Reescrita
Por Aluno 11
Devolver
o troco da passagem, em um ônibus, quando o cobrador nos dá dinheiro a mais é
uma atitude que a algumas pessoas tomam. Passei por uma situação um pouco
diferente, mas com a mesma lógica, que me ensinou que o mundo não está
acostumado com honestidade, gentileza e boas maneiras. Logo na segunda semana
de aulas me vi com a mochila cheia de cópias do material. Foi quando, em uma
aula, procurei, em meio às milhares de folhas acumuladas e jogadas no fundo da
mochila, o material que a professora estava usando e não o encontrei. Isso se
repetiu no dia seguinte, e então tomei a decisão que deu origem a essa
história.
Eu
precisava comprar uma pasta para guardar e organizar minhas cópias. Fui até a
papelaria que fica no campus da universidade, onde uma moça gentil me atendeu.
Perguntei se na loja havia alguma pasta com repartições internas, e ela,
ouvindo isso, levou-me para uma prateleira com pastas de todos os tamanhos
tipos e cores. Interessei-me por uma preta com a capa cinza, de um material
resistente e muito superior às demais. Perguntei quanto custava e ela respondeu
R$18,00, o que me surpreendeu, pois ela parecia ser tão boa e estava mais
barata que todas as outras. Cheguei ao caixa, paguei e fui para a aula seguinte
com a felicidade de quem fez um bom negócio. Logo que tirei a pasta de dentro
da mochila uma colega perguntou-me onde comprei e quanto custara. Respondi, e a
aula chegou ao fim. No dia seguinte, a colega que me perguntara sobre a pasta
disse: “Fui à mesma papelaria na qual você comprou a sua pasta por R$18,00 e
paguei R$21,00”. Fique sem reação, respondi que o funcionário deveria ter se
enganado. A conversa não durou muito, mas o fato de eu ter pagado menos no
mesmo produto dela, comprado no mesmo lugar, um dia antes, estava me
incomodando bastante. Passei aquela aula inteira com um único pensamento:
“assim que eu estiver livre vou até a papelaria e vou resolver esta história”.
Cheguei
à papelaria, assim que me vi livre da aula, e perguntei para a mesma moça que
me atendera no dia anterior: “Quanto custa esta pasta, moça?”, enquanto
segurava a tal pasta ela me respondeu: “R$21,00, moço.” Sem pensar duas vezes
respondi a vendedora: “Paguei R$18,00 nesta, e é a mesma que você acabou de me
mostrar, gostaria de pagar o valor restante.” Com uma expressão confusa a
atendente me olha é diz: “Tudo bem, se quiser pagar, passe ali ao caixa.”
Cheguei ao caixa com um sorriso no rosto e expliquei toda a história que acabara de contar à vendedora ao atendente do
caixa, que posteriormente descobri ser o dono da papelaria. Muito contrariado,
ele pega a nota de R$10,00 que coloquei sobre o balcão, e me devolvendo R$15,00
diz: “Obrigado pela honestidade, guri”.
Isso
mesmo, não foi um erro de digitação, tentei pagar a diferença de R$3,00 com uma
nota de R$10,00, e o dono da papelaria me devolveu, como recompensa, meus
R$10,00 acrescidos de R$5,00 e me agradeceu. Mostrando as duas notas a fim de
certificar-me de que não se tratava de mais um erro da parte dele, disse eu que
não queria o dinheiro, e ele insistindo empurrou minhas mãos, que estendidas
tentavam devolver os R$10,00.
Saí
da papelaria e encontrei no caminho a colega que comprara a mesma pasta. Com
uma expressão surpresa ela diz: “Não acredito que você fez isso!” seguido de
uma risada, nos cruzamos e ainda rindo ela diz: “Tu vais pro céu!”
Enfim,
fiquei tranquilo, com a certeza de que tomei a atitude correta. Saí com R$5,00
a mais do que quando entrei na papelaria. Aprendi que a honestidade, ou chame
como quiser atos como esse, é uma coisa tão rara que as pessoas chegam a
recompensar quem pratica tais atos, quando na realidade era para ser algo comum
e corriqueiro. Sejamos honestos, para que sejam honestos conosco.
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