" na proposta. Ele é específico com cenários, cores, emoções, impressões e sentidos que o autor emprega a palavras subjetivas. "Conjuntos indefinidos tornam o texto tão pouco específico que qualquer significado pode ser atribuído a ele, dando-lhe uma aparência de fácil entendimento, quando, na verdade, ele não nos diz nada de concreto." (GUEDES, 2009, p.101)
A qualidade denominada de questionamento ocupa-se do conflito do texto. Para despertar no leitor um interesse maior, um envolvimento com o que está escrito é preciso que ele perceba uma questão a ser resolvida, um problema a ser pensado, e obviamente o autor deve também equacionar o problema, propor solução viável.
"Só faz sentido escrever a respeito de alguma coisa que não está pronta nem clara em nossa cabeça; o que já está lá pronto e claro está também pronto e claro para nossos leitores, pois o que está pronto e claro já entrou assim em nossa cabeça; logo, entrou assim também na cabeça dos outros. Só vai ser útil pro leitor o texto que for útil pro autor." (GUEDES, 2009, p.109)

Com o intuito de diferenciar Gênero de Tipologia textual utilizaremos o quadro sinóptico abaixo, de autoria de Marcuschi, (2002):

Analisando os dados apresentados na tabela podemos concluir que a tipologia textual está dividida entre gêneros e tipos textuais. Gêneros são as estruturas com que se compõem os textos, sejam eles orais ou escritos. São estruturas socialmente reconhecidas, pois se mantêm muito parecidas, com características comuns, procuram atingir intenções comunicativas semelhantes e ocorrem em situações específicas. E o tipo textual definirá a forma como o texto é apresentado, independentemente de seu gênero (estrutura) um texto pode ser escrito como narrativa (onde fatos são relatados); argumentação (onde defende-se um ponto de vista e expressa-se opiniões) etc.
Metodologia
A natureza desta pesquisa é qualitativa. Foi desenvolvida a partir de textos produzidos por alunas do primeiro semestre de 2014 do curso de Letras da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) na cadeira de Leitura e Produção Textual. Foram utilizados absolutamente todos os textos produzidos neste período e o processo de produção era o seguinte: Durante as aulas da disciplina eram propostos aos alunos textos a serem lidos para discussões em aula. Servindo como base teórica para a proposta que a professora apresentaria. As propostas eram entregues à professora após uma semana e lidas em frente à turma gerando comentários dos colegas a respeito do texto. Após a leitura em aula, os alunos recebiam pareceres escritos pelos monitores e juntamente com os comentários dos colegas desenvolviam a reescrita de seu texto. A reescrita era entregue juntamente com o portfólio da tarefa que incluía: 1ª versão, diário dialogado, parecer dos monitores, reescrita e critérios de avaliação. O diário dialogado é o espaço que o aluno dispunha para escrever informalmente sobre suas dificuldades e facilidades na construção do texto, comentar sobre as qualidades discursivas, sobre os conceitos teóricos utilizados para elaborar o texto, etc. Ao longo do semestre foram propostas cinco atividades, como mostra a tabela abaixo:  

Apresentação/ Análise de dados
Na primeira tarefa proposta, tínhamos que desenvolver um texto de apresentação pessoal seguindo as orientações da professora e sem nenhum embasamento teórico. Após a entrega da primeira versão da proposta, começamos a trabalhar textos que abordavam as qualidades discursivas que eram necessárias no tipo apresentação pessoal, a fim de criar embasamento teórico para melhor avaliar as produções dos colegas após a leitura em sala de aula e facilitar a reescrita.
O aluno 1 sentiu bastante dificuldade em produzir esta tarefa, por achar que era um texto informal e que apenas seria lido para os colegas, mesmo após a reescrita seu texto possuía carência em diversas qualidades, como a concretude. O aluno 1 não ofereceu parâmetros suficientes para que o leitor contrastasse com o que já conhecia, tornando difícil sua compreensão e refletindo isso em sua nota. Já o aluno 2 teve facilidade em escrever a primeira versão, colocar as ideias iniciais no papel foi rápido. Depois de apresentadas as qualidades discursivas e constatada a grande falta de concretude e objetividade em seu texto, o aluno 2 enfrentou grandes problemas na reescrita, um processo muito mais longo e demorado do que a primeira versão. O resultado foi satisfatório e é perceptível a melhora em sua escrita quando comparados os textos.
Analisaremos o critério da concretude na evolução dos textos das alunas conforme os 5 trabalhos propostos pela disciplina. Para ilustrar as observações nos exemplos traremos trechos dos textos.
      A 1ª proposta intitulava-se “apresentação pessoal” e a única instrução era: Apresente-se em um texto.
(01)Aluna 1

"Meu nome é Débora, tenho 21 anos e acredito que a característica pela qual sou mais lembrada seja a timidez. Talvez essa característica se justifique pelo fato de ter tido uma mãe que falasse por toda a família, mas na verdade nem sei como isso surgiu em mim."

"Me chamo Débora, tenho vinte e um anos e acredito que a característica pela qual sou mais lembrada seja a timidez. Talvez esse traço se justifique pelo fato de ter tido uma mãe que falasse por todos os membros da família, como nas festas de aniversário em que ela contava todas as novidades, deixando os filhos sem ter o que comentar."


Em ambas as versões, a autora não fornece parâmetros suficientes ao leitor. Apesar de dar um exemplo que explique a timidez, este ainda é muito vago, não deixando claro sua visão. Por abordar um assunto genérico, a aluna deveria definir mais o que a característica significa e implica para ela, pois o leitor pode ter uma definição de timidez bem diferente.



(02)Aluna 2

“É clichê dizer o quanto é difícil escrever sobre nós mesmos, mas como sou clichê (e isso já conta como uma das coisas que me definem) eu direi que: é extremamente difícil me descrever. ”






É clichê dizer o quanto é difícil escrever sobre nós mesmo, mas como eu sou clichê (e isso já conta como uma das coisas que me definem) eu direi: é extremamente difícil me descrever. Quando digo que sou clichê, me refiro à “frases feitas”, clássicos já estabelecidos, bandas consagradas, gosto dessas coisas, assim como de filmes para chorar e histórias piegas. São as coisas comuns e “batidas” que eu acho bonitas. ”

Percebe-se no trecho da primeira versão a ausência de parâmetros quanto ao emprego da palavra clichê. Já no segundo a autora nos fornece suas definições deixando claro ao leitor o que se entende por clichê e facilitando a criação de uma imagem mental a respeito do que está sendo dito.

A 2ª proposta intitulava-se “fato/evento que significou aprendizado” e o gênero era narração.

(03)Aluna 1

"Lá engoli todo o meu preconceito em relação às escolas públicas, apesar da infraestrutura falha e a frequente falta de professores me senti muito melhor acolhida, querida e valorizada nesse novo ambiente."





"Meus novos colegas não questionavam o meio de transporte utilizado para chegar até a escola, o porquê de eu gostar de me vestir diferente da maioria das meninas e nem se importavam se eu era magra ou gorda demais. Eles eram dos mais variados bairros, classes sociais e gostos musicais, algo bem difícil de vivenciar no ensino privado."

Na primeira versão, vemos a falta de concretude, o que torna o texto vago e genérico e possibilita diferentes interpretações. Não há a descrição de que forma aconteceu esse acolhimento e o porquê da autora sentir-se melhor nesse novo ambiente. Na reescrita, autora explora melhor os motivos que levaram ao novo sentimento, apresenta exemplos que o leitor poderia imaginar e refletir sobre. Nota-se uma melhora significativa quando comparadas as duas versões, pois em sua reescrita são apresentados parâmetros ao leitor e por consequência torna o texto mais objetivo.


                 (04) Aluna 2

“Saí para comprar os brinquedos, ou instrumentos de trabalho, com minha tia e foi muito divertido. Fiquei muito ansiosa por minha estreia”



“Saí para comprar os brinquedos, ou instrumentos de trabalho, com minha tia e foi muito divertido, fomos a muitas lojas de fantasias e brinquedos e eu achei tudo o máximo. ”

            Nesta comparação, percebemos novamente a falta de parâmetros quanto a definições de palavras de significados subjetivos, como é o caso de “divertido” empregado no texto. A única alteração é a especificação do por que de algo ser divertido para quem relata a situação.


A 3ª proposta intitulava-se “descrição de um processo” o gênero, obviamente, era a descrição.
                 (05) Aluna 1



“Tendo em mentem mente o destino desejado ao sair de casa ou trabalho, será necessário caminhar até o ponto de ônibus mais próximo de você, sabendo o número e o nome da linha que te levará ao respectivo destino" 





"Tendo em mente o destino desejado ao sair de casa, este pode ser um parque com grandes e verdes arvores ou um shopping com vitrines coloridas, será necessário caminhar até o ponto de ônibus mais próximo de você, aquela construção coberta pintada com as cores azul e amarelo que nos protege nos dias de chuva." 


A proposta 3 foi considerada a de maior dificuldade pela aluna, fez apenas uma alteração da primeira versão para a reescrita. Não atingiu o objetivo de descrever com detalhes o cenário e o processo envolvido, qualidades essenciais para que o leitor consiga imaginar a história descrita. A escolha do tema genérico também dificultou para que a autora pensasse numa descrição que fugisse do trivial e despertasse interesse no leitor. A falta das diversas qualidades discursivas, pedidas pelo gênero proposto, refletiu no conceito da aluna. 



(06)Aluna 2 

“Falar: é importante estar relaxado para desempenhar tal ato, ou pelo menos que seu hemisfério esquerdo do cérebro esteja saudável, pois é ele o responsável pelo pensamento lógico e capacidade comunicativa do ser humano. Contudo, dependendo do que queremos, saber como falar não é o suficiente, precisamos conhecer o dizer." 






"Precisamos entender além da fala, precisamos conhecer o dizer. Nem tudo o que sabemos ou queremos falar pode ou deve ser dito. Na maioria dos dicionários falar e dizer têm significados idênticos, mas na "fala" essas palavras têm diferenças. É possível, por exemplo, falar, falar, falar e não dizer absolutamente nada É como se falar fosse algo menos complexo do que dizer algo. Dizer remete a expressar opinião, falar sobre, falar à alguém, não simplesmente falar por falar ou até mesmo falar sozinho." 

Comparando estes trechos percebemos que na primeira abordagem a autora escreve coisas um tanto desconexas, frases um tanto "científicas" e que pouco tem a ver com o que quer ser explicado. Já no segundo trecho as diferenças apresentadas entre as palavras "dizer" e "falar" situam o leitor ao objetivo do texto. Empregando dois critérios ao mesmo tempo: concretude e objetividade. 



A 4ª proposta intitulava-se “Memorial de leituras” o gênero era memorial, e a composição do texto um pouco diferente dos anteriores, implicava em identificar suas experiências como leitor de modo a exemplificar teorias a respeito da leitura. 
(07) Aluna 1

"De minha infância trago boas lembranças de minha mãe contando-me histórias, eu deitada ao seu lado na cama e ansiosa para participar de mais uma aventura do “Sr. Coelho”. Minha participação na construção do cenário e na criação dos personagens era bastante ativa, pois eu era sempre questionada a cada novo acontecimento e estimulada a construir minha própria versão da história, permitindo um encantamento instantâneo e a busca por ser cada vez mais criativa." 


"Os livros didáticos também me causavam fascinação, com sua incrível possibilidade de compreender tantas coisas em apenas algumas páginas. As relações políticas explicadas no livro de história provocavam em mim um sentimento parecido com as construções mirabolantes das aventuras do “Sr. Coelho”, mas dessa vez minha imaginação era preenchida com personagens reais e cenários que apesar de eu nunca ter visitado eram de fácil assimilação, seja pelo que era visto na televisão ou nas aulas de geografia." 

Na realização da proposta de número quatro, a aluna sentiu-se muito satisfeita com sua primeira versão. A partir da leitura dos textos teóricos foi possível identificar diversos conceitos que aplicavam-se as suas experiências de leitura, o que tornou o processo prazeroso e fácil quando comparado a proposta anterior. Não foram feitas muitas alterações na reescrita, o assunto inicial foi retomado com o intuito de relacionar as partes do texto e permitir que o leitor refletisse sobre ele, pois antes pareciam informações soltas.  
(08)Aluna 2

“Eu cresci... não rodeada por livros como gostaria de dizer, mas com fácil acesso a muitos deles. Conheci os irmãos Grimm bem cedo, ouvindo minha mãe contá-los, e quando, hoje, pego alguma de suas histórias, sinto familiaridade, não sei como termina nem nada parecido. Eu só a conheço.”

“Passava todo o tempo livre dentro da biblioteca. Descobri nessa biblioteca um de meus livros favoritos até hoje: “Depois daquela viagem de Valéria Polizzi”. Foi um livro totalmente diferente do que já tinha lido até então, era algo real, uma história verídica. A personagem/autora tinha contraído HIV de verdade, provavelmente por esse motivo enxerguei-o como favorito. ”

Nos trechos acima é possível notar a diferença de leituras, quando lemos o primeiro percebe-se que a autora quer expressar uma ideia, mas ela usa palavras vagas e não fornece parâmetros para o leitor entender. Por exemplo, que histórias são essa a que ela se refere, ou o por que da familiaridade. Já no segundo trecho afirmando que um livro ganha o título de seu “favorito” ela explica o por que tornando para o leitor mais fácil a compreensão e identificação com o que está escrito.
A 5ª proposta foi uma Reportagem, o gênero: argumentação. Exigia que fosse feita no mínimo uma entrevista e os temas foram limitados a: literatura ou linguística.
(09) Aluna 1

"A criação de seminários, como ilustra esse trecho “Na escola eu tinha poucos períodos de literatura e em sua maioria em forma de seminários que deixam a matéria um pouco mais interessante por conhecer a opinião dos colegas, embora eu não gostasse da matéria. ” pode ser considerada uma boa opção, pois só será possível contribuir com a discussão uma vez lido o livro e aqueles que não o fizerem ficarão sem participar." 
"Desconsiderar os diversos tipos de literatura que temos hoje a ter-se somente aos clássicos e aos livros físicos é um erro que os professores insistem em cometer. Em uma época que temos acesso a qualquer informação e a hora que desejarmos, é evidente que os alunos não se interessem por livros num primeiro momento." 

Durante a primeira versão dessa proposta, a aluna sentiu dificuldades em conciliar sua opinião com a do entrevistado, pois pensou que era necessário a inclusão de muitos trechos da entrevista para ilustrar seu argumento. Na reescrita, a autora procurou deixar sua opinião mais clara e aparente, salientando-a em relação a do entrevistado. O formato que a proposta pedia também foi repensada na hora da reescrita, com o objetivo de desenvolver a argumentação e obter um melhor aproveitamento das informações adquiridas.

(10) Aluna 2

 “Uma adaptação para o cinema não deve ser vista como desprestígio de uma obra, nem o público do filme deve ser visto como “inferior” àquele que leu o livro. Tanto o cinema quanto a literatura são formas de artes, diferentes, mas que tem basicamente os mesmos objetivos: ensinar, divertir, contar, registrar, etc. Não são inimigas, nem opostas, são artes que, como definiu muito bem Diego: “(...) podem ser fictícias, biográficas; ideias abstratas; relatos verídicos, outros nem tanto; compilando tudo e todos, ‘enciclopediando’ a vida. “


No trecho acima retirado da reportagem da aluna 2, podemos perceber a clareza de seus argumentos e para tanto ela utiliza de concretude ao explicar ao leitor exatamente o que quer dizer quando se refere à literatura e cinema serem artes diferentes, porém com objetivos parecidos, por exemplo. Esses exemplos trazidos ao longo do texto (parte da concretude) tornam os argumentos mais convincente.

Conclusão
Ao fim do semestre foi possível compreender a importância da cadeira de leitura e produção textual para o curso de letras. A partir das construções feitas em aula, com o auxílio de textos muito esclarecedores, foi possível adquirir conhecimentos essenciais para este curso como a reflexão teórica em toda leitura e o desenvolvimento da capacidade crítica. Pode-se dizer que a disciplina alcançou seus objetivos, pois ao longo do considerável número de propostas, é visível a melhora na produção dos alunos.
Conseguimos entender e enxergar o processo da produção de texto em todas as suas etapas, assim como a importância do diálogo com aquele para quem se escreve. Com a ajuda dos pareceres e dos monitores era possível a compreensão das qualidades que deveriam ser alcançadas, apesar da professora ser bastante crítica. Sentimos mais segurança ao ler textos de outras cadeiras e em desenvolver trabalhos e provas, pois já estávamos habituados com o processo.
 

Referências bibliográficas
MARCUSCHI, Luiz Antônio et al. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo. Moderna, 2003.
GUEDES, PAULO COIMBRA. Da redação à produção textual. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
KÖCHE, Vanilda Salton; BOFF, Odete Maria Benetti; MARINELLO, Adiane Fogali. Leitura e produção textual: gêneros textuais do argumentar e expor. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.
SAVIOLI, Francisco Platão; FIORIN, José Luiz. Lições de textos: leitura e redação. São Paulo: Ática, 2006.
FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristovão. Prática de texto para estudantes universitários. In: Prática de texto para estudantes universitários. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.










 [L1]E a oração principal, qual é?


 [L2]Quando fazemos citação, precisamos mencionar a página