terça-feira, 15 de julho de 2014

Literatura: inútil ou essencial?

Reescrita
Por Aluno 33


A literatura (“arte de compor escritos artísticos, em prosa ou em verso, de acordo com princípios teóricos e práticos”) muito tem sido subestimada nos dias atuais. Em uma realidade em que as relações sociais reais vão sendo substituídas pelas virtuais devido à tecnologia, as palavras e ideias de autores do passado vão sendo esquecidas e desvalorizadas.
Para agravar a situação, a extinção da disciplina de Literatura de vestibulares importantes de universidades federais também contribui para a cultura de “literatura é inútil”. Mas será que até estudantes de Letras endossam essa opinião? A literatura, sendo parte essencial no currículo do curso de Letras, não pode ser subestimada como já parece ser mundo afora. Entretanto, o crescente desaparecimento da literatura de processos seletivos e o baixo número de leitores brasileiros (a leitura nunca foi prioridade para a sociedade: segundo uma reportagem da Folha de São Paulo, os brasileiros até compram livros, mas não os leem) apenas elucidam a hipótese de que a literatura é, infelizmente, inútil.
Visando a esclarecer essa questão, foi feita uma entrevista com duas alunas da faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Uma delas é apaixonada por Literatura (*Mariana, aluna do terceiro semestre) e reconhece sua grande importância. Já a outra (*Taís, aluna do quinto semestre), reconhece não gostar tanto assim da arte literária.
Surpreendentemente, tanto Mariana quanto Taís reconhecem que a Literatura é crucial para os conhecimentos de mundo. Mariana diz que a literatura tem o importante papel de despertar no indivíduo uma reflexão sobre o mundo e a vida, enquanto Taís reconhece que a leitura contribui para o desenvolvimento intelectual e criativo. Interessante também foi ver que Mariana diz que a literatura lhe possibilita ver o mundo sob outras formas e perspectivas, enquanto Taís diz que essa contribuiu para a sua formação escolar. Porém, Taís diz que os livros os quais era obrigada a ler na escola não a entusiasmaram para a Literatura, enquanto Mariana apenas citou ter lido livros como “A Hospedeira”, de Stephenie Meyer (que, sendo parte da literatura de massa, jamais entraria no currículo escolar) e “Os Miseráveis”, de Victor Hugo. Taís relata também o fato de não ter gostado de ter sido obrigada a ler livros durante o ensino médio. Essa obrigatoriedade revela-se, então, perigosamente opressora, podendo fazer de um leitor em potencial um frustrado que dirá no futuro o que Taís diz: “não gosto de Literatura.”
Então, é possível concluir que se a Literatura corre o risco de ser considerada inútil, isso deve-se ao fato de que a instituição escola pode não estar fazendo os alunos perceberem a utilidade prática da arte literária para o pensamento. As duas alunas de Letras reconheceram que a Literatura é importante, e afirmaram que a literatura está ligada à História: “a literatura retrata momentos históricos.” (M.) e “ela ilustra pensamentos, costumes e relatos de épocas e fatos que muitas vezes só através da literatura a história pôde ser contada e estudada.” (T.)

A solução para o problema de desvalorização da literatura seria, então, uma aplicação maior dessa com a História, além de políticas para fazer os alunos lerem o que sentem vontade, não apenas o que são obrigados. Assim, a Literatura se prova essencial, e não inútil.

“Os brasileiros até compram livros, mas não os leem”

A obrigatoriedade de leitura revela-se perigosamente opressora, podendo fazer de um leitor em potencial um frustrado.





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