sexta-feira, 16 de maio de 2014

Incessante busca

 1ª Versão
Por Aluno 17


    Comecei a trabalhar quando tinha apenas 9 anos. Gostava muito de crianças, e minha tia estava montando uma empresa de decorações para festas infantis. Ofereci-me logo para ajudar, e acabei inventando de me vestir de palhaça para animar as festinhas. Inventei um nome: Tatá. Saí para comprar os brinquedos, ou instrumentos de trabalho, com minha tia e foi muito divertido. Fiquei muito ansiosa por minha estreia. E foi logo na estreia que me traumatizei, as crianças arrancaram minha peruca, rasgaram a manga do meu macacão, me bateram, foi um horror. Aí vi que não gostava de crianças, e não gosto até hoje.
     Comecei ali minha vida profissional, não deu muito certo, mas não desisti, persisti por mais um ano. Fui promovida a recreacionista, pintava o rosto das crianças e fazia artes com balões, ainda trabalhava com as crianças, mas pelo menos não tinha de me vestir de palhaça. Depois disso, passei a monitora de playground, minha tia comprou brinquedos como cama elástica, piscina de bolinhas, gangorra, essas coisas. Eu ia mais para garantir o bom uso dos brinquedos, e auxiliar se precisasse... Nessa altura, já lidava bem melhor com as crianças.
     Até que já com 14 anos (e 5 anos de trabalho) minha tia alugou um espaço para vender os serviços, e eu garanti minha vaga lá. De cara já não simpatizei com as vendas, mas não queria voltar para as crianças. Então comecei a aprender a mexer no photoshop (programa que edita fotos) aprendi sozinha mesmo, aliás, tudo que eu fiz tive que aprender sozinha.
     Quando palhacinha procurava aprender brincadeiras e piadas novas para fazer com as crianças, como recreacionista, muitas revistas ensinando como manusear os balões e desenhar nossos rostos passaram pelas minhas mãos. E por fim, quando aceitei o desafio da edição de fotos, foram horas no Youtube vendo vídeos tutoriais que me ensinavam desde o mais básico. Eu sofri para aprender mas fiquei boa em tudo.
     Passei então a mexer com as fotos, envolvia muita criatividade e eu adorava aquilo. Fiquei mais ou menos um ano e meio só nas fotos, aí passei para os vídeos das festas. Meu tio, também dono da empresa, foi quem me propôs e proporcionou as ferramentas para praticar e aprender, eu adorava tudo o que fazia lá, mas tinha a sensação de que por nada ter sido planejado nem sonhado, não era a profissão que eu queria de verdade. Fiz cursos enquanto trabalhava lá, um de turismo e hotelaria e um de inglês.
     Resumindo um pouco o que aconteceu a seguir: Já tinha 16 anos (quase 17) quando saí da empresa de meus tios, em busca de descobrir minha vocação, que eu pensava ser na área do turismo (não sei até o hoje o porquê disso). Fiquei um mês em uma agência de viagens. Não era o que eu queria, me decepcionei demais. Larguei o emprego. Não direi que entrei em uma depressão porque hoje em dia acho que não foi tão grave, mas naquele momento, eu achava que era. Fiquei cerca de dois meses em casa, tentando fazer planos, olhando cursos nas universidades, desesperada por ler o nome de alguma profissão que como uma fórmula mágica me fizesse levantar da cama e ter vontade de fazer alguma coisa. Até que resolvi voltar a trabalhar, afinal eu precisava, estava no último ano do ensino médio e tinha que dar um rumo pra minha vida. Arranjei um emprego em uma loja de fotografias num shopping.
     Acabei o colégio, comecei um pré-vestibular e até duas semanas antes de abrirem as inscrições para o vestibular da UFRGS eu achava que queria medicina (???) até que vi na licenciatura uma chance de me encontrar. Larguei o emprego, estudei, passei no vestibular e no mesmo dia em que comecei as aulas, voltei para o meu antigo emprego, o que eu larguei em busca de me encontrar. Hoje eu já não penso mais em me encontrar, a procura me trouxe tantos aprendizados, acho que é nela que vou ficar.

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