Reescrita
Por Aluno 17
Artes que se aliam em
prol de um mundo mais culto, embora encaradas como concorrentes. O que
realmente importa: manter o conhecimento presente na literatura restrito a um
pequeno grupo que já possui o hábito de ler, ou alcançar o máximo de pessoas
não importando a forma usada para representar uma obra?
As obras literárias adaptadas para o cinema são
comumente hostilizadas por aqueles que as leram, alegando que de alguma forma o
cinema peca ao tentar traduzi-las. Porém é impossível que
a adaptação de um livro para o cinema seja 100% fiel à obra. O que nos deve
ficar claro é a diferenciação entre as artes, que apesar de se complementarem
não são expressas da mesma forma. Elementos da literatura às vezes não têm o
mesmo sentido ou relevância quando adaptados para o cinema. Mas o que de fato
deveria merecer atenção é o alcance que
o cinema proporciona à obra, porém, este é negligenciado.
Muitas
pessoas acreditam que “o cinema invade a literatura e rouba potenciais
leitores”. O que não se segue, como fica claro na posição adotada por Leonardo,
estudante de Ciências da computação na UFRGS, que quando questionado a respeito
do que procura saber após assistir a um filme afirma: “- Se
é um bom filme, eu sempre vou atrás de informação sobre a história, se é
baseada em fatos reais, adaptação de livro, etc., e, se for adaptação, caso eu
encontre, eu leio o livro até para poder comparar”. O filme nesse caso serve à literatura como uma espécie de
propaganda da obra, ele vende a história para leitores em potencial, de uma
maneira rápida.
O cinema usa a essência da literatura para
alcançar um público eclético, que parte de ávidos leitores até analfabetos que
nunca tiveram acesso a livros. Isso não deve ser julgado como vulgarização da
literatura, isso é a expansão do conhecimento, a disseminação de cultura. Aí
entramos na questão do que realmente importa quanto às obras literárias. O
correto é querermos espalhar a sabedoria contida nos livros não importando o
meio utilizado para tal. E não restringirmos o conhecimento ao seleto grupo de
intelectuais que o buscam por si só.
A literatura independe do cinema para existir,
isso é óbvio. Embora a recíproca não seja verdadeira, não se pode ignorar o que
o cinema trouxe para a literatura, como Diego, estudante de Direito na UFRGS
afirma quando questionado sobre a dependência de uma arte à outra: “- A
literatura não seria a mesma sem o cinema, pois, no momento da fusão de ambos,
as coisas passaram a ficar muito mais interessantes. Talvez o exercício da
imaginação seja mais facilitado ao ler uma história e imaginá-la como um filme
acontecendo de forma mais lenta e gradual do que um filme realmente é. Um livro
é infinitamente mais rico em detalhes, porém, as imagens, mesmo que mentais,
pelo menos para mim, ganham um aspecto cinematográfico ao ler uma boa
história.”
As pessoas que não
costumam ler, normalmente alegam não ter o tempo necessário, ou mesmo ter
preguiça de ler. O cinema de certa forma “facilita” a literatura. Não de uma
maneira ruim, deturpando a essência do que está escrito. Mas visando atingir
esse público que desconhece as obras, e através do cinema, uma ferramenta mais
popular e rápida, podem ter acesso a tantas histórias incríveis.
Uma adaptação para o
cinema não deve ser vista como desprestígio de uma obra, nem o público do filme
deve ser visto como “inferior” àquele que leu o livro. Tanto o cinema quanto a literatura
são formas de artes, diferentes, mas que tem basicamente os mesmos objetivos: ensinar,
divertir, contar, registrar, etc. Não são inimigas, nem opostas, são artes que,
como definiu muito bem Diego: “(...) podem
ser fictícias, biográficas; ideias abstratas; relatos verídicos, outros nem tanto;
compilando tudo e todos, ‘enciclopediando’ a vida.”
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