Reescrita
Por Aluno 29
Comparada à da maioria dos estudantes de letras, a minha
visão de leitura é algo heterodoxa e não foi um fator central da escolha do
curso. Sempre gostei de ler, mas uma leitura, provavelmente, diferente da dos
meus colegas de curso. Desde pequeno, fui incentivado tanto pelos meus pais
quanto pela escola a ler, como Rottava afirma ser necessário para um bom
desenvolvimento (2000, pag. 3); contudo, com a liberdade que me foi dada do que
ler, descobri que a minha paixão por livros não era a de ler contos, romances,
aventuras; era sobretudo leituras voltadas ao conhecimento acadêmico. Muitas
pessoas não consideram isso leitura, e os meus próprios colegas sugerem que não
a aprecio e de ser algo néscio quanto à literatura tradicional, mas tenho sim
prazer em ler. Também devoro livros tão rápido quanto eles, mas não são
clássicos da literatura ou o livro mais vendido do momento. Embora consiga
apreciar uma leitura assim, o que mais me interessa são assuntos diversos: Linguística,
Astronomia, História e até Biologia. Tenho mais de 100 artigos e livros de
linguística no meu acervo virtual. Não surpreendentemente, meu livro preferido
é Evolução das vogais nasais nas línguas latinas, assim acabo mentindo em vez de
me explicar quando me perguntam o meu livro preferido, pois muitas pessoas não
consideram isto “leitura”. Aliás, este foi o motivo de ter escolhido letras: a
ausência de um curso só voltado pra linguística.
Já
blasfemei bastante contra a literatura, e as aulas que envolviam autores,
escolas literárias e livros clássicos foram algo tediosas para mim no início do
semestre. Entretanto, conforme fui sendo exposto à literatura e incentivado, às
vezes de má forma, pelos meus colegas a dar uma oportunidade à leitura de
livros de romance propriamente dito, percebi que o martírio que me era antes
ler e estudar literatura não se tornou uma paixão, mas agora temos uma relação
muito mais amistosa, afinal gostos e preferências literárias não são traços
genéticos e biológicos senão algo aprendido e polido (BRITTO, 2012 p. 14).
Aproveitei a oportunidade para praticar as línguas que falo: Li O Apanhador no
Campo de Centeio e Hamlet em inglês e A Odisseia em espanhol e pretendo ler D.
Quixote no original também. Pude usufruir da leitura pelo enredo, pelas
questões apresentadas pelos professores e desenvolvi o meu próprio olhar
crítico, além de saber que ainda que não gostasse do livro no final, teria não
só praticado um idioma, mas aprendido muito mais, como o contexto social,
histórico e pensamentos pessoais dos autores dentro de cada livro, nas suas
entrelinhas, cenários e escolha lexical.
Ainda
me agrada muito mais ler um estudo sobre fonética que um romance, mas aprendi
que nenhuma leitura é inútil e que embora a autonomia e liberdade de escolher o
que queremos ler não é de nenhuma forma errada, devendo buscar sempre o
diferencial e o necessário (BRITTO, 2012, p. 14). Hoje sou muito mais
participativo nas aulas de literatura e já não me é uma experiência mortificante
ler algo que me pedem os professores, coisa que nunca fiz durante os meus anos
no colégio.
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