sexta-feira, 16 de maio de 2014

Os errados eram eles, não eu.

Reescrita
Por Aluno 7




        Desde o jardim de infância até os meus onze anos de idade estudei em um mesmo colégio, esse administrado por freiras. Não havia do que reclamar quando se tratava do ambiente escolar, tudo era muito limpo: banheiros, corredores, salas de aula... os funcionários eram muito educados e atenciosos, não hesitavam em ajudar algum pai ou mãe que necessitasse de auxilio ou em socorrer algum aluno machucado durante o intervalo.
       Minha relação com meus colegas de classe já não era das mais agradáveis, eu tinha apenas uma amiga e os demais (principalmente os meninos) se divertiam ao zombar de mim pelos mais variados motivos, como quando meu pai começou a me levar para a escola com sua Kombi, veículo que ele utilizava para trabalhar. Gostavam de ressaltar minha magreza, feiura e total inabilidade para os esportes quando comparada às minhas colegas ou ridicularizar meu jeito diferente de me vestir nos dias em que o uso do uniforme não era obrigatório só pelo fato de eu não usar o que todo o resto das meninas adoravam na época: as malditas calças de suplex.
      Em 2005, por motivos financeiros minha mãe decidiu matricular eu e meu irmão em um colégio público. Fui parar no Instituto de Educação General Flores da Cunha, onde entrei em contato com uma estrutura completamente diferente: as salas, corredores e banheiros eram sujos, um grande contraste quando comparado ao antigo colégio quase todo em tons claros. Lá engoli todo o meu preconceito em relação às escolas públicas, apesar da infraestrutura falha e a frequente falta de professores, me senti muito melhor acolhida, querida e valorizada nesse novo ambiente. Meus novos colegas não questionavam o meio de transporte utilizado para chegar até a escola, o porquê de eu gostar de me vestir diferente da maioria das meninas e nem se importavam se eu era magra ou gorda demais. Eles eram dos mais variados bairros, classes sociais e gostos musicais, algo bem difícil de vivenciar no ensino privado.

      Durante todo meu ensino fundamental cresci com uma imagem distorcida de mim mesma, como se me diferenciar da maioria fosse algo negativo. A partir da mudança de colégio percebi qye não havia nada de errado comigo e sim com meus antigos colegas por não serem capazes lidar com as diferenças. Ao longo do tempo venho desconstruindo essa minha imagem distorcida que me acompanhou por tantos anos, com a ajuda de amigos queridos que conheci graças a mudança e me acompanham até hoje.         

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