Aluno 80
Reescrita
Mania estranha é a nossa de criar dicotomias. Criar antônimos para toda a verdade que existe, contestá-la sempre que pudermos e então ver o lado negativo. Entretanto, porque isso? Nunca observamos a ausência de bondade, porém, sim, a maldade. Dessa forma, temos o maniqueísmo popular: direita e esquerda; ciência e religião; humanas e exatas; calor e frio; fogo e água; razão e emoção. Alguns dizem que estes últimos são peças fortes na personalidade humana, um não pode interferir no outro, afinal, isso arrisca julgamentos. Entretanto, por entre minhas sinapses nervosas, é difícil saber quem toma conta. Sei lhe reportar que nunca são os dois.
Primeiramente, ponho seus olhos, Leitor, sobre minha criação: venho de uma família de classe média, que sempre fora trabalhadeira, onde todos sabem que se amam, entretanto, aqui existe um pequeno detalhe: ninguém fala. Não, não é uma família hipócrita ou qualquer coisa do tipo. É só que, muitas vezes, um abraço pode soar estranho. Considerando isso, é claro que o sentimentalismo foi fraco no meu desenvolvimento e, assim, me moldei até a adolescência.
Contudo, a história é confiável e ela diz: sempre há um estopim. Para a Primeira Guerra Mundial foi a morte de Francisco Ferdinando, para mim foi o fogo-que-arde-sem-se-ver sendo apagado abruptamente e sem retornos ou arrependimentos. Senti uma fisgada nesse momento, penso que foi o Inesperado tocando a Razão. Para mim, este foi o tempo que a sombra do Corvo no Busto de Palas parecia pairar sobre mim. Com isso, horas de reflexão dadas para o meu quarto, não que ele seja grato por estes momentos.
A partir daí, minhas concepções, antes elaboradas no individualismo e no argumento de ser um organismo que compreende e assemelha fatos, se tornaram um pensar no sentir, no se por no lugar dos outros e presenciar a felicidade. Sim, este último acaba sendo o bem mais desejado do mundo e que poucos sabem que possuem, pois a maioria não percebe que somos felizes quando temos bons momentos. Este fato é o que me liga nas coisas mais importantes na minha vida: minhas amizades, minha família e o bem das pessoas em geral. Utópico? Sim. Clichê? Com certeza. Contudo, é o que eu tento fazer todos os dias, pois a felicidade dessas pessoas me alegra.
Tendo isso em mente, posso destacar que meu sentir acaba tomando conta do meu eu. Dessa forma, não seria surpresa que meu interesse acadêmico fosse um jogar do subjetivo. Ele acaba ultrapassando a literatura e vai até ao cinema, pois olhar uma película é uma sensação tão indescritível quanto imaginar os cenários de um livro. Com isso, o interesse nas artes acaba sendo claro, algo me levou a perceber um grande anseio para a minha vida: impressionar as pessoas. De forma artística como cineasta ou escritor, ou de forma mais precisa, como professor. Afinal, posso ser sem causa ou motivo, porém quero ter efeito e razão.
Portanto, posso reafirmar, minha vida acaba sendo feita dessa balança que vai tendo de um lado para o outro. Por vezes sistemático, e em outras sentimental. Confesso-te, não compreendo bem, mas imagino que se eu tentar escolher ser somente um, não serei tão completo.
Gostei do texto, mas o achei mais misterioso do que revelador para uma proposta de apresentação pessoal, tanto na escrita quanto na reescrita. Senti um pouco de falta de concretude, de fatos da vida dessa pessoa, que parece ser alguém muito interessante.
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