Reescrita
Por Aluno 33
A
literatura (“arte de compor escritos artísticos, em prosa ou em verso, de
acordo com princípios teóricos e práticos”) muito tem sido subestimada nos dias
atuais. Em uma realidade em que as relações sociais reais vão sendo
substituídas pelas virtuais devido à tecnologia, as palavras e ideias de
autores do passado vão sendo esquecidas e desvalorizadas.
Para
agravar a situação, a extinção da disciplina de Literatura de vestibulares
importantes de universidades federais também contribui para a cultura de
“literatura é inútil”. Mas será que até estudantes de Letras endossam essa
opinião? A literatura, sendo parte essencial no currículo do curso de Letras,
não pode ser subestimada como já parece ser mundo afora. Entretanto, o
crescente desaparecimento da literatura de processos seletivos e o baixo número
de leitores brasileiros (a leitura nunca foi prioridade para a sociedade:
segundo uma reportagem da Folha de São Paulo, os brasileiros até compram
livros, mas não os leem) apenas elucidam a hipótese de que a literatura é,
infelizmente, inútil.
Visando
a esclarecer essa questão, foi feita uma entrevista com duas alunas da
faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Uma
delas é apaixonada por Literatura (*Mariana, aluna do terceiro semestre) e
reconhece sua grande importância. Já a outra (*Taís, aluna do quinto semestre),
reconhece não gostar tanto assim da arte literária.
Surpreendentemente,
tanto Mariana quanto Taís reconhecem que a Literatura é crucial para os
conhecimentos de mundo. Mariana diz que a literatura tem o importante papel de
despertar no indivíduo uma reflexão sobre o mundo e a vida, enquanto Taís
reconhece que a leitura contribui para o desenvolvimento intelectual e
criativo. Interessante também foi ver que Mariana diz que a literatura lhe
possibilita ver o mundo sob outras formas e perspectivas, enquanto Taís diz que
essa contribuiu para a sua formação escolar. Porém, Taís diz que os livros os
quais era obrigada a ler na escola não a entusiasmaram para a Literatura,
enquanto Mariana apenas citou ter lido livros como “A Hospedeira”, de Stephenie
Meyer (que, sendo parte da literatura de massa, jamais entraria no currículo
escolar) e “Os Miseráveis”, de Victor Hugo. Taís relata também o fato de não
ter gostado de ter sido obrigada a ler livros durante o ensino médio. Essa
obrigatoriedade revela-se, então, perigosamente opressora, podendo fazer de um
leitor em potencial um frustrado que dirá no futuro o que Taís diz: “não gosto
de Literatura.”
Então, é possível concluir que se a
Literatura corre o risco de ser considerada inútil, isso deve-se ao fato de que
a instituição escola pode não estar fazendo os alunos perceberem a utilidade
prática da arte literária para o pensamento. As duas alunas de Letras
reconheceram que a Literatura é importante, e afirmaram que a literatura está
ligada à História: “a literatura retrata momentos históricos.” (M.) e “ela ilustra pensamentos, costumes
e relatos de épocas e fatos que muitas vezes só através da literatura a
história pôde ser contada e estudada.” (T.)
A solução para o problema de desvalorização da
literatura seria, então, uma aplicação maior dessa com a História, além de
políticas para fazer os alunos lerem o que sentem vontade, não apenas o que são
obrigados. Assim, a Literatura se prova essencial, e não inútil.
“Os brasileiros até compram livros, mas não os leem”
A obrigatoriedade
de leitura revela-se perigosamente opressora, podendo fazer de um leitor em potencial
um frustrado.
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