quarta-feira, 6 de julho de 2016

Minha experiência de leitura na escola

Aluno 81
Reescrita


Minhas experiências com as leituras relacionadas a conteúdos escolares nunca foram muito empolgantes. Desde muito antes da escola, minha mãe tinha por hábito ler histórias para mim e, mais tarde, já alfabetizada, assumi a leitura. Quando me deparei com a leitura na escola, me decepcionei. Ao longo de meus anos escolares aprendi a fazer leituras mecânicas onde somente líamos para buscar as respostas no texto e copiá-las em nossos cadernos, sem refletir e sem questionar o que estava escrito.
“[...] chamo a atenção para o fator limitante de não ser desenvolvida na escola a leitura, pois quando coloco que a escola alfabetiza acreditando estar expondo os alunos à prática de leitura, na verdade o que está fazendo é “treinando-os” a simplesmente decodificarem um material escrito.” (ROTTAVA, 2000, p. 13)
            Assim como apontado pela autora, a minha experiência com as leituras escolares foi apenas um exercício de decodificação, foi encarada como um produto, sem espaço para atividades onde a leitura é vista como processo, onde há espaço para o leitor atribuir sentidos ao texto, como explica Rottava (1998, p. 62).  Mesmo diante da situação desmotivante que a escola trazia para minhas experiências na leitura, mantive meu interesse na literatura e através de ficções e romances construi uma considerável experiência de leitura, que me permitiu até mesmo aplicar estes conhecimentos de interpretação na escola.
Ao chegar à universidade me deparei com um exercício de leitura completamente estranho para mim. Atividades de reflexão sobre assuntos e conceitos complexos e que exigem, muitas vezes, um conhecimento prévio que eu não possuo me deixaram completamente perdida em meus primeiros momentos de leitura. A leitura que mais me causou problemas e que também mais me trouxe conhecimento sobre a leitura acadêmica neste curto período que estou vivenciando a universidade, foi a do livro Curso Básico de Linguística Geral de Saussure para a cadeira de Conceitos Básicos de Linguística. Encontrei muitos problemas na leitura desde seu inicio, pois este é um livro cheio de conceitos e que também pressupõe um conhecimento prévio sobre o assunto, além de ser um texto que, por apresentar muitas informações em apenas um parágrafo, precisou ser lido e relido para que fizesse sentido para mim. A escola não havia me preparado para essas leituras que envolviam um exercício de reflexão e uma posição critica diante do texto.
            Após superar a leitura da melhor maneira que pude, tive o auxilio do professor desta cadeira que criou uma lista de exercícios para servir de roteiro de leitura. Pela primeira vez em minha vida fiz uma lista de exercícios que me auxiliava na reflexão e abria espaço para uma leitura minha e, a partir da leitura das minhas respostas e das de meus colegas, pude então criar diferentes leituras do mesmo texto.
“O modelo interativo tem como pressuposto que a construção de sentidos é um processo dinâmico. Os leitores podem fazer diferentes leituras sempre que estiverem imbuídos de um novo propósito, ou quando as leituras forem discutidas com diferentes interlocutores, isto é, o propósito ou o interlocutor direcionará as diferentes leituras.” (ROTTAVA, 1998, p. 62)
            Esta orientação e a troca de experiências de leituras diferentes sobre o mesmo texto me ajudaram muito e me auxiliaram na compreensão de outros textos, pois já sabia como encarar parágrafos com muitas informações e conceitos desconhecidos. Além disso, percebi que através de uma leitura reflexiva e da opinião de colegas sobre o mesmo texto consegui construir um conhecimento muito mais sólido do que com as leituras que realiza, pois na escola a leitura de um texto nunca exigia mais que sua decodificação.
“[..] acredito que a leitura deva provocar no leitor uma reação. Essa, por sua vez, permitirá que sejam emitidas opiniões, pois aceitar ou recusar um tema ou um assunto é, muitas vezes, o ponto de partida para a construção do conhecimento.(ROTTAVA, 2000, p. 16)
            A partir das experiências na universidade pude perceber o quão pobres haviam sido as leituras realizadas na escola. A falta de uma leitura mais critica e reflexiva afetou não somente a minha capacidade de compreensão dos textos, mas também a construção dos conhecimentos adquiridos.
REFERÊNCIAS:
ROTTAVA, L. A Leitura e a Escrita na Pesquisa e no Ensino. Espaços da Escola, Ijuí, Editora UNIJUÍ, a. 4, n. 27, jan.-mar. 1998, p 61-68.
ROTTAVA, L. A Importância da Leitura na Construção do Conhecimento. Espaços da Escola, Ijuí, Editora UNIJUÍ, a. 9, n. 35, jan.-mar. 2000, p 11-16. 

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