segunda-feira, 7 de julho de 2014

Literatura: Mito ou Legado?

Reescrita
Por Aluno 8


 Qual a importância da literatura num mundo tão dinâmico e tecnológico? Para os jovens, há o interesse pela busca do conhecimento nos livros, ou já estão ultrapassados?O espaço para a introspecção e a compreensão de obras complexas acaba ficando em segundo plano diante da tempestade de notícias e novidades das redes sociais. 



“Apenas 5% dos estudantes brasileiros têm “nível adequado” de leitura”, revelam instrumentos de pesquisa como Prova Brasil, Saeb, Enem e o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) em 2010.
        Há vários fatores que podem explicar a causa dessa falta de interesse pela leitura. Um deles é o hábito do próprio brasileiro, a valorização da leitura dentro de casa, pois é com a origem desse impulso que a literatura torna-se um legado, e deixa de se parecer com um monstro de sete cabeças.
      Falta a introspecção do leitor, a interpretação interior que leva tempo a se formar sobre uma obra, e mais ainda para se tornar crítica. Cada leitura sobre um livro é diferente para cada um de nós, os pontos observados e as impressões individuais são exatamente isso: individuais, singulares, que enriquecem as diferenças na hora de um debate, por exemplo.
     Por isso, a pergunta: A literatura deverá se tornar um mito no mundo da tecnologia ou esse mundo será representado por ela? A literatura só permanece viva com os leitores, sem eles, são apenas folhas de papel impressas  Eles terão a missão de responder a essa questão e permitir que a leitura seja estimulada, que permaneça em nossa história e se torne não só um hábito, mas um legado para as próximas gerações.
VENTICINQUE, Danilo. O brasileiro não lê, Revista Época
Site <www.ibge.gov.br>
        Quando uma criança começa desde cedo a ler, mais fácil será para ela se dar conta do mundo ao seu redor, formar suas próprias opiniões e se determinar como uma leitora dinâmica. “Meu pai me fazia ler todos os dias, talvez por isso hoje eu seja tão apaixonada por obras que parecem estranhas aos outros, como Machado de Assis e José de Alencar”, diz estudante de Letras da PUCRS, B. W., 19. A influência veio a partir dos familiares, de exemplos de orientação que estão começando (e tomara que continuem) a crescer cada vez mais.
         Mas não basta apenas isso. Numa realidade globalizada onde 45 a cada 100 habitantes tem acesso à internet (Dados IBGE, 2011), o efeito desejado seria o de transpor os limites da distância, de realizar a leitura a qualquer hora e em qualquer lugar e, no entanto, não é o que ocorre. Recebemos torrentes de notícias e informações sobre nós todos os dias, estamos sempre atarefados, com compromissos, mas sempre guardamos aquele “tempinho” para nos conectar às redes sociais.
        “Ah, antes eu tinha tempo de ler, mas agora não dá mais. Só dá tempo de ler o feed de notícias mesmo e alguma coisa das leituras obrigatórias”, diz estudante do Unificado (cursinho), K. O., 17. O “feed de notícias” é o espaço da rede social Facebook para os compartilhamentos e interação dos usuários, que realizam diversas tarefas ao mesmo tempo, que vão de conversar, curtir fotos até compartilhar opiniões sobre artigos e piadas. Mas todas essas atividades não são realmente desenvolvidas, elas atrapalham no foco de quem mantém um contato constante com elas.
      “... eles vivem em uma espécie de presente perpétuo, no qual tudo se equivale e tudo se repete”, afirma José Castello em seu trecho do artigo A literatura entre escombros. Na visão do autor, a tempestade de imagens que recebemos atualmente nos leva a conhecer mais sobre o mundo, estarmos sempre atualizados sobre a política ou o mundo da moda, mas isso não nos permite conhecer a nós mesmos.
       E é aí que a literatura entra. Ela nos permite afastar-nos da realidade com histórias vivas e curiosas, mas ao mesmo tempo nos aproxima ao colocar diante de nós inquietações e dúvidas. Em Dom Casmurro, de Machado de Assis, um bom leitor é instigado a permanecer em constante dúvida, a se achar intrigado e a fazer reflexões sobre a questão da obra, até hoje tão debatida e que provoca tantas divagações no leitor.
       Mas se apenas 5% dos estudantes brasileiros encontram-se na faixa do “aceitável”, como esperar que ocorram as tais divagações? A literatura torna-se um obstáculo nas obrigações do estudante, algo que deveria ser enérgico e envolvente acaba se tornando um martírio.
       “Sim, eu leio literatura. Quer dizer, os livros do vestibular, mas se pudesse, leria coisas mais atuais”, afirma estudante do Anglo, A. B., 18. A leitura de obras complexas torna-se ultrapassada, não por não ser capaz de se adequar ao nosso tempo, mas por ser incompreendida, pela falta do tempo.
       As “leituras mais atuais”, ou seja, mais acessíveis ao público, poderiam (e até deveriam) ser mais utilizadas na escola, como ponto de partida para a educação de um leitor. A partir do momento em que se pode estabelecer um interesse, forma-se uma conexão, um elo de afinidade e intimidade com os livros.
        “A nação não sabe ler. Há 30% dos indivíduos residentes neste país que podem ler; desses uns 9% não leem letra de mão.”, afirma Machado de Assis em sua crônica, Analfabetismo. Apesar disso, há estimativas positivas, como a postulada pelo repórter da Revista Época no artigo O brasileiro não lê, onde se encontra a informação de que existem 88,2 milhões de leitores no Brasil. Ocasionais ou não, é uma perspectiva positiva, num país onde é raro achar quem tenha como hábito a leitura e, mais ainda, quem se esforce de fato na tarefa de compreender as obras, encontrar tais resultados prova que a literatura está viva e próxima de nós.
     Nunca dispomos de tantos recursos, de tantos meios para encontrar a informação. Os jovens se encontram afastados das leituras (apesar dos meios), mas não são todos. Há vários que levarão adiante as reflexões e as possibilidades que a literatura nos propicia, continuando a tradição da leitura, da vivacidade dela.
        Muitos acreditam que a literatura irá se tornar um mito, algo imaginário e antigo que cairá da realidade. Entretanto, há muitos leitores ainda na busca pelo conhecimento pelas imagens do passado, que se associam tão bem às do futuro, para quem as interpreta.
        Estejam as obras na tela de um aparelho eletrônico ou nas páginas amareladas numa estante de cabeceira, a literatura é a herança da humanidade. É a nossa forma de observar o mundo, de fazer parte dele e interagir com ele. O leitor (experiente ou não, mas que tem o contato com a leitura) deve instigar e espalhar a ideia de leitura, fazer com que esse patrimônio se propague.


Fontes Bibliográficas
Site , Brasil tem obtido avanços na alfabetização
CASTELLO, José. A literatura entre escombros
ASSIS, Machado de. Analfabetismo
Site , Estudantes brasileiros leem pouco e mal

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