sexta-feira, 16 de maio de 2014

Nem tudo é um mar de rosas

1ª Versão
Por Aluno 40



Durante adolescência, o maior desejo de grande parte dos jovens é sair de casa e ser independente. Sentir a liberdade de chegar em casa a hora que bem entender, fazer festas pros amigos todo final de semana, não precisar prestar contas de onde e com quem esteve em determinado dia são fatores que implicam nessa “independência”. Comigo não foi diferente.
A única certeza que eu tinha durante minha adolescência era que assim que terminasse o ensino médio sairia da casa de meus pais. Não seria uma independência plena, pois eles continuariam me sustentando e teria meu irmão pra ajudar nos momentos difíceis, mas mesmo assim, eu teria uma casa pra cuidar, contas a pagar, comida, roupas pra lavar, horários a cumprir. Mas era isso que eu queria, não poderia passar a vida toda dependendo das gentilezas da minha mãe, que fazia questão de deixar o almoço pronto e a roupa lavada, eu precisava aprender a me virar sozinha, precisava abandonar aquela vida.
Então vim pra Porto Alegre, teve a mudança, teve festa, conheci pessoas, e desde o início já adorei esse novo meio em que me encontrava. Até que chegou o domingo à noite e entre uma organização da mudança aqui, uma pintura ali, meu irmão pediu pra fazer a janta. E agora? Eu não sei nem fazer massa e vou ter que fazer uma massa com molho? Acreditem, aquela foi a pior massa que eu comi na minha vida. E assim começou a “cair a ficha” de que nem tudo seria uma mar de rosas, que teria muita coisa pra aprender, que quando tu divide apartamento com pessoas que mal conhece tu tem uma responsabilidade dobrada, tu tem teus limites dentro desse meio, não pode deixar tua louça suja esperando que alguém lave, não vai deixar de limpar o que te foi estipulado naquela semana, e claro não vai deixar de fazer uma janta gostosa quando num outro dia alguém fez a janta pra ti.

Foram inúmeras ligações pra minha mãe “mãe como faz isso? Como faz aquilo? Quanto de tal coisa precisa em tal comida” e quando percebi já estavam elogiando os pratos que eu fazia. E foi assim com outros fatores, como me localizar numa cidade que não conhecia e muito maior da que eu vim. Perceber que aqueles 50 reais que gastava facilmente numa festa poderia fazer falta nas compras do mercado daquela semana. Tem dia pra pagar o aluguel. Tem hora pra fazer barulho. E com o tempo aquelas obrigações horrorosas não passam de rotina, que se tu não fizer teus afazeres, ninguém vai fazer por ti, e aquelas pessoas que tu mal conhecia já são a tua família.

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