1ª
Versão
Por Aluno 32
Sabe-se que o ensino de literatura
no ensino médio é frequentemente resumido à leitura de obras obrigatórias para
a realização do vestibular. Essa abordagem pode acabar por fazer o aluno criar
um conceito de literatura relacionado apenas aos livros clássicos da literatura
brasileira, desconsiderando, por exemplo, a literatura científica. Comparar
experiências de diferentes gerações pode ser esclarecedor para investigar se
mudanças que ocorrem no ensino influenciam ou não nas concepções formadas, além
de ser útil para encontrar novas e melhores maneiras de lecionar a disciplina.
Com
o objetivo de analisar a percepção da literatura construída durante o ensino
médio, entrevistou-se um aluno que o concluiu recentemente e já ingressou na
universidade. Para observar a possível diferença entre a percepção da
literatura entre gerações, entrevistou-se também uma pessoa que concluiu o
ensino superior e já trabalha em sua área. Optou-se por entrevistar indivíduos
que não fossem de Letras, visto que aqueles que estudam nesta área já têm o
termo melhor definido.
As questões propostas visaram
colher o conceito inicial de “literatura” formulado pelos entrevistados e o
papel social que ela desempenha a partir desse conceito. Após breve tentativa
de ampliar o termo, afirmando-se que a literatura se expressa nas mais variadas
formas, perguntava-se se a visão deles havia mudado, a utilidade que a
literatura assume nas áreas em que os entrevistados atuam e a nova função
social que ela possui, caso os conceitos tivessem sido alterados.
Ambos
os entrevistados demonstraram concepções de literatura que não se limitavam aos
clássicos, mas que eram abrangentes e englobavam ideias mais amplas do que o esperado. Nenhum deles citou exemplos da literatura
brasileira ou se restringiu à disciplina escolar. Tanto E.A. quanto D.S.
trouxeram o caráter informativo como função social da literatura, afirmando que
ela é de suma importância para a construção do conhecimento. E.A. também
mencionou que a criatividade é desenvolvida com a literatura, e relacionou-a à
arte.
Ao
expor a importância da literatura em suas respectivas áreas de estudo, E.A. e
D.S. colocaram que ela é imprescindível para que se aprenda sobre o campo em
que se trabalha – no caso deles, matérias exatas – já que pela escrita ficam
registrados dados relevantes, e experiências não precisam ser repetidas para
que se saibam os resultados. Além da busca por informações, ressaltada por
ambos os entrevistados, D.S. apontou aspecto notável: o lazer. Ele afirmou que
para se conhecer mais sobre seu hobby,
a filatelia, recorre a diversas fontes a que não teria acesso, se não fosse
pela literatura. Portanto, as duas entrevistas refutaram a hipótese de que o
conceito de “literatura” que o ensino médio constrói é limitado, visto que os
contribuintes já a entendiam como um termo abrangente mesmo antes de ser dada
tal definição. Pessoas com experiências diferentes em educação básica e
secundária e com considerável diferença de idade possuem definições similares
do termo.
Entretanto,
para obter resultados mais precisos, seria necessário aumentar o alcance da
pesquisa. Se o estudo fosse estendido a mais pessoas, seria possível determinar
com mais exatidão o quanto a abordagem adotada durante o ensino médio
influencia na perspectiva dos indivíduos. Poderia, ainda, ser relevante
apresentar os resultados das entrevistas aos professores da disciplina de
literatura de diversos colégios, abrindo diálogos para procurar por erros e
acertos dos modos de ensino, com o intuito de construir uma educação de
qualidade cada vez maior.
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