1ª
Versão
Por Aluno 15
Até os meus 15 anos eu realmente não
tinha a menor ideia do que eu faria da minha vida. Nunca fui confusa em relação
ao que não queria, no entanto, quando em se tratando do que eu queria, eu nunca
sabia dizer uma coisa só. Foi nesse período de muitas dúvidas que comecei uma
etapa de exaustivas e estranhas experiências profissionais que, apesar dos
estresses, foram aprendizados valiosos. Tudo começou quando aos 16 anos pensei
em ser médica. Eu adorava o House. E calhou de minha melhor amiga ter uma mãe
que era, além chefe do departamento de Ginecologia e Obstetrícia de um
hospital-escola, muito legal. Convidou-me para conhecer o trabalho dos médicos,
e a partir de então eu passava os meus sábados inteiros dentro de um hospital.
E eu achava tudo um barato. Principalmente quando eu ganhava amostras grátis de
remédios pra rinite. Um barato, literalmente. Mas com o tempo fui percebendo
que Medicina não era carreira para mim, que aquilo tudo não tinha nada a ver
com o House, e pior: cada parto que eu via me dava vontade de desmaiar junto
com o pai.
Não satisfeita, no ano seguinte fui
trabalhar em um consultório dentário. Foi meu primeiro trabalho remunerado e eu
estava pretendendo juntar uma “graninha” para viajar. Com o meu primeiro
salário eu comprei um livro do Leminski e o troco gastei em comida. Não tanta
comida, porque, na realidade, eu ganhava uma “merreca”. Nessa mesma fase
conheci meu namorado. Ele morava em Porto Alegre e eu em Caxias do Sul. E isso
gerou a minha total e completa falência. Precisava gastar meu salário em passagem
de ônibus para nos vermos, sem contar todas aquelas coisas que a gente faz em
começo de relacionamento - como gastar metade do seu salário em um presentinho
pro “love”. Mas certamente eu aprendi a economizar. Aprendi a ter
responsabilidade com dinheiro e gastar com o necessário.
No semestre seguinte, a coisa mudou:
foi o momento da virada. Consegui um emprego de ajudante para uma professora de
redação. Lia muito, me informava muito, levava trabalho para casa e tive que
aprender a gramática. Virei “expert” em dissertações com o tema “Copa do mundo”
e “Você é a favor da redução da maioridade penal?”. E o melhor, além do
crescimento pessoal, aprendi muito sobre a profissão que eu pretendia seguir.
Essas experiências profissionais
agregaram muito em minha vida. Minha mãe disse que criei juízo. De fato. Mas
prefiro chamar de responsabilidade. Nada foi fácil naquele período. Estudar e
trabalhar exige rotina e compromisso. Porém vale a pena. Quando vi meu nome no
listão da UFRGS, fui grata a tudo que passei e a todos que participaram de
alguma forma das experiências que me fizeram chegar até aqui. Hoje, morando
sozinha, cuido do meu “dinheirinho”, das coisas que comprei com esforço e das
que meus pais me deram. Sou uma mulher mais madura.
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