sábado, 17 de maio de 2014

A Pneumonia da Salvação

Reescrita
Por Aluno 23



Foi no ano de 2010 que recebi a fatídica notícia que mudaria completamente minha vida. Em uma noite de inverno, sentada na mesa de um bar, bebendo um vinho, meu namorado olhou nos meus olhos e disse: “Passei em um concurso e vou ir morar em Minas Gerais”.
Essa frase curta e direta tirou meu chão, minha surpresa foi tão grande que no primeiro momento torci para que ele desistisse. Não contei para ele minhas ideias tristes e dramáticas da nossa separação e fui me acostumando com a ideia, até que chegou um momento que compreendi a importância desse passo para a vida profissional dele.
Um mês antes da partida dele recebi uma ligação, era ele, voz fraca e abatida que não combinava com o tom brincalhão de todos os dias. Realmente não era a voz de todos os dias, ele ligara para dizer que estava no hospital tomando medicamento intravenoso por conta de uma pneumonia.
Em questão de minutos estava no hospital. Nunca o vi naquela situação, de preto estava branco, era a palidez da doença. Quando cheguei me recebeu com um sorriso, porque ele é um tipo raro, mesmo nas piores situações está sempre sorrindo. Foi entre uma agulhada e um soro que surgiu a conversa definitiva: vamos nos casar.
Não sei se foi a febre delirante ou a piedade por me ver tantos dias dormindo em um sofá de dois lugares, mas ele me olhou, já no último dia internado, e disse que seria fundamental o meu apoio em Minas. Abraçamos-nos por longos minutos e diferente das outras vezes nos beijamos com lágrimas nos olhos.
O dia tão esperado chegou, entramos no avião como crianças que conhecem pela primeira vez um circo, éramos só alegria. Chegamos a Três Corações, cidadezinha mineira parecida com as cidades da serra gaucha, porém sem frio. Trocamos alianças quando entramos na nossa  nova casa e foi então que dormimos nossa primeira noite como marido e mulher.
Hoje, três anos depois, moramos novamente em Porto Alegre e garanto que nunca imaginei casar aos 21 anos, morar fora do estado e ser uma dona de casa dedicada. Entretanto pensar em viver longe do meu namorado fez com que eu tomasse a decisão mais importante da minha vida: casar.



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