Reescrita
Por Aluno 40
Durante adolescência, o maior desejo de grande parte dos jovens é sair
de casa e ser independente. Sentir a liberdade de chegar em casa a hora que bem
entender, fazer festas pros amigos todo final de semana, não precisar prestar
contas de onde e com quem esteve em determinado dia são fatores que implicam
nessa “independência”. Comigo não foi diferente.
Então depois de toda aquela chatice do ensino médio, me mudei pra Porto
Alegre. Bah, que maravilha não precisava mais ouvir toda noite aquele “tu ainda
ta acordada? Mas já pra cama”, não tinha mais a mãe cuidando todos meus
horários, não precisava mais ouvir aqueles “a hora do almoço é agora”, “ta na
hora de ir pro banho”, “mas nunca tem tema pra fazer?”, “vai aprender o
conteúdo do colégio no facebook?” ou seja, liberdade. Como se liberdade fosse
apenas se livrar das frases repetitivas da mãe. Bom, no início foi tudo uma
maravilha, conhecer um monte de gente nova, ir naquelas festas que meu irmão
tanto falava e que eu adoraria ir, conhecer os tantos bares da cidade baixa,
conhecer tantos lugares e mais festas.
Já que não tinha a mãe cuidando dos meus horários, não tinha rotina
nenhuma. Acordava tarde, almoçava sanduiche e jantava torrada já que não sabia
nem cozinhar. Até que certa noite, depois de um dia cansativo organizando o
apartamento, fiquei encarregada de fazer a janta. Ok, pensei em fazer uma massa
já que parecia uma coisa fácil de se fazer, era o que aparentava nas várias
vezes que tinha visto minha mãe fazendo. Então pensei nos ingredientes,
lembrava-me que minha mãe sempre usava um molho de tomate pronto na massa, fui
procurar e nada de molho pronto em casa, o jeito seria eu mesma fazer um molho
de cebola e tomate. Peguei a cebola, e, “mas como que corta esse negócio mesmo?”
E o tomate, “tem que tirar a semente ou pode deixar?” Mas lógico que não iria
ferir meu orgulho perguntando pro meu irmão como cortava cebola e tomate. Cortei
tudo de qualquer forma, coloquei tudo na panela, coloquei o sal, e mais um
pouco de sal então deixei cozinhando um tempo, cozinhei a massa e misturei tudo.
A massa pronta, todo mundo com muita fome, foi aquele “atacaaar”, a
massa já não estava com uma aparecia muito boa e já na
primeira garfada pode-se provar que o gosto também não. “Meu deus quanto sal tu
colocou nessa massa?”, “que molho é esse?” foi o que eu ouvi. Acreditem, aquela
foi a pior massa que eu comi na minha vida. De certa forma, a partir daí começou
a “cair a ficha” de que nem tudo seria uma mar de rosas, não seriam só festas e
diversão, mas eu teria muita coisa pra aprender, que quando tu divide
apartamento com pessoas que mal conhece tu tem uma responsabilidade dobrada, tu
tem teus limites dentro desse meio, não pode deixar tua louça suja esperando
que alguém lave, não vai deixar de limpar o que te foi estipulado naquela
semana, e claro não vai deixar de fazer uma janta gostosa quando num outro dia
alguém fez a janta pra ti. Foram inúmeras ligações pra minha mãe “mãe como faz
isso? Como faz aquilo? Quanto de tal coisa precisa em tal comida” e quando
percebi já estavam elogiando os pratos que eu fazia.
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