terça-feira, 15 de julho de 2014

Litera(tor)tura e eu

Reescrita
Por Aluno 29


           Comparada à da maioria dos estudantes de letras, a minha visão de leitura é algo heterodoxa e não foi um fator central da escolha do curso. Sempre gostei de ler, mas uma leitura, provavelmente, diferente da dos meus colegas de curso. Desde pequeno, fui incentivado tanto pelos meus pais quanto pela escola a ler, como Rottava afirma ser necessário para um bom desenvolvimento (2000, pag. 3); contudo, com a liberdade que me foi dada do que ler, descobri que a minha paixão por livros não era a de ler contos, romances, aventuras; era sobretudo leituras voltadas ao conhecimento acadêmico. Muitas pessoas não consideram isso leitura, e os meus próprios colegas sugerem que não a aprecio e de ser algo néscio quanto à literatura tradicional, mas tenho sim prazer em ler. Também devoro livros tão rápido quanto eles, mas não são clássicos da literatura ou o livro mais vendido do momento. Embora consiga apreciar uma leitura assim, o que mais me interessa são assuntos diversos: Linguística, Astronomia, História e até Biologia. Tenho mais de 100 artigos e livros de linguística no meu acervo virtual. Não surpreendentemente, meu livro preferido é Evolução das vogais nasais nas línguas latinas, assim acabo mentindo em vez de me explicar quando me perguntam o meu livro preferido, pois muitas pessoas não consideram isto “leitura”. Aliás, este foi o motivo de ter escolhido letras: a ausência de um curso só voltado pra linguística. 

            Já blasfemei bastante contra a literatura, e as aulas que envolviam autores, escolas literárias e livros clássicos foram algo tediosas para mim no início do semestre. Entretanto, conforme fui sendo exposto à literatura e incentivado, às vezes de má forma, pelos meus colegas a dar uma oportunidade à leitura de livros de romance propriamente dito, percebi que o martírio que me era antes ler e estudar literatura não se tornou uma paixão, mas agora temos uma relação muito mais amistosa, afinal gostos e preferências literárias não são traços genéticos e biológicos senão algo aprendido e polido (BRITTO, 2012 p. 14). Aproveitei a oportunidade para praticar as línguas que falo: Li O Apanhador no Campo de Centeio e Hamlet em inglês e A Odisseia em espanhol e pretendo ler D. Quixote no original também. Pude usufruir da leitura pelo enredo, pelas questões apresentadas pelos professores e desenvolvi o meu próprio olhar crítico, além de saber que ainda que não gostasse do livro no final, teria não só praticado um idioma, mas aprendido muito mais, como o contexto social, histórico e pensamentos pessoais dos autores dentro de cada livro, nas suas entrelinhas, cenários e escolha lexical.
            Ainda me agrada muito mais ler um estudo sobre fonética que um romance, mas aprendi que nenhuma leitura é inútil e que embora a autonomia e liberdade de escolher o que queremos ler não é de nenhuma forma errada, devendo buscar sempre o diferencial e o necessário (BRITTO, 2012, p. 14). Hoje sou muito mais participativo nas aulas de literatura e já não me é uma experiência mortificante ler algo que me pedem os professores, coisa que nunca fiz durante os meus anos no colégio.





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