1ª
Versão
Por Aluno 8
Qual
a importância da literatura num mundo tão dinâmico e tecnológico?Para os
jovens, há o interesse pela busca do conhecimento nos livros, ou já estão
ultrapassados?O espaço para a introspecção e a compreensão de obras complexas
acaba ficando em segundo plano diante da tempestade de notícias e novidades das
redes sociais.
“Apenas 5% dos estudantes brasileiros têm “nível
adequado” de leitura”, revelam instrumentos de pesquisa como Prova Brasil,
Saeb, Enem e o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) em 2010.
Há vários fatores que podem
explicar a causa dessa falta de interesse pela leitura. Um deles é o hábito do
próprio brasileiro, a valorização da leitura dentro de casa, pois é com a
origem da desse impulso que a literatura torna-se um legado, e deixa de se parecer
com um monstro de sete cabeças.
Falta a introspecção do leitor, a
interpretação interior que leva tempo a se formar sobre uma obra, e mais ainda
para se tornar crítica. Cada leitura sobre um livro é diferente
para cada um de nós, os pontos observados e as impressões individuais são exatamente isso: individuais, singulares, que
enriquecem as diferenças na hora de um debate, por exemplo.
“Sim, eu leio literatura. Quer dizer, os
livros do vestibular, mas se pudesse, leria coisas mais atuais”, afirma
estudante do Anglo, A. B., 18. A leitura de obras complexas torna-se
ultrapassada, não por não ser capaz de se adequar ao nosso tempo, mas por ser
incompreendida, pela falta do tempo.
Por isso, a pergunta: A literatura
deverá se tornar um mito no mundo da tecnologia ou esse mundo será representado
por ela? A literatura só permanece viva com os leitores, sem eles, são apenas
folhas de papel impressas. Eles terão a missão de responder a essa questão e
permitir que a leitura seja estimulada, que permaneça em nossa história e se
torne não só um hábito, mas um legado para as próximas gerações.
Quando
uma criança começa desde cedo a ler, mais fácil será para ela se dar conta do
mundo ao seu redor, formar suas próprias opiniões e se determinar como uma
leitora dinâmica. “Meu pai me fazia ler todos os dias, talvez por isso hoje eu
seja tão apaixonada por obras que parecem estranhas aos outros, como Machado de
Assis e José de Alencar”, diz estudante de Letras da PUCRS, B. W., 19. A influência
veio a partir dos familiares, de exemplos de orientação que estão começando (e
tomara que continuem) a crescer cada vez mais.
Mas
não basta apenas isso. Numa realidade globalizada onde 45 a cada 100 habitantes
tem acesso a internet (Dados IBGE, 2011), o efeito desejado seria o de transpor
os limites da distância, de realizar a leitura a qualquer hora e em qualquer
lugar e, no entanto, não é o que ocorre. Recebemos torrentes de notícias e
informações sobre nós todos os dias, estamos sempre atarefados, com
compromissos, mas sempre guardamos aquele “tempinho” para nos conectar às redes
sociais.
“Ah,
antes eu tinha tempo de ler, mas agora não dá mais. Só dá tempo de ler o feed de notícias mesmo e alguma coisa
das leituras obrigatórias”, diz estudante do Unificado (cursinho), K. O., 17. O
“feed de notícias” é o espaço da rede
social Facebook para os
compartilhamentos e interação dos usuários, que realizam diversas tarefas ao
mesmo tempo, que vão de conversar, curtir fotos até compartilhar opiniões sobre
artigos e piadas. Mas todas essas atividades não são realmente desenvolvidas,
elas atrapalham no foco de quem mantém um contato constante com elas.
“...
eles vivem em uma espécie de presente perpétuo, no qual tudo se equivale e tudo
se repete”, afirma José Castello em seu trecho do artigo A literatura entre escombros. Na visão do autor, a tempestade de imagens
que recebemos atualmente nos leva a conhecer mais sobre o mundo, estarmos
sempre atualizados sobre a política ou o mundo da moda, mas não nos permite
conhecer a nós mesmos.
E
é aí que a literatura entra. Ela nos permite afastar-nos da realidade com
histórias vivas e curiosas, mas ao mesmo tempo nos aproxima ao colocar diante
de nós inquietações e dúvidas. Em Dom
Casmurro, de Machado de Assis, um bom leitor é instigado a permanecer em
constante dúvida, a se achar intrigado e a fazer reflexões sobre a questão da
obra, até hoje tão debatida e que provoca tantas divagações no leitor.
Mas se apenas 5% dos estudantes brasileiros
encontram-se na faixa do “aceitável”, como esperar que ocorram as tais divagações?
A literatura torna-se um obstáculo nas obrigações do estudante, algo que
deveria ser enérgico e envolvente acaba se tornando um martírio.
As
“leituras mais atuais”, ou seja, mais acessíveis ao público, poderiam (e até
deveriam) ser mais utilizadas na escola, como ponto de partida para a educação
de um leitor. A partir do momento em que se pode estabelecer um interesse,
forma-se uma conexão, um elo de afinidade e intimidade com os livros.
“Há um enorme potencial para crescimento [de
leitores], mas já é um número animador”, diz o repórter da Revista Época no
artigo O brasileiro não lê, onde se
encontra a estimativa de que existem 88,2 milhões de leitores no Brasil. Ocasionais
ou não, é uma perspectiva positiva, num país onde “A nação não sabe ler”
(crônica de Machado de Assis, Analfabetismo),
onde é raro achar quem o tenha como hábito e, mais ainda, quem se esforce de
fato na tarefa de compreender as obras, encontrar tais resultados prova que a
literatura está viva e próxima de nós.
Nunca dispomos de tantos recursos, de
tantos meios para encontrar a informação. Os jovens se encontram afastados das
leituras (apesar dos meios), mas não são todos. Há vários que levarão adiante
as reflexões e as possibilidade que a literatura nos propicia, continuando a
tradição da leitura, da vivacidade dela.
Muitos acreditam que a literatura irá
se tornar um mito, algo imaginário e antigo que cairá da realidade. Entretanto,
há muitos leitores ainda na busca pelo conhecimento pelas imagens do passado,
que se associam tão bem às do futuro, para quem as interpreta.
Estejam as obras na tela de um aparelho
eletrônico ou nas páginas amareladas numa estante de cabeceira, a literatura é
a herança da humanidade. É a nossa forma de observar o mundo, de fazer parte
dele e interagir com ele. O leitor (experiente ou não, mas que tem o contato
com a leitura) deve instigar e espalhar a ideia de leitura, fazer com que esse
patrimônio se propague.
Fontes Bibliográficas
Site
, Brasil
tem obtido avanços na alfabetização
CASTELLO, José. A literatura entre escombros
ASSIS, Machado de. Analfabetismo
Site , Estudantes brasileiros leem pouco e mal
VENTICINQUE, Danilo. O brasileiro não lê, Revista Época
Site www.ibge.gov.br
VENTICINQUE, Danilo. O brasileiro não lê, Revista Época
Site
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