Reescrita
Por Aluno 3
Por Aluno 3
Todos sabemos o quão incompetente tem se mostrado o
nosso sistema de ensino; na avaliação de 2013 do Índice Global de Habilidades
Cognitivas e Realizações Educacionais, foram
avaliados 39 países mais a região de Hong Kong quanto ao estado da sua Educação
nos seus níveis mais básicos (do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental), e o
Brasil ocupou a colocação de penúltimo
lugar no ranking, abaixo de países como Tailândia e Colômbia. Antes de
pensarmos em grandes mudanças nas nossas escolas, no entanto, seria possivelmente
mais sábio nos forcarmos em questões menores, mais específicas. Um bom exemplo:
é realmente relevante a Literatura, do
jeito como é ensinada hoje nos Ensinos Fundamental e Médio, aos nossos
jovens estudantes? Para você que está sem tempo de seguir adiante na leitura,
dou uma resumida resposta à pergunta: muito mais que certamente NÃO!
Hoje, em grande parte dos colégios brasileiros, as
aulas de Literatura são designadas com um único objetivo maior, na melhor das hipóteses: dar
informações ao aluno apenas suficientemente úteis para que ele consiga a
aprovação em algum vestibular de uma universidade federal. Um ensino
essencialmente imediatista. Nesse
sentido, as aulas de Literatura pouco diferem da grande maioria das relativas
às outras disciplinas teóricas trabalhadas nas escolas. Qual é, então, o
problema?
A Literatura é, antes de mais nada, uma arte; assim como a pintura ou a música,
a Literatura exige tempo para ser
trabalhada, criada, ou estudada. Ora, como então pode ser ensinada a arte
das palavras, tão necessitada que é do ócio para que se mantenha presente,
desse jeito apressado como é trabalhada nas nossas salas de aula? É tudo muito
incoerente, não concorda? Certamente que sim.
Quando questionada sobre o tema aqui discutido, a
estudante E. W., aluna do Ensino Médio, 16 anos, deu a entender que a
Literatura tinha menor relevância no
ensino pelo fato de ter menos utilidades
práticas do que disciplinas relativas à Ciência. Essa visão sobre a
disciplina por parte de uma estudante adolescente muito bem demonstra a ideia
da “falta de motivos em se estudar
Literatura no Ensino Médio”, compartilhada por grande parte dos atuais
jovens alunos. Os comentários da estudante quanto ao seu próprio conceito de
Literatura, quando comparados às suas descrições da mecânica pela qual é
explorada a matéria em sala de aula também deixam bastante clara a maneira incoerente e distorcida com que é
apresentada ao público discente a arte da palavra. Seguem as asserções
comentadas:
E.W: Não tenho
um conceito de literatura bem fixado, mas considero qualquer tipo de texto não
jornalístico literatura. Considero desde romances até histórias em quadrinhos.
E.W: [...] Na
disciplina de literatura, são trabalhadas as leituras obrigatórias da UFRGS e
livros de literatura brasileira [...] O objetivo da disciplina de literatura é
preparar os alunos para a prova de literatura da UFRGS.
As respostas da entrevistada às perguntas propostas
não somente deixam clara a natureza danosamente imediatista do nosso ensino
atual da Literatura, como também explicitam outro traço negativo das aulas
relativas à disciplina: o esquecimento de
quaisquer outros tipos de leituras, de obras literárias não diretamente
relacionadas a provas de vestibular ou semelhantes avaliações. Deve ser
deixado de lado esse ensino imediatista
e enganador da Literatura (enganador, sim, porque uma educação que
apresenta aos alunos uma falsa imagem sobre a natureza de qualquer disciplina
nada mais transmite aos estudantes um
amontoado de mentiras e distorcidas instruções).
É dificilmente questionável a relevância da
Literatura na vida de qualquer jovem estudante; tal afirmação de forma alguma
foi aqui defendida. É justamente por ser importante à formação de futuros
intelectuais, de profissionais pensantes que é urgentemente necessária uma reformulação da didática vigente nas
aulas de Literatura oferecidas aos alunos brasileiros dos Ensinos
Fundamental e Médio. Até que tais medidas sejam efetivamente tomadas, continuaremos
a sustentar uma cultura nacional de total aversão ao hábito da leitura,
juntamente com todas as suas consequências irrefutavelmente danosas.
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