sábado, 17 de maio de 2014

Free Hugs (ou, Óinnnnnn)

1ª Versão
Por Aluno 28


Sabe aqueles dias em que a gente não sabe o porquê, mas não está feliz? Nenhuma roupa fica bem; o chocolate acabou; as mínimas coisas causam irritação; barulhos que nunca incomodaram, atordoam. E nada, nada diferente aconteceu para que se pudesse justificar isso tudo. A sua vida está tão perfeita, ou tão imperfeita quanto estava ontem, só que ontem estava tudo bem.
O máximo que o autoconhecimento havia me dado para lidar com estes dias, era
a) capacidade para percebê-los nas primeiras duas horas depois de iniciados os sintomas, e
b) consciência para manter-me, dentro do possível, afastada das pessoas potencialmente capazes de levar “patadas” minhas; ou capazes de perderem elas, a paciência comigo e aí, ouvir eu, impropérios delas. Sabe como é, intimidade é brabo mesmo; traz muita coisa boa, mas tem este perigo junto. E este caminho só faz com que se prolonguem, ainda mais, estes terríveis dias.
Pois bem, eu estava num dia assim, e nestes dias, mesmo que você não fale nada, a sua cara, a sua expressão, ela não deixa dúvidas de que você não está no seu melhor humor. Passei a tarde junto com minha filha e nada de muito tenso aconteceu entre nós. A noitinha, quando meu marido chegou em casa, cumprimentou-me com um cordial:
__Tudo bem?  - ao que, sabe se lá por qual razão, não gostei muito. Respondi com um muxoxo.
__Tá com alguma dor?  
__Não.  
__Aconteceu alguma coisa?
__Não.
Aí, o querido já começou a pensar em perder a paciência (provavelmente alguma coisa não estava muito 100% com ele também, ou não).
__Mas o que é que há contigo?
E minha filha, que é um anjo, do alto da sua sabedoria dos 8 anos disse:
__Papai, tu não ta vendo que ela só precisa de um abraço?
Óinnnnnn... Depois desse dia, tive, é claro, muitos outros dias ruins, mas sempre me lembro do que minha filha disse, e isso reconforta e acalma muito, e busco nos abraços dos meus queridos, a ajuda que aplaca esse desconforto inominado. E também muitos outros.
Ela sempre disse preferir abraços a beijos; e me fez pensar sobre esta preferência. O fato é que os abraços têm o dom de espremer o que é ruim pra fora, e de fixar, as coisas boas, dentro do coração.
Sim, eu acredito em fadas, em anjos e no poder do amor.



Nenhum comentário:

Postar um comentário