1ª
Versão
Por Aluno 5
Hoje
eu estava mexendo nas minhas fotos velhas e me deparo com uma em que estou
abraçada com a minha primeira cadelinha, a Kelly. Lembrei-me que em julho vão
se completar três anos que ela morreu. Então, comecei a pensar nos onze anos
que passei ao lado dela, em tudo que ela conseguiu me ensinar, todas as lições
que aprendi com ela, sobre amizade e companheirismo.
Eu
tinha seis anos e queria muito ter um cachorro. Incomodava meus pais dia e
noite, que no inicio se mostraram relutantes, mas com o passar do tempo,
consegui convencer eles e ganhei o que eu tanto queria. Lembro que fui junto
com a minha mãe buscar o meu futuro animal de estimação. Chegando lá, me
deparei com a Kelly ainda filhotinha, uma poodle bem branquinha e tão pequena
que eu tomei todo cuidado ao pegar ela, com medo de machucá-la.
No
início a Kelly destruía tudo o que ela enxergava. Chinelos, fios, livros e até
um pedaço do sofá. Eu nunca liguei muito para fato de que ela amava mastigar as
coisas da nossa casa, até o dia em que ela – literalmente – comeu a minha
boneca favorita. Eu fiquei muito braba com ela, eu sempre tinha sonhado em
ganhar aquela boneca – a Polly Pocket – e ela vai lá e come o que na época eu
considerava o melhor presente de natal do mundo. Minha mãe me disse pra não
ficar braba, que ela era filhote e que eles faziam esse tipo de coisa. Foi aí
que aprendi a primeira lição com a Kelly: ter paciência. Ela continuou a comer
os meus brinquedos e os meus livros, mas eu passei a não ligar mais, e até
achava graça quando via um sapato que ela tinha comido mais uma vez.
Com
o passar do tempo, nós duas fomos crescendo, assim como o amor que eu sentia
por ela. Em uma tarde de verão, nós duas estávamos sentadas no pátio da minha
casa, eu estava comendo um doce e dei um pedaço pra ela. Logo depois disso, ela
começou a passar muito mal. Eu fiquei desesperada e fui correndo chamar a minha
mãe e nós a levamos ao veterinário. Felizmente, não era nada sério e ela logo
ficou bem. Não me esqueço do medo de perder ela que senti naquele dia, e lá
estava a Kelly me ensinando outra lição: a cuidar e a dar valor a quem nós
amamos.
Ela
estava sempre comigo nos momentos de alegria e – principalmente – nos momentos
de tristeza. Ela sempre me seguia para todos os lugares que eu ia. Um dia ela
me seguiu até a escola, atravessando sozinha a Avenida Protásio Alves, em um
horário que era muito movimentada, logo depois do almoço. Todas as vezes que eu
chorava ou aparentava estar triste, ela vinha e ficava do meu lado, me olhando
com aquela cara de que me entendia e que me apoiava. Aí ela me ensinou a ser
fiel e companheira.
O
dia que mais significou pra mim foi o dia da morte dela. Já com onze anos, ela
não era mais a Kelly animada que não parava quieta um segundo, que ficava
buscando os brinquedos que nós jogávamos pra ela, que comia tudo o que via pela
frente. Ela não queria mais se alimentar, passava a maior parte do tempo
dormindo, não tinha mais fôlego para nada. Ela foi a cada dia piorando e uma
semana antes de seu falecimento, meu pai e eu a levamos no veterinário, que
receitou alguns remédios para ver se ela melhorava. Tive que viajar naquela
semana, então deixei meus pais cuidando dela. Um dia antes de eu voltar para
casa, minha mãe me ligou e disse que a Kelly estava muito mal, e que achava que
ela não passaria daquele dia. Eu fiquei desesperada, ela não podia ir sem se
despedir de mim, sem eu dar adeus para ela. E ela não foi. Cheguei em casa no
dia seguinte e me deparei com ela deitada, ao me ver ela tentou se levantar,
mas ela não tinha força nenhuma para se mexer. Eu me sentei ao lado dela, e
fiquei ali fazendo carinho e chorando, me lembrando de todos os momentos que
passamos juntas. Levantei-me para ir ao banheiro e quando voltei, ela tinha
falecido. Nesse momento, ela me ensinou o maior aprendizado do mundo: o
significado de ser um amigo. A Kelly foi minha amiga até o último segundo de
sua vida, e eu nunca vou me esquecer da amizade mais pura que eu já tive.
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