1ª Versão
Por Aluno 29
Acorde cedo, não tão cedo para ver o
sol nascer, mas cedo o suficiente para escrever o texto que tem que ser
entregue na tarde do mesmo dia. Mas cuidado ao usar o computador. Não se deixe
enganar, num piscar de olhos 5 minutinhos numa rede social ou em qualquer outro
site se tornam 30 minutos. Após terminar o trabalho, uma hora depois do
esperado, corra para se arrumar. Tomar banho é opcional, mas escovar os dentes,
não. Não ponha um casaco pesado ou uma malha de lã, pois o aparente frio do
nevoeiro lá fora logo se dissipará pelos raios cálidos do sol e sentir um calor
infernal é garantido. Uma olhadinha no relógio para garantir que se está dentro
do prazo autoestipulado é bem vinda. Almoce correndo, afinal mastigar é
para os fracos, engula com a ajuda de um copo d'água e problema resolvido.
Dizem que isso engorda, mas você precisa de uns quilinhos. Outra olhada no
relógio. Ao ver que se está dentro do prazo, recompense-se com um cafézinho,
preto e forte. Ligue a tv para não se sentir tão sozinho e aguarde até 12:05, o
prazo final. É um ótimo tempo, pois sua casa fica literalmente em frente a
estação do trem. É só correr um pouquinho e pegar o trem do meio dia e meia.
Ponha as coisas que estavam em cima da mesa na mochila e corra o mais rápido
possível. Desça as escadas sem diminuir a velocidade. Pisar em todos os degraus
não é necessário porque a vida foi feita para se viver perigosamente. Mas nem
tanto. Feche a porta atrás de si e sim, olhe para os dois lados a antes de
atravessar a rua, mas continue no passo apressado. Suba a passarela e torça
para não haver velhinhas precavidas com seus guarda-chuvas conversando enquanto
trancam o caminho. A passarela vai estar cheia, mas drible as pessoas,
ziguezagueando-as como num campo de futebol. Rápido! O trem está vindo, pode
ser visto na curva há uns 300 metros dali. Apresse-se. É a presença na aula em
jogo. Dê-se conta de que a fila para comprar as passagens está cheia de
gente, alguns que contam moedinha por moedinha como se pagar a passagem para
andar de trem fosse uma novidade que acabaram de descobrir. Compre a passagem e
voe pela roleta. Se tropeçar ou dar uma cambaleada, finja que foi proposital e
não olhe para trás. Desça as escadas da estação atropelando o que estiver à
frente, pise firme na plataforma. O cheiro de borracha queimada e o barulho de
ferro dos carris anunciam que o trem chegou. Ótimo! Agora é só entrar no vagão.
Mas não é assim tão fácil. O apito ouvido é o anúncio de que as portas estão se
fechando. O quê? Perdeu o trem? Bem feito. Não deveria ter tomado aquele café.
Mas são recém 12 e 8... Talvez seja um golpe do relógio. Propaganda enganosa a
do trem do meio dia e 10. Espragueje por dentro, contraia as mãos com força,
talvez dê um soco na mochila e vá humildemente para o outro lado da plataforma
onde o calor do sol não queima e a sua luz não cega. Ali todo o tempo do mundo,
leia-se mais 10 minutos, estará disponíveis para você se torturar por perder
mais uma presença, a terceira consecutiva na aula, e com seu espírito
filosófico questione-se porque sempre deixa tudo para a última hora e odeie-se
mais um pouquinho por ter parado para tomar um café. Mas se não for suficiente,
ainda há mais 20 minutos de viagem de trem e 45 de D43 para se acusar e culpar.
Ou simplesmente se aprofunde na pergunta: por que a professora faz a chamada no
início da aula? Para receber a quarta falta seguida, repita todos os passos na
próxima terça-feira.
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