Aluno 83
1 Versão
Nossas vidas são feitas de fatos e
acontecimentos, que quase nunca nos marcam, ou fazem valer a pena serem ditos.
Talvez a aprovação no vestibular, alguma descoberta pessoal, mas um fato, algo
que ainda te causa algum sentimento, não consigo lembrar bem, talvez algo
recente, que ainda me causa arrepios.
Resido
em São Leopoldo, e sempre costumo caminhar em volta do condomínio que moro, mas
naquelas duas últimas semanas estava cansada de ficar fazendo voltas sempre no
mesmo lugar, e resolvi seguir uma rota diferente, indo caminhar até outro
bairro vizinho.
No
caminho passo por uma rua longa, onde há mais fábricas, e somente mais adiante
temos casas e algum comércio. Como sempre caminho olhando para todos os lados,
hoje em dia, ainda mais naquela região, é perigoso andar sozinha, mas eu nunca
vi nada de suspeito, e quando chego à altura da área residencial já é bem mais
tranquilo estar.
Porém
naquela tarde passando a fábrica, e atravessando a rua avistei, de longe, o que
parecia ser um mendigo deitado no chão, em frente a um restaurante, que àquela
hora estava fechado. Atravessei a rua e segui reto sem olhar para o sujeito.
Fiz meu percurso normal, e estava retornando para casa quando passei novamente
pelo mendigo, e vi um carro parar e dizer que ia ligar para a samu. Minha
curiosidade foi maior, e quando olhei bem para aquele mendigo deitado, percebi
que ele não estava deitado e sim caído no chão, os olhos esbugalhados e de sua boca
saia uma espuma branca. Ele estava morto.
Fiquei
completamente atordoada, e aquela imagem ainda vaga no meu inconsciente. Não
sei qual a causa da morte do sujeito, provavelmente uma overdose, não sei, e
talvez um mendigo morto não devesse mexer tanto com a vida de uma pessoa,
afinal ele é tratado com um ser marginalizado pela sociedade. Mas essa pessoa
vem de algum lugar, provavelmente tinha uma família, ele não aparentava ter
mais de quarenta anos.
Venho
passando por um momento pessoal que volto a valorizar a vida, e ver uma ser
desperdiçada dessa maneira me deixou incomodada, me fez olhar para a minha e
perceber se estou fazendo o possível para aproveitá-la, afinal, hoje estou aqui
falando com vocês, mas não sabemos o dia de amanhã e o que a vida nos reserva.
Então devemos fazer o máximo hoje, e sempre procurar evoluirmos como seres
humanos. Algo que estou trabalhando a fundo nesses últimos dias.
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