Aluno 81
Reescrita
Minhas experiências com as leituras
relacionadas a conteúdos escolares nunca foram muito empolgantes. Desde muito
antes da escola, minha mãe tinha por hábito ler histórias para mim e, mais
tarde, já alfabetizada, assumi a leitura. Quando me deparei com a leitura na
escola, me decepcionei. Ao longo de meus anos escolares aprendi a fazer
leituras mecânicas onde somente líamos para buscar as respostas no texto e
copiá-las em nossos cadernos, sem refletir e sem questionar o que estava
escrito.
“[...]
chamo a atenção para o fator limitante de não ser desenvolvida na escola a
leitura, pois quando coloco que a escola alfabetiza acreditando estar expondo
os alunos à prática de leitura, na verdade o que está fazendo é “treinando-os”
a simplesmente decodificarem um material escrito.” (ROTTAVA, 2000, p. 13)
Assim
como apontado pela autora, a minha experiência com as leituras
escolares foi apenas um exercício de decodificação, foi encarada como um
produto, sem espaço para atividades onde a leitura é vista como processo, onde
há espaço para o leitor atribuir sentidos ao texto, como explica Rottava (1998,
p. 62). Mesmo diante da situação
desmotivante que a escola trazia para minhas experiências na leitura, mantive
meu interesse na literatura e através de ficções e romances construi uma
considerável experiência de leitura, que me permitiu até mesmo aplicar estes
conhecimentos de interpretação na escola.
Ao chegar à universidade me deparei com um
exercício de leitura completamente estranho para mim. Atividades de reflexão sobre
assuntos e conceitos complexos e que exigem, muitas vezes, um conhecimento
prévio que eu não possuo me deixaram completamente perdida em meus primeiros
momentos de leitura. A leitura que mais me causou problemas e que também mais
me trouxe conhecimento sobre a leitura acadêmica neste curto período que estou
vivenciando a universidade, foi a do livro Curso
Básico de Linguística Geral de Saussure para a cadeira de Conceitos Básicos
de Linguística. Encontrei muitos problemas na leitura desde seu inicio, pois
este é um livro cheio de conceitos e que também pressupõe um conhecimento
prévio sobre o assunto, além de ser um texto que, por apresentar muitas
informações em apenas um parágrafo, precisou ser lido e relido para que fizesse
sentido para mim. A escola não havia me preparado para essas leituras que
envolviam um exercício de reflexão e uma posição critica diante do texto.
Após
superar a leitura da melhor maneira que pude, tive o auxilio do professor desta
cadeira que criou uma lista de exercícios para servir de roteiro de leitura.
Pela primeira vez em minha vida fiz uma lista de exercícios que me auxiliava na
reflexão e abria espaço para uma leitura minha e, a partir da leitura das
minhas respostas e das de meus colegas, pude então criar diferentes leituras do
mesmo texto.
“O
modelo interativo tem como pressuposto que a construção de sentidos é um
processo dinâmico. Os leitores podem fazer diferentes leituras sempre que
estiverem imbuídos de um novo propósito, ou quando as leituras forem discutidas
com diferentes interlocutores, isto é, o propósito ou o interlocutor
direcionará as diferentes leituras.” (ROTTAVA, 1998, p. 62)
Esta orientação e a troca de
experiências de leituras diferentes sobre o mesmo texto me ajudaram muito e me
auxiliaram na compreensão de outros textos, pois já sabia como encarar
parágrafos com muitas informações e conceitos desconhecidos. Além disso,
percebi que através de uma leitura reflexiva e da opinião de colegas sobre o
mesmo texto consegui construir um conhecimento muito mais sólido do que com as
leituras que realiza, pois na escola a leitura de um texto nunca exigia mais
que sua decodificação.
“[..] acredito
que a leitura deva provocar no leitor uma reação. Essa, por sua vez, permitirá
que sejam emitidas opiniões, pois aceitar ou recusar um tema ou um assunto é,
muitas vezes, o ponto de partida para a construção do conhecimento.” (ROTTAVA,
2000, p. 16)
A
partir das experiências na universidade pude perceber o quão pobres haviam sido
as leituras realizadas na escola. A falta de uma leitura mais critica e
reflexiva afetou não somente a minha capacidade de compreensão dos textos, mas
também a construção dos conhecimentos adquiridos.
REFERÊNCIAS:
ROTTAVA,
L. A Leitura e a Escrita na Pesquisa e no Ensino. Espaços da Escola, Ijuí, Editora UNIJUÍ, a. 4, n. 27, jan.-mar.
1998, p 61-68.
ROTTAVA,
L. A Importância da Leitura na Construção do Conhecimento. Espaços da Escola, Ijuí, Editora UNIJUÍ, a. 9, n. 35, jan.-mar.
2000, p 11-16.
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