1ª
Versão
Por Aluno 8
Um grande momento na vida de alguém é
aquele que gera um aprendizado, que determina para sempre algum aspecto da vida
do indivíduo. Pode ser determinado por
um fato mais usual, como uma situação com a qual todos passam (perda de alguém,
uma formatura, transição de idade) ou algo mais raro (uma tragédia, uma
aventura).
No meu caso, um pouco dos dois. Aprendi
a enfrentar meus medos a partir de uma experiência dura, mas que me ajudou a
ver o quanto o suporte dos amigos e da família é necessário.
O curioso sobre o meu momento é que
ele não aconteceu diretamente comigo, mas recordo-me de cada detalhe desse dia,
de como me senti e do que aconteceu.
Era um dia que me sentia
particularmente exausta, faminta e entediada, porque acordara cedo, não tomara
café e era sábado de manha. Estava em um churrasco com meu pai, esperando
impacientemente pelo almoço. Finalmente, acabavam de colocar na minha frente um
bife suculento, que fora esperado por toda a manhã, quando o telefone tocou.
Atendi a ligação. Ouvi o que havia
para ser ouvido e voltei ao meu prato. Se pudesse descrever o desânimo depois
da notícia que tinha acabado de receber, seria dizendo o quão rápido a minha
fome cessou, a exaustão foi esquecida e o tédio virou então parte de um passado
feliz e distante, sem problemas.
Foram ditas apenas algumas palavras:
"Elisa, olha só". Achei estranho, ele nunca me chamava de Elisa. Era
sempre “gorda”, “girafa” ou “cabeça de batata”. "O que é que foi? Tô no
almoço” "Teve um acidente de carro. Minha mãe morreu".
Após essas sentenças minúsculas, muito
aconteceu. Recordo de ver a lista de passageiros com o nome da mãe de meu
melhor amigo nela, de sentir a atmosfera de desespero dos familiares e da
tristeza que assolava a todos. Mas isso não me comoveu tanto quanto a atitude
dele, que tinha 11 anos: a esperança incansável, o tocar do telefone, o
acompanhamento das notícias, tudo isso tão mórbido, tão duro para uma criança.
Talvez tenha sido essa dureza que nos
fez amadurecer. Um fator determinante de um aprendizado é que ele não só nos
faz crescer, como também é levado por toda a vida como um legado, algo que pode
ser ensinado às próximas gerações. Aprendi muito com o que aconteceu, talvez
até demais.
Aprendi a importância de apoiar meus
amigos até nos piores momentos, o quanto uma morte pode ser cruel e o quanto
somos frágeis. Após aquele período, vi como era possível crescer a partir de um
pesadelo, pois eu assisti meu amigo amadurecer junto comigo, superando a
tragédia.
Se fosse passar algo adiante hoje,
tentaria me espelhar na força dele e dizer que as piores experiências também
nos fazem melhores e mais realistas. Aquele mundo de fantasia, no qual a morte
jamais chegaria, havia acabado. Nós dois passamos a encarar o medo do fim como
uma realidade e dar suporte um ao outro. Usamos o passado para construir um
novo futuro, talvez um pouco mais pessimista, mas cheio de cooperação e
auxilio.
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