Reescrita
Por Aluno 17
Comecei a trabalhar quando tinha
apenas 9 anos. Gostava muito de crianças, e minha tia estava montando uma
empresa de decorações para festas infantis. Ofereci-me logo para ajudar, e
acabei inventando de me vestir de palhaça para animar as festinhas achando que
ia me divertir com os pequenos. Inventei um nome: Tatá. Saí com minha tia para
comprar os brinquedos, ou instrumentos de trabalho, e foi muito divertido,
fomos a muitas lojas de fantasias e brinquedos e eu achei tudo o máximo,
experimentar as roupas, brincar com os apetrechos, etc. Depois das compras fiquei
muito ansiosa por minha estreia.
Logo em minha estreia me
traumatizei, as crianças arrancaram minha peruca, rasgaram a manga do meu
macacão, me bateram, riram de mim (no sentido ruim), foi um horror. Fiquei
traumatizada com o comportamento daqueles capetinhas em forma de humanos. E
olha que nessa época eu ainda era considerada uma criança julgando por meus 9
anos de idade. Mesmo assim, daquela fatídica estreia em diante fiquei com
aversão a qualquer criança.
Comecei ali minha vida
profissional, mesmo com o primeiro fracasso, não desisti, continuei por mais um
ano enfrentando os capetinhas todos os finais de semana. Era uma tortura, mas eu
gostava de ter meu dinheiro, me sentia independente e madura quando contava às
pessoas que trabalhava, e no fundo não queria dar o braço a torcer desistindo
de tudo.
Cerca de um ano mais tarde fui “promovida”
a recreacionista, agora eu pintava o rosto das crianças e não o meu. Fazia arte
com balões e algumas brincadeiras. Passado um tempo como recreacionista eu
mudei novamente, desta vez eu era monitora de playground, minha tia comprou
brinquedos como cama elástica, piscina de bolinhas, gangorra, essas coisas. Eu
ia aos eventos para garantir o bom uso dos brinquedos e auxiliar se precisasse,
não necessitava muita interação com os pequenos. Nessa época eu já lidava bem
melhor com os pestinhas, me acostumei com as traquinagens e aprendi maneiras de
“adestrá-los”, fazê-los me respeitar e obedecer, ou pelo menos achava que conseguia fazer.
Com 14 anos comecei a trabalhar em
outra área e finalmente me livrei por completo da convivência com as crianças. O
período em que trabalhei com elas foram tempos difíceis, mas sei que aprendi
muito com tudo, inclusive com as próprias crianças. Apesar de hoje com 19 anos
ter 3 crianças na família, muita bagunça todos os finais de semana e dando boas
risadas olhando fotos do tempo da palhaça Tatá, sentir uma pontinha de saudade
desse tempo (não faço ideia por quê) não viveria aquilo de novo e ainda sou
convicta de que não quero filhos.
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