Reescrita
Por Aluno 21
Às vezes parece, para mim, que toda
a minha vida é um aprendizado grande. Acordando de manhã, abrindo Facebook,
leio um poema do Fernando Pessoa, que minha amiga postou: 'O meu coração é uma
avozinha que anda pedindo esmola às portas da alegria'. Não esperando nada
dessa manhã e ainda não saindo do meu apartamento e baaam! Uma linha desse poema
já foi um aprendizado para mim: Poesia embeleza o meu dia! Mas na verdade, isso
não foi um evento, por que eventos são maiores.
Por isso falarei sobre minha viagem
pela Austrália. Eu simplesmente não poderia ficar na Alemanha, por que treze
anos na escola foram o bastante. Mais do que bastante! Na escola, com as mesmas
pessoas, os mesmos professores, as mesmas disciplinas escolares que, desculpa,
não me interessaram mais. Eu quis ver o mundo, nao só ouvir sobre ele nas aulas
do geografia. Para tornar o meu sonho realidade, trabalhei muito: na cozinha de
um restaurante, todo fim de semana e durante a semana. Depois trabalhei numa
empresa que faz peças para automóveis: seis semanas, oito horas diárias
testando peças. Com sempre, o mesmo gesto. O que eu não sabia, é que eu
continuaria com esse tipo de trabalho monótono na Austrália.
Eu também falava muito sobre meu sonho: vou ir para Australia.
As pessoas não me acreditaram: Sozinha? Eu o fiz por que por qualquer razao não
tinha dúvidas, mas uma voz dentro de mim só continuava a falar: Tudo é bom
assim! Só quando o meu avião esteve perto de aterrarizar e eu vi a terra seca
em baixo de mim, eu pensei: realmente, tu ainda não tens um albergue, nem
amigos lá.
Finalmente cheguei. Encontrei
pessoas de varios países: dos Estados Unidos, da Irlândia, da Inglaterra, do
Japão e, finalmente, também da America do Sul, Brasil. Trabalhei nas fazendas
diferentes colhendo frutas, grãos de café, visitei as praias talvez mais lindas
do mundo, depois Sydney com o 'Harbour Bridge' e o 'Opera House'.
De vez em quando eu me pergunto
porque eu fiz essa viagem. Eu quis encontrar pessoas novas. Sim. Eu quis
conhecer um país novo, uma outra paisagem, uma outra cultura. Mas viajar como
mochileiro, muitas vezes, não significa encontrar uma outra cultura. A maior
parte do tempo se senta com outros mochileiros num albergue, se bebe e se
festeja. Se pergunta sempre as mesmas questões: Como tu chamas, de onde tu és,
quantos anos tens e para onde tu vais?
No início, isso ainda foi interessante.
Mas depois de alguns meses as perguntas foram monótonas. E para mim, também
esse estilo da vida. Eu fui livre nas minhas decisões: pude comer, festejar, ir
e trabalhar, aonde e quanto tempo eu gostasse. Porém, lentamente, essa
liberdade de uma vida totalmente sem regras foi demais para mim e essa
liberdade que eu sempre quis, estava me levando a questionar: O que tu queres
fazer?
Depois de algum tempo, eu escrevi um
diário, perguntei às pessoas o que elas queriam nas viagens delas, nas vidas
delas. Eu voltei sempre a olhar no mapa da Austrália, mas não tive nenhum
plano. Não para viajar e não para estudar depois de viajar. E isso foi um
desafio grande para mim. Eu me sentia sem descanso, exterior e interior,
pensando nas mesmas perguntas a toda a hora: Em qual direção vai a sua vida?
Qual é a próxima aventura?
A mente não sabendo nem o corpo. Eu
aprendi: Eu preciso de um plano e pelo menos de um pouco de estrutura na minha
vida. E também não estou satisfeita com trabalho como plantar feijões, colher
grãos de café, limpar alho ou quartos. Eu simplesmente sentia falta de tarefas
intelectuais e depois de algum tempo, falta de uma pátria. Não Alemanha, mas
uma outra, um lugar para ficar com as mesmas pessoas, amigos, por mais tempo
novamente.
Sim, ainda gosto de viajar e
aproveitar a minha vida com fases descansadas. Mas eu preciso de uma tarefa, de
um projeto, de um plano. Eu quero produzir coisas, talvez textos. Eu preciso de
alguma posição na sociedade. Com algum projeto que está bem para mim, talvez
jornalista, talvez escritora. Aínda nao sei! Eu simplesmente sei que eu agora
tenho respeito pela liberdade, por que liberdade demais quase me fez entrar num
círculo das possibilidades infinitas.
Aqui no Brasil vim com um plano. Um
quarto só para mim em vez de uma casa com trinta outras pessoas. O projeto de
estudar e melhorar o meu português em vez de só viajar e aproveitar. Uma
estrutura da rotina diária em vez de relaxar e descansar todo o dia.
Encontrar o seu caminho próprio da
vida não é uma coisa fácil, hoje em dia nesse mundo com muitas possibilidades.
Mas com essa viagem, eu dizia que isso foi um evento na minha vida que
significou um aprendizado grande.
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