Reescrita
Por Aluno 7
Desde
o jardim de infância até os meus onze anos de idade estudei em um mesmo
colégio, esse administrado por freiras. Não havia do que reclamar quando se
tratava do ambiente escolar, tudo era muito limpo: banheiros, corredores, salas
de aula... os funcionários eram muito educados e atenciosos, não hesitavam em
ajudar algum pai ou mãe que necessitasse de auxilio ou em socorrer algum aluno
machucado durante o intervalo.
Minha
relação com meus colegas de classe já não era das mais agradáveis, eu tinha
apenas uma amiga e os demais (principalmente os meninos) se divertiam ao zombar
de mim pelos mais variados motivos, como quando meu pai começou a me levar para
a escola com sua Kombi, veículo que ele utilizava para trabalhar. Gostavam de
ressaltar minha magreza, feiura e total inabilidade para os esportes quando
comparada às minhas colegas ou ridicularizar meu jeito diferente de me vestir
nos dias em que o uso do uniforme não era obrigatório só pelo fato de eu não
usar o que todo o resto das meninas adoravam na época: as malditas calças de
suplex.
Em
2005, por motivos financeiros minha mãe decidiu matricular eu e meu irmão em um
colégio público. Fui parar no Instituto de Educação General Flores da Cunha,
onde entrei em contato com uma estrutura completamente diferente: as salas,
corredores e banheiros eram sujos, um grande contraste quando comparado ao
antigo colégio quase todo em tons claros. Lá engoli todo o meu preconceito em
relação às escolas públicas, apesar da infraestrutura falha e a frequente falta
de professores, me senti muito melhor acolhida, querida e
valorizada nesse novo ambiente. Meus novos colegas não questionavam o meio de
transporte utilizado para chegar até a escola, o porquê de eu gostar de me vestir
diferente da maioria das meninas e nem se importavam se eu era magra ou gorda
demais. Eles eram dos mais variados bairros, classes sociais e gostos musicais,
algo bem difícil de vivenciar no ensino privado.
Durante todo meu ensino fundamental cresci com
uma imagem distorcida de mim mesma, como se me diferenciar da maioria fosse
algo negativo. A partir da mudança de colégio percebi qye não havia nada de
errado comigo e sim com meus antigos colegas por não serem capazes lidar com as
diferenças. Ao longo do tempo venho desconstruindo essa minha imagem distorcida
que me acompanhou por tantos anos, com a ajuda de amigos queridos que conheci
graças a mudança e me acompanham até hoje.
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