terça-feira, 15 de julho de 2014

Qual é a relevância de estudar Literatura Brasileira?

1ª Versão
Por Aluno 15




É preciso estudar Literatura?

Essa pergunta já foi feita por diversos alunos do nosso país a professores e até mesmo para os pais. Quando em se tratando do ensino de Literatura Brasileira, as opiniões a respeito de sua relevância são extremamente heterogêneas. Existem os que acreditam que seja uma enorme “perda de tempo”, que a Literatura, em si, não serve para nada; assim como existem os que acreditam que a disciplina é de suma importância para o conhecimento da realidade e história. A respeito dessa polêmica e segundo entrevista feita com um jovem estudante da Universidade, ele afirma que, “Muitos tentam menosprezar o estudo da literatura pela sua suposta ausência de aplicação direta e objetiva, mas acredito que a disciplina é uma das maneiras mais eficientes de compreendermos os processos históricos e sociais que se sucederam em diferentes contextos.”

Mas, afinal, é preciso ou não é? Qual é a sua relevância?

O estudo da Literatura tem papel imprescindível quando em se tratando da possibilidade de consciência daquilo que somos e da insidência sobre a formação do espírito crítico, motor de toda evolução cultural. Menos sutil, a Literatura é mais uma das artes de expressão livre, em que o indivíduo pode se representar, dessa vez na forma de palavras. Álvares de Azevedo, por exemplo, é um dos inúmeros escritores que usou da Literatura como forma de devaneio, desabafo e refúgio de sua condição. Vítima de tuberculose e morto aos vinte e um anos, fez da prática literária um sonho: a vida que ele não teria tempo de conhecer; cheia de amores, sexo, bebidas, e etc.
Acerca desse tema, nosso entrevistado afirma que, “Por ser, como toda arte, fundamentada na subjetividade de seus autores, a literatura é bastante autêntica: é capaz de documentar histórias e dilemas de toda uma geração por meio de romances, contos e poesias.”
A Literatura faz, ainda, com que se aguce a criticidade, porque exercita o pensamento a respeito de outras épocas e valores morais, para que assim se crie uma opinião. É inviável lermos “As veias abertas da América Latina”, de Eduardo Galeano, e ficarmos apáticos, como latino americanos, com a exploração espanhola e portuguesa em nossas terras. É impossível não florescer no leitor algum sentimento: desde a raiva, até a revolta, a alegria ou a comoção. As obras literárias têm a capacidade de envolver-nos. E, quando nos deixamos envolver, é que nasce o espírito crítico, o questionamento. Por que aconteceu dessa forma? O que eu penso disso? O que eu faço a partir de agora? Essas perguntas ilustram a incomodação do leitor, e é esse incômodo que move o mundo, a cultura de uma população inteira. Imagine-se na época em que foi lançado o famoso “Mein Kampf” de Adolf Hitler. Um sentimento denso de humilhação e revolta tomava conta da Alemanha naquela época. Mediante essa atmosfera, recaía sobre os indivíduos tal obra, que os estimulara a refletir sobre a atual condição vivida. O senso crítico dos alemãs se aguçou de tal maneira que vivemos uma Segunda Guerra Mundial, extremamente atroz, que massacrou e matou milhões de pessoas. Hoje, possuímos discernimento para vermos essa obra como um instrumento de persuasão cruel. Mas não para o contexto da época. Nos dias atuais, não é muito diferente. Muitos livros caem em nossas mãos e fazem com que passamos a viver de forma distinta. Os livros têm o poder de mudar a história do mundo, desde Hitler até Karl Marx. É o motor da nossa evolução cultural.
Para ilustrar a sua opinião, nosso entrevistado alega que, “A literatura é capaz de despertar o senso crítico de maneira muito intensa, pois sua linguagem é artística, e manipula o idioma afim de de despertar diferentes sensações no leitor. Dessa forma, quaisquer denúncias ou críticas que sejam feitas atráves da literatura são potencialmente mais impactantes do que outras mais formais.” Finalmente, a Literatura é um dos meios mais fiéis de se conhecer a realidade. Ela é e foi um meio extremamente eficaz para que a história da humanidade fosse escrita. Muito do que está nos livros didáticos de História é crédito da Literatura. Um dos exemplos mais conhecidos e, ao mesmo tempo, mais relevante é a história da Grécia Antiga. Todo conhecimento que possuímos sobre o período Clássico advém das obras de Homero. “A Ilíada” e “A Odisséia” são as únicas fontes de pesquisa para sabermos sobre aquela época. É o nosso único instrumento. E apesar de, diversas vezes, questionada a verossimilhança das obras, não há, em todo o planeta, documento que prove o contrário. Há, ainda, outros episódios, mais atuais, que não são contados através da História, e sim da Literatura. É o exemplo do Massacre da Companhia Bananeira da United Fruit. É muito provável que você nunca tenha ouvido falar nesse episódio e isso é totalmente aceitável. Aliás e porque ele nunca apareceu em nenhum documento histórico, e sim no livro “Cem anos de Solidão”, do colombiano Gabriel García Márquez. Na obra, o personagem José Arcádio Segundo estava em meio à multidão que sofreu o massacre, pois era funcionário da Companhia United Fruit.
No entanto, ele escapa com vida. Quando retorna à sua casa e conta para sua família o que se passou, todos o contestam dizendo que não houve nenhuma chacina, que nada foi noticiado. Seu testemunho, então, é visto como o de um louco, nada confiável. Essa passagem da obra não deixa de ser uma crítica de García Márquez aos historiadores, que silenciaram esse episódio tão brutal por motivos políticos e etc.

Assim e mediante esses exemplos, é possível ilustrar como os estudos literários podem ser benéficos à formação de estudantes críticos e aguçados, capazes de contestar situações da realidade, com segurança e argumentação. Todavia, é incontestável que a Literatura pode narrar com alguma manipulação, da parte de alguns autores, e que nem sempre todos os episódios condizem, de fato, com a realidade. É evidente que não podemos ser ingênuos a ponto de excluir comprovações reais como imagens, documentos e etc. Em suma, o importante é não deixar-nos alienar com opiniões pessimistas a cerca da disciplina de Literatura Brasileira, que é de suma importância em nosso currículo escolar, e sempre deve ter espaço garantido.

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