1ª
Versão
Por Aluno 16 e Aluno 26
O preconceito linguístico,
além de polêmico, é um assunto bastante atual e que gera muitas divergências
entre opiniões de leigos e estudiosos. Entende-se por preconceito linguístico o
julgamento depreciativo contra determinadas variedades
linguísticas, que englobam diversas áreas de estudo da língua e como ela
varia dependendo de um contexto. No entanto, essa aversão a uma linguagem
periférica provém de um ensino ditatorial gramaticalista, que julga o modo
certo e errado de falar, não permitindo a evolução da língua. Atualmente, é
bastante perceptível a busca de grande parte dos professores de língua
portuguesa por uma mudança nesse tipo de ideologia, na qual o que deve ser
ensinado nas escolas é o que está na gramática. Entretanto, o preconceito
linguístico ainda tem forte presença na sociedade atual.
Primeiramente, foram
escolhidas duas pessoas para responderem algumas questões a respeito desse
tema: uma delas tem maior contato com o assunto e a outra não tem nenhum. A
primeira questão que foi levantada visava detectar algum tipo de preconceito,
visto que é um assunto recorrente (e um tanto polêmico) nos dias de hoje. Os
entrevistados foram questionados se eles acreditam que a atual geração esteja
deteriorando a língua. Caso a resposta fosse sim, saberíamos que há certa visão
gramaticalista fruto de algumas escolas que valorizam somente a normatividade, já
que a palavra “deteriorando” sugere essa interpretação. De fato, as respostas
foram bem condizentes e não foi detectado nenhum julgamento direto vindo dos
entrevistados. Daniel Dalpizzolo[1]
respondeu que não acredita que haja uma deterioração nesse caso, mas que há sim
mudanças dialetais, como gírias específicas de certas comunidades periféricas.
Já Isadora Soares[2]
é mais sucinta e, portanto, objetiva em sua resposta: “Não, todas as gerações
recriam a língua, isso não significa empobrecimento nenhum.”. Pode-se perceber
que por Isadora entender mais sobre o assunto, a mesma garantiu um melhor
desempenho em sua resposta, sem permitir outras interpretações. Já Dalpizzolo
permite uma interpretação mais ampla, pois na parte em que ele cita as
“periferias”, deixa transparecer que apenas a periferia atribui gírias em seu
dialeto.
No livro “Preconceito Linguístico: O que é, Como se
faz”, de Marcos Bagno (1999), a língua portuguesa falada no Brasil é
apresentada como possuidora de uma enorme diversidade linguística, contendo
diversos dialetos vindos de todas as partes do país. Não é raro dizer que
muitas pessoas contêm um preconceito embutido relacionado à localização
geográfica de outros falantes. Segundo Daniel Dalpizzolo, ao ter contato com
outros dialetos que não o seu, a primeira reação é de estranhamento e depois de
curiosidade de saber de onde essas pessoas vêm. Diz ainda que, dependendo do
sotaque do falante, sua localidade é facilmente identificada. De fato, essa
informação procede, porém, de forma generalizada. Por exemplo, pelo sotaque,
sabe-se que um falante vem do nordeste, mas não se sabe de qual região do
nordeste, e para estudiosos da língua, é sabido que dentro de cada região
existem muitos dialetos e que cada um deles diz muito sobre a cultura de seu
falante, como foi dito pela aluna Isadora Soares.
Alguns estudos sobre
as variantes do “r” no português
brasileiro já foram feitos, comparando o /r/
pronunciado por pessoas de menor poder aquisitivo e por pessoas de maior poder
aquisitivo, e consequentemente, maior nível de escolarização. Por exemplo, a
palavra “sorvete” quando pronunciada por um falante de classe mais baixa, pode
ter o /r/ pronunciado de forma que, aqui no Brasil, seria considerado
“caipira”, mas que se comparado com o /r/ da palavra em inglês “word”, teria a
mesma fonética. Essa é uma forma explícita de preconceito linguístico, quando
uma letra pronunciada em português se torna “feia” aos ouvidos de algumas
pessoas, a mesma letra pronunciada foneticamente igual em inglês não tem
problema algum. De acordo com Isadora Soares, o nível sócio-cultural do falante
influencia na sua fala. Porém, não é sempre assim: ela acredita que a língua se
modifica mais conforme a formação pessoal de cada indivíduo. Claro que o nível
de escolarização afeta diretamente a fala de cada pessoa, e muitas vezes, acaba
denunciando sua classe social, como enfatizou Daniel Dalpizzolo.
A partir dessa
pesquisa, é possível concluir que os estudiosos da área de linguagens procuram
combater constantemente o preconceito linguístico tão enraizado em nossa
sociedade e que abraça boa parte da população, a qual não se mantém atualizada
sobre os estudos linguísticos e sabe apenas o que aprendeu na escola: o ensino
ditador do “certo” e do “errado”. Na
entrevista, subjetivamente, eram esperadas respostas mais preconceituosas
vindas do empresário, visto que ele lida com pessoas de maior e menor prestígio
social constantemente; porém, foi surpreendente a similaridade da sua visão em
relação à da estudante. Isso mostra que o trabalho de reeducação (não
gramaticalista, menos ditatorial e que busca qualidade e não quantidade), vindo
dos novos professores, tem obtido resultados positivos e que a população tem
mudado seu pensamento, abrindo espaço para novas visões e teorias, que não
descartam totalmente o papel da gramática normativa tradicional, mas que
valorizam mais a aprendizagem da língua em si, permitindo maior desempenho
escolar e menor repressão com relação à língua falada.
Referências
MENDES, Ronald Beline. Língua e
variação, São Paulo: Contexto, 2013, p. 118-129.
BAGNO, Marcos. Preconceito
Linguístico: O que é, Como se faz. Loyola, 1999.
Nenhum comentário:
Postar um comentário