sábado, 24 de maio de 2014

Perdido

Reescrita
Por Aluno 4


A menina estava sentada no sofá pronta para chorar, apenas esperando os pais chegarem.  Ela já perderá toda a vontade de ver televisão e sem nada para fazer, começou a se lembrar como um dia aparentemente normal se tornou aquela confusão que agora a fazia querer que seus pais chegassem logo.
Tudo começou em uma tarde comum de sábado, na qual uma pequena menina de dez anos assistia desenho. No meio do programa, seus pais a avisaram que iriam ao supermercado. Sem dar muita atenção aos pais ela disse que preferia ficar em casa vendo seu desenho, eles concordaram, pois assim seria mais fácil fazer as compras. Deram-lhe mais algumas advertências sobre ficar sozinha (sem a presença de nenhum adulto), porem ela não prestou a devida atenção, essa que estava toda concentrada na televisão. Eles então partiram.
O desenho acabou então a menina foi brincar no seu quarto. No meio do caminho ela percebeu que o quarto do irmão estava vazio, o que não era normal, também notou que o irmão não fazia barulho algum, coisa que não é comum para uma criança de dois anos como ele.  Então começou a procurar o irmão em cada cômodo da casa.
A casa não era grande, tinha três quartos, um banheiro e uma sala, mas quando tinha que se encontrar alguma coisa lá dentro e principalmente algo tão importante como o irmão, ela se tornava duas vezes maior, com a infinidade de lugares em que a criança menor poderia estar. A menina procurou primeiro nos lugares óbvios e sem resultados começou a chamar pelo nome do irmão, porem ele não respondia. Isso quase a assustou, mas ela lembrou que ele poderia estar se escondendo, como uma tentativa de brincar com ela, o que explicaria ele não ter respondido. Mais calma ela voltou a procurar, agora em lugares mais difíceis de encontrar alguém, como dentro da geladeira.
Depois de minutos que mais pareciam horas, ainda não havia nenhuma pista de onde o menino poderia estar.  Assim que revisou, talvez, pela quarta vez o quarto do pequeno um medo começou a lhe subir pelo corpo, medo de não encontrar o seu irmão e de seus pais brigarem com ela.  Com tudo isso em jogo a filha mais velha começou a chorar.
O medo era tanto que mesmo aos prantos ela não conseguia parar de tentar encontrar o irmão, sendo que já tinha praticamente revirado a casa de cabeça para baixo. Assim como uma lâmpada acendendo em sua cabeça, ela teve a brilhante idéia de ligar para os seus pais e contar o que aconteceu e também perguntar se por acaso o menino não tinha ido ao supermercado com eles. Sem pensar duas vezes a menina foi correndo em direção ao telefone.
Ela começou discando alguns números do telefone do pai dela, mas antes que terminasse de discar os números outro pensamento lhe veio á mente. Se seu irmão estivesse com seus pais isso seria um alivio, sem duvidas, entretanto quando chegassem em casa eles iriam brigar com ela por ser desatenta e por não ser responsável para cuidar do irmão mais novo, pelo menos era isso que ela pensava.
No fundo a menina sabia que ela deveria ligar para os pais que são adultos e cuidariam da situação, caso seu irmão não estivesse com eles, e também havia grandes chances do menino estar com os seus pais, mas o medo era maior. Maior que qualquer coragem ou senso de razão, que poderia existir dentro da pequena e jovem menina. Ela não lidava bem com recriminações, e era ainda pior quando se tratavam da falta de responsabilidade dela com o mais novo e no momento a situação tinha juntado as duas coisas.
O medo venceu. Ela colocou o telefone no gancho e pela primeira vez desde que notou o sumiço do irmão, agiu com um ato tão infantil (mais do que ignorar os pais) de se sentar no sofá, agarrada nas pernas tentando não chorar enquanto esperava seus pais chegarem.
Nem ela conseguia acreditar em como tudo aquilo tinha acontecido tão rápido. Tudo que ela queria era voltar no tempo, desligar a televisão e ir ao supermercado com os pais e (possivelmente) o irmão. Contudo agora já era tarde. Depois de, novamente, horas que na verdade eram apenas alguns minutos, ela ouviu o barulho do carro e foi correndo para a janela.
Assim que o carro parou a menina segurou o ar e cruzou os dedos rezando para que seu irmão saísse de lá. A primeira pessoa que desceu do carro foi a mãe dela, logo em seguida o pai. O pai foi direto em direção ao porta-malas para pegar as compras. A mãe pareceu segui-lo, e a menina agarrou-se mais ainda na janela rezando para que a mulher abrisse a porta do passageiro e tirasse o menino do carro.
Nunca a menina sentiu tanto alivio na vida como quando a mãe tirou o menino do carro que saiu feliz com um carrinho de brinquedo na mão. No segundo em que eles entraram em casa a menina agarrou o irmão, pegando-o no colo e o enchendo de beijos, o menino reclamou um pouco, mas a menina não estava disposta a largar ele então ele desistiu de resistir e ficou falando do brinquedo novo. A mãe suspeitou a incomum demonstração de carinho dos irmãos e perguntou se estava tudo bem. A menina assentiu, colocou o irmão no chão e para evitar mais perguntas foi ajudar o pai a tirar as compras do carro.
Mesmo seguindo seus instintos e não ligando para os pais ela sabia que aquela não foi a melhor solução e muito menos o que seus pais teriam feito na situação dela, porem isso não foi o que ela mais aprendeu naquele dia. Enquanto ajudava o pai, a menina jurou a si mesma nunca mais ser tão desatenta, e também que prestaria mais atenção no seu irmão mais novo, para que isso nunca mais acontecesse de novo, ela aprendeu o quão importante pode ser a atenção.


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