1ª
Versão
Por Aluno 14 e Aluno 45
Por que existe o preconceito
linguístico?
Existe
uma ideia muito atrasada acerca da variação linguística, criticando o uso da
linguagem informal, que não é prevista pela norma culta. Essa visão é causa
grave de exclusão e preconceito.
A
linguagem pode ser dividida em dois níveis, o formal e o informal. O nível
formal é o que mais se aproxima da escrita e da forma gramatical tradicional.
Na fala, a aplicação da linguagem coloquial deslocada de contexo, pode
acarretar em preconceito e muitas vezes em exclusão. A Professora de Ingês do
quadro permanente da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com doutorado
em letras, Anamaria K. de Souza Welp, acredita que isto se deve a
desinformação. Ela coloca que a própria lingua portuguesa é uma variação do
Latim.
“São modificações pelas quais a lingua vai
passando e que acontecem naturalmente, em todas as línguas”, explica a
professora, “Mesmo dentro de uma comunidade lingística existem variedades de
uma mesma lingua”. Segundo ela, a fala vem primeiro e é nela que a variação tem
início, a escrita é na verdade uma representação da fala e já apresenta formas
autenticas, como a linguagem da internet, do facebook e do whatsapp, linguagens
mais próximas da fala na sua flexibilidade.
Anamaria, defende a importância de
tratar do assunto da variação linguística, para evitar estereótipos e pré
julgamentos. “A dificuldade de aceitar e entender a variação é a responsável
pela disseminação de preconceitos sociais e por comunidades linguísticas
perdendo a vez na sociedade, que são prejudicados pela maneira que falam,
porque existem variedades de mais prestígio do que outras”, diz a professora
Welp. Para ela, a questão do prestígio é colocada culturalmente, sendo que a
maioria da população se expressa por dialetos próprios das comunidades de fala
nas quais estão inseridas. Pode ocorrer diferença no entendimento e compreensão
de algumas palavras pelo sentido que adquirem em cada região, isso se chama
variação dialetal, como no caso do aipim,
“mandioca’’ em alguns lugares do nosso país e em outros, ‘‘macaxeira’’.
Outros tipos de variação ocorrem em comuidades sociais com pessoas de
diferentes acessos à educação formal,
prejudicando seu reconhecimento em outras comunidades, consideradas
falantes da linguagem de mais prestígio, o que dificulta sua vida estudantil e
profissional.
Quando questionada sobre o motivo do
preconceito linguístico, a educadora destacou, além da ignorância acerca do
assunto, o conservadorismo, apego a língua culta e de prestígio. Esse
conservadorismo desconhece que mesmo no uso mais formal a língua sofre o efeito
da variação, exemplificado em palavras como o pronome de tratamento “você”, uma
derivação que lentamente surgiu de “vossa mercê”. “Existe uma distância enorme
entre a língua culta que falamos hoje e a de dois séculos atrás e as pessoas
não entendem que a variação é uma consequência natural da interação”, diz a
professora, para quem a função primeira da lingua é possibilitar a interação
social.
Através da língua nos expressamos e
explicamos o mundo a nossa volta, categorizando nossas descobertas e trocamos
informações. É através da comunicação que nos diferenciamos, portanto, Welp
destaca que até mesmo indivíduos que convivem no mesmo meio social apresentam
diferenças próprias das suas características de fala e personalidade, são as
variedades idioletais, explica ela. Logo, cada interação de indivíduos e
culturas pode gerar variação da linguagem, na medida em que sofre influência
externa. Isso é bom pois a língua é um organismo vivo e na mudança ela se
perpetua. Um bom falante, deve saber interagir com vários tipos de falantes e
em vários tipos de situação, tendo flexibilidade para se adaptar a cada uma. A
professora de lingua inglesa utiliza-se de uma metáfora para explicar o bom uso
da língua, ela compara com a escolha de uma roupa: “o que é adequado para um contexto
pode ser completamente inadequado para outro”.
A opinião da professora Anamaria
Welp, junto a muitas outras, da voz a um momento de disseminar um novo olhar ao
entendimento da língua, quebrando estígmas que já não correspondem a realidade.
Em uma era de combate direto ao preconceito, é preciso expor a luz do
conhecimento uma questão importante como a discriminação por motivo da
linguagem, propondo aceitar melhor todas
as manifestações da nossa língua em seus espaços, assim como a todos os
falantes independente de cultura, língua ou comunidade social.
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