Reescrita
Por Aluno 4
A menina
estava sentada no sofá pronta para chorar, apenas esperando os pais chegarem. Ela já perderá toda a vontade de ver televisão
e sem nada para fazer, começou a se lembrar como um dia aparentemente normal se
tornou aquela confusão que agora a fazia querer que seus pais chegassem logo.
Tudo começou
em uma tarde comum de sábado, na qual uma pequena menina de dez anos assistia
desenho. No meio do programa, seus pais a avisaram que iriam ao supermercado. Sem
dar muita atenção aos pais ela disse que preferia ficar em casa vendo seu
desenho, eles concordaram, pois assim seria mais fácil fazer as compras.
Deram-lhe mais algumas advertências sobre ficar sozinha (sem a presença de
nenhum adulto), porem ela não prestou a devida atenção, essa que estava toda
concentrada na televisão. Eles então partiram.
O desenho
acabou então a menina foi brincar no seu quarto. No meio do caminho ela
percebeu que o quarto do irmão estava vazio, o que não era normal, também notou
que o irmão não fazia barulho algum, coisa que não é comum para uma criança de
dois anos como ele. Então começou a
procurar o irmão em cada cômodo da casa.
A casa não era
grande, tinha três quartos, um banheiro e uma sala, mas quando tinha que se
encontrar alguma coisa lá dentro e principalmente algo tão importante como o irmão,
ela se tornava duas vezes maior, com a infinidade de lugares em que a criança
menor poderia estar. A menina procurou primeiro nos lugares óbvios e sem
resultados começou a chamar pelo nome do irmão, porem ele não respondia. Isso
quase a assustou, mas ela lembrou que ele poderia estar se escondendo, como uma
tentativa de brincar com ela, o que explicaria ele não ter respondido. Mais
calma ela voltou a procurar, agora em lugares mais difíceis de encontrar
alguém, como dentro da geladeira.
Depois de minutos
que mais pareciam horas, ainda não havia nenhuma pista de onde o menino poderia
estar. Assim que revisou, talvez, pela
quarta vez o quarto do pequeno um medo começou a lhe subir pelo corpo, medo de
não encontrar o seu irmão e de seus pais brigarem com ela. Com tudo isso em jogo a filha mais velha
começou a chorar.
O medo era
tanto que mesmo aos prantos ela não conseguia parar de tentar encontrar o
irmão, sendo que já tinha praticamente revirado a casa de cabeça para baixo. Assim
como uma lâmpada acendendo em sua cabeça, ela teve a brilhante idéia de ligar
para os seus pais e contar o que aconteceu e também perguntar se por acaso o
menino não tinha ido ao supermercado com eles. Sem pensar duas vezes a menina
foi correndo em direção ao telefone.
Ela começou
discando alguns números do telefone do pai dela, mas antes que terminasse de
discar os números outro pensamento lhe veio á mente. Se seu irmão estivesse com
seus pais isso seria um alivio, sem duvidas, entretanto quando chegassem em
casa eles iriam brigar com ela por ser desatenta e por não ser responsável para
cuidar do irmão mais novo, pelo menos era isso que ela pensava.
No fundo a
menina sabia que ela deveria ligar para os pais que são adultos e cuidariam da situação,
caso seu irmão não estivesse com eles, e também havia grandes chances do menino
estar com os seus pais, mas o medo era maior. Maior que qualquer coragem ou
senso de razão, que poderia existir dentro da pequena e jovem menina. Ela não
lidava bem com recriminações, e era ainda pior quando se tratavam da falta de
responsabilidade dela com o mais novo e no momento a situação tinha juntado as
duas coisas.
O medo venceu.
Ela colocou o telefone no gancho e pela primeira vez desde que notou o sumiço
do irmão, agiu com um ato tão infantil (mais do que ignorar os pais) de se
sentar no sofá, agarrada nas pernas tentando não chorar enquanto esperava seus
pais chegarem.
Nem ela
conseguia acreditar em como tudo aquilo tinha acontecido tão rápido. Tudo que
ela queria era voltar no tempo, desligar a televisão e ir ao supermercado com
os pais e (possivelmente) o irmão. Contudo agora já era tarde. Depois de,
novamente, horas que na verdade eram apenas alguns minutos, ela ouviu o barulho
do carro e foi correndo para a janela.
Assim que o
carro parou a menina segurou o ar e cruzou os dedos rezando para que seu irmão
saísse de lá. A primeira pessoa que desceu do carro foi a mãe dela, logo em
seguida o pai. O pai foi direto em direção ao porta-malas para pegar as
compras. A mãe pareceu segui-lo, e a menina agarrou-se mais ainda na janela
rezando para que a mulher abrisse a porta do passageiro e tirasse o menino do
carro.
Nunca a menina
sentiu tanto alivio na vida como quando a mãe tirou o menino do carro que saiu
feliz com um carrinho de brinquedo na mão. No segundo em que eles entraram em
casa a menina agarrou o irmão, pegando-o no colo e o enchendo de beijos, o
menino reclamou um pouco, mas a menina não estava disposta a largar ele então
ele desistiu de resistir e ficou falando do brinquedo novo. A mãe suspeitou a
incomum demonstração de carinho dos irmãos e perguntou se estava tudo bem. A
menina assentiu, colocou o irmão no chão e para evitar mais perguntas foi
ajudar o pai a tirar as compras do carro.
Mesmo seguindo
seus instintos e não ligando para os pais ela sabia que aquela não foi a melhor
solução e muito menos o que seus pais teriam feito na situação dela, porem isso
não foi o que ela mais aprendeu naquele dia. Enquanto ajudava o pai, a menina
jurou a si mesma nunca mais ser tão desatenta, e também que prestaria mais
atenção no seu irmão mais novo, para que isso nunca mais acontecesse de novo,
ela aprendeu o quão importante pode ser a atenção.
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