quinta-feira, 15 de maio de 2014

A direção da vida

Reescrita
Por Aluno 21



            Às vezes parece, para mim, que toda a minha vida é um aprendizado grande. Acordando de manhã,  abrindo Facebook, leio um poema do Fernando Pessoa, que minha amiga postou: 'O meu coração é uma avozinha que anda pedindo esmola às portas da alegria'. Não esperando nada dessa manhã e ainda não saindo do meu apartamento e baaam! Uma linha desse poema já foi um aprendizado para mim: Poesia embeleza o meu dia! Mas na verdade, isso não foi um evento, por que eventos são maiores.
            Por isso falarei sobre minha viagem pela Austrália. Eu simplesmente não poderia ficar na Alemanha, por que treze anos na escola foram o bastante. Mais do que bastante! Na escola, com as mesmas pessoas, os mesmos professores, as mesmas disciplinas escolares que, desculpa, não me interessaram mais. Eu quis ver o mundo, nao só ouvir sobre ele nas aulas do geografia. Para tornar o meu sonho realidade, trabalhei muito: na cozinha de um restaurante, todo fim de semana e durante a semana. Depois trabalhei numa empresa que faz peças para automóveis: seis semanas, oito horas diárias testando peças. Com sempre, o mesmo gesto. O que eu não sabia, é que eu continuaria com esse tipo de trabalho monótono na Austrália.
Eu também falava muito sobre meu sonho: vou ir para Australia. As pessoas não me acreditaram: Sozinha? Eu o fiz por que por qualquer razao não tinha dúvidas, mas uma voz dentro de mim só continuava a falar: Tudo é bom assim! Só quando o meu avião esteve perto de aterrarizar e eu vi a terra seca em baixo de mim, eu pensei: realmente, tu ainda não tens um albergue, nem amigos lá.
            Finalmente cheguei. Encontrei pessoas de varios países: dos Estados Unidos, da Irlândia, da Inglaterra, do Japão e, finalmente, também da America do Sul, Brasil. Trabalhei nas fazendas diferentes colhendo frutas, grãos de café, visitei as praias talvez mais lindas do mundo, depois Sydney com o 'Harbour Bridge' e o 'Opera House'.
            De vez em quando eu me pergunto porque eu fiz essa viagem. Eu quis encontrar pessoas novas. Sim. Eu quis conhecer um país novo, uma outra paisagem, uma outra cultura. Mas viajar como mochileiro, muitas vezes, não significa encontrar uma outra cultura. A maior parte do tempo se senta com outros mochileiros num albergue, se bebe e se festeja. Se pergunta sempre as mesmas questões: Como tu chamas, de onde tu és, quantos anos tens e para onde tu vais?
            No início, isso ainda foi interessante. Mas depois de alguns meses as perguntas foram monótonas. E para mim, também esse estilo da vida. Eu fui livre nas minhas decisões: pude comer, festejar, ir e trabalhar, aonde e quanto tempo eu gostasse. Porém, lentamente, essa liberdade de uma vida totalmente sem regras foi demais para mim e essa liberdade que eu sempre quis, estava me levando a questionar: O que tu queres fazer?
            Depois de algum tempo, eu escrevi um diário, perguntei às pessoas o que elas queriam nas viagens delas, nas vidas delas. Eu voltei sempre a olhar no mapa da Austrália, mas não tive nenhum plano. Não para viajar e não para estudar depois de viajar. E isso foi um desafio grande para mim. Eu me sentia sem descanso, exterior e interior, pensando nas mesmas perguntas a toda a hora: Em qual direção vai a sua vida? Qual é a próxima aventura?
            A mente não sabendo nem o corpo. Eu aprendi: Eu preciso de um plano e pelo menos de um pouco de estrutura na minha vida. E também não estou satisfeita com trabalho como plantar feijões, colher grãos de café, limpar alho ou quartos. Eu simplesmente sentia falta de tarefas intelectuais e depois de algum tempo, falta de uma pátria. Não Alemanha, mas uma outra, um lugar para ficar com as mesmas pessoas, amigos, por mais tempo novamente.
            Sim, ainda gosto de viajar e aproveitar a minha vida com fases descansadas. Mas eu preciso de uma tarefa, de um projeto, de um plano. Eu quero produzir coisas, talvez textos. Eu preciso de alguma posição na sociedade. Com algum projeto que está bem para mim, talvez jornalista, talvez escritora. Aínda nao sei! Eu simplesmente sei que eu agora tenho respeito pela liberdade, por que liberdade demais quase me fez entrar num círculo das possibilidades infinitas.
            Aqui no Brasil vim com um plano. Um quarto só para mim em vez de uma casa com trinta outras pessoas. O projeto de estudar e melhorar o meu português em vez de só viajar e aproveitar. Uma estrutura da rotina diária em vez de relaxar e descansar todo o dia.

            Encontrar o seu caminho próprio da vida não é uma coisa fácil, hoje em dia nesse mundo com muitas possibilidades. Mas com essa viagem, eu dizia que isso foi um evento na minha vida que significou um aprendizado grande. 

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