sexta-feira, 16 de maio de 2014

Nem tudo é um mar de rosas

Reescrita
Por Aluno 40

Durante adolescência, o maior desejo de grande parte dos jovens é sair de casa e ser independente. Sentir a liberdade de chegar em casa a hora que bem entender, fazer festas pros amigos todo final de semana, não precisar prestar contas de onde e com quem esteve em determinado dia são fatores que implicam nessa “independência”. Comigo não foi diferente.
Então depois de toda aquela chatice do ensino médio, me mudei pra Porto Alegre. Bah, que maravilha não precisava mais ouvir toda noite aquele “tu ainda ta acordada? Mas já pra cama”, não tinha mais a mãe cuidando todos meus horários, não precisava mais ouvir aqueles “a hora do almoço é agora”, “ta na hora de ir pro banho”, “mas nunca tem tema pra fazer?”, “vai aprender o conteúdo do colégio no facebook?” ou seja, liberdade. Como se liberdade fosse apenas se livrar das frases repetitivas da mãe. Bom, no início foi tudo uma maravilha, conhecer um monte de gente nova, ir naquelas festas que meu irmão tanto falava e que eu adoraria ir, conhecer os tantos bares da cidade baixa, conhecer tantos lugares e mais festas.
Já que não tinha a mãe cuidando dos meus horários, não tinha rotina nenhuma. Acordava tarde, almoçava sanduiche e jantava torrada já que não sabia nem cozinhar. Até que certa noite, depois de um dia cansativo organizando o apartamento, fiquei encarregada de fazer a janta. Ok, pensei em fazer uma massa já que parecia uma coisa fácil de se fazer, era o que aparentava nas várias vezes que tinha visto minha mãe fazendo. Então pensei nos ingredientes, lembrava-me que minha mãe sempre usava um molho de tomate pronto na massa, fui procurar e nada de molho pronto em casa, o jeito seria eu mesma fazer um molho de cebola e tomate. Peguei a cebola, e, “mas como que corta esse negócio mesmo?” E o tomate, “tem que tirar a semente ou pode deixar?” Mas lógico que não iria ferir meu orgulho perguntando pro meu irmão como cortava cebola e tomate. Cortei tudo de qualquer forma, coloquei tudo na panela, coloquei o sal, e mais um pouco de sal então deixei cozinhando um tempo, cozinhei a massa e misturei tudo.

A massa pronta, todo mundo com muita fome, foi aquele “atacaaar”, a massa já não estava com uma aparecia muito boa e já na primeira garfada pode-se provar que o gosto também não. “Meu deus quanto sal tu colocou nessa massa?”, “que molho é esse?” foi o que eu ouvi. Acreditem, aquela foi a pior massa que eu comi na minha vida. De certa forma, a partir daí começou a “cair a ficha” de que nem tudo seria uma mar de rosas, não seriam só festas e diversão, mas eu teria muita coisa pra aprender, que quando tu divide apartamento com pessoas que mal conhece tu tem uma responsabilidade dobrada, tu tem teus limites dentro desse meio, não pode deixar tua louça suja esperando que alguém lave, não vai deixar de limpar o que te foi estipulado naquela semana, e claro não vai deixar de fazer uma janta gostosa quando num outro dia alguém fez a janta pra ti. Foram inúmeras ligações pra minha mãe “mãe como faz isso? Como faz aquilo? Quanto de tal coisa precisa em tal comida” e quando percebi já estavam elogiando os pratos que eu fazia.

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