sexta-feira, 16 de maio de 2014

Trabalhar é crescer

1ª Versão
Por Aluno 15

Até os meus 15 anos eu realmente não tinha a menor ideia do que eu faria da minha vida. Nunca fui confusa em relação ao que não queria, no entanto, quando em se tratando do que eu queria, eu nunca sabia dizer uma coisa só. Foi nesse período de muitas dúvidas que comecei uma etapa de exaustivas e estranhas experiências profissionais que, apesar dos estresses, foram aprendizados valiosos. Tudo começou quando aos 16 anos pensei em ser médica. Eu adorava o House. E calhou de minha melhor amiga ter uma mãe que era, além chefe do departamento de Ginecologia e Obstetrícia de um hospital-escola, muito legal. Convidou-me para conhecer o trabalho dos médicos, e a partir de então eu passava os meus sábados inteiros dentro de um hospital. E eu achava tudo um barato. Principalmente quando eu ganhava amostras grátis de remédios pra rinite. Um barato, literalmente. Mas com o tempo fui percebendo que Medicina não era carreira para mim, que aquilo tudo não tinha nada a ver com o House, e pior: cada parto que eu via me dava vontade de desmaiar junto com o pai.
Não satisfeita, no ano seguinte fui trabalhar em um consultório dentário. Foi meu primeiro trabalho remunerado e eu estava pretendendo juntar uma “graninha” para viajar. Com o meu primeiro salário eu comprei um livro do Leminski e o troco gastei em comida. Não tanta comida, porque, na realidade, eu ganhava uma “merreca”. Nessa mesma fase conheci meu namorado. Ele morava em Porto Alegre e eu em Caxias do Sul. E isso gerou a minha total e completa falência. Precisava gastar meu salário em passagem de ônibus para nos vermos, sem contar todas aquelas coisas que a gente faz em começo de relacionamento - como gastar metade do seu salário em um presentinho pro “love”. Mas certamente eu aprendi a economizar. Aprendi a ter responsabilidade com dinheiro e gastar com o necessário.
No semestre seguinte, a coisa mudou: foi o momento da virada. Consegui um emprego de ajudante para uma professora de redação. Lia muito, me informava muito, levava trabalho para casa e tive que aprender a gramática. Virei “expert” em dissertações com o tema “Copa do mundo” e “Você é a favor da redução da maioridade penal?”. E o melhor, além do crescimento pessoal, aprendi muito sobre a profissão que eu pretendia seguir.
Essas experiências profissionais agregaram muito em minha vida. Minha mãe disse que criei juízo. De fato. Mas prefiro chamar de responsabilidade. Nada foi fácil naquele período. Estudar e trabalhar exige rotina e compromisso. Porém vale a pena. Quando vi meu nome no listão da UFRGS, fui grata a tudo que passei e a todos que participaram de alguma forma das experiências que me fizeram chegar até aqui. Hoje, morando sozinha, cuido do meu “dinheirinho”, das coisas que comprei com esforço e das que meus pais me deram. Sou uma mulher mais madura.


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