quinta-feira, 15 de maio de 2014

Ai, Filipi, eu não acredito

Reescrita
Por Aluno 11



Devolver o troco da passagem, em um ônibus, quando o cobrador nos dá dinheiro a mais é uma atitude que a algumas pessoas tomam. Passei por uma situação um pouco diferente, mas com a mesma lógica, que me ensinou que o mundo não está acostumado com honestidade, gentileza e boas maneiras. Logo na segunda semana de aulas me vi com a mochila cheia de cópias do material. Foi quando, em uma aula, procurei, em meio às milhares de folhas acumuladas e jogadas no fundo da mochila, o material que a professora estava usando e não o encontrei. Isso se repetiu no dia seguinte, e então tomei a decisão que deu origem a essa história.
Eu precisava comprar uma pasta para guardar e organizar minhas cópias. Fui até a papelaria que fica no campus da universidade, onde uma moça gentil me atendeu. Perguntei se na loja havia alguma pasta com repartições internas, e ela, ouvindo isso, levou-me para uma prateleira com pastas de todos os tamanhos tipos e cores. Interessei-me por uma preta com a capa cinza, de um material resistente e muito superior às demais. Perguntei quanto custava e ela respondeu R$18,00, o que me surpreendeu, pois ela parecia ser tão boa e estava mais barata que todas as outras. Cheguei ao caixa, paguei e fui para a aula seguinte com a felicidade de quem fez um bom negócio. Logo que tirei a pasta de dentro da mochila uma colega perguntou-me onde comprei e quanto custara. Respondi, e a aula chegou ao fim. No dia seguinte, a colega que me perguntara sobre a pasta disse: “Fui à mesma papelaria na qual você comprou a sua pasta por R$18,00 e paguei R$21,00”. Fique sem reação, respondi que o funcionário deveria ter se enganado. A conversa não durou muito, mas o fato de eu ter pagado menos no mesmo produto dela, comprado no mesmo lugar, um dia antes, estava me incomodando bastante. Passei aquela aula inteira com um único pensamento: “assim que eu estiver livre vou até a papelaria e vou resolver esta história”.
Cheguei à papelaria, assim que me vi livre da aula, e perguntei para a mesma moça que me atendera no dia anterior: “Quanto custa esta pasta, moça?”, enquanto segurava a tal pasta ela me respondeu: “R$21,00, moço.” Sem pensar duas vezes respondi a vendedora: “Paguei R$18,00 nesta, e é a mesma que você acabou de me mostrar, gostaria de pagar o valor restante.” Com uma expressão confusa a atendente me olha é diz: “Tudo bem, se quiser pagar, passe ali ao caixa.” Cheguei ao caixa com um sorriso no rosto e expliquei toda a história que  acabara de contar à vendedora ao atendente do caixa, que posteriormente descobri ser o dono da papelaria. Muito contrariado, ele pega a nota de R$10,00 que coloquei sobre o balcão, e me devolvendo R$15,00 diz: “Obrigado pela honestidade, guri”.
Isso mesmo, não foi um erro de digitação, tentei pagar a diferença de R$3,00 com uma nota de R$10,00, e o dono da papelaria me devolveu, como recompensa, meus R$10,00 acrescidos de R$5,00 e me agradeceu. Mostrando as duas notas a fim de certificar-me de que não se tratava de mais um erro da parte dele, disse eu que não queria o dinheiro, e ele insistindo empurrou minhas mãos, que estendidas tentavam devolver os R$10,00.
Saí da papelaria e encontrei no caminho a colega que comprara a mesma pasta. Com uma expressão surpresa ela diz: “Não acredito que você fez isso!” seguido de uma risada, nos cruzamos e ainda rindo ela diz: “Tu vais pro céu!”

Enfim, fiquei tranquilo, com a certeza de que tomei a atitude correta. Saí com R$5,00 a mais do que quando entrei na papelaria. Aprendi que a honestidade, ou chame como quiser atos como esse, é uma coisa tão rara que as pessoas chegam a recompensar quem pratica tais atos, quando na realidade era para ser algo comum e corriqueiro. Sejamos honestos, para que sejam honestos conosco.

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