Aluno 67
1 Versão
Tema: Tempo.
Delimitação do tema: A natureza sócio-histórica do
tempo para universitários.
Objetivo do texto: Identificação de uma possível
harmonia na relação universidade-tempo.
Problema: Sensação de uma falta de tempo.
Hipótese: Há uma má distribuição do tempo.
Argumentos:
Num
questionário feito com 248 universitários, 80,7% dos participantes reconheceram
que a sensação de que existe uma falta de tempo advém de uma má distribuição,
otimização do tempo. Ainda, confirmam a dificuldade de, principalmente, atrelar
a vida acadêmica à vida social (70,1%).
Segundo Leite,
Tamayo & Gunther (2003), a maioria das pessoas sabe que deve planejar,
priorizar suas atividades, completar as atividades mais urgentes e ter uma
rotina, mas nem todas procedem assim.
Grande
parte dos estudantes planeja e avalia o próprio estudo, porém pouco executa a
ação de estudar, demonstrando o hábito de procrastinar, conforme demonstram os
resultados do estudo de Sampaio, Polydoro, & Rosário (2012).
Contra-argumento:
Sendo
humanos – não máquinas – as pessoas possuem necessidades que vão além de uma
agenda a cumprir e que, por muitas vezes, são consideradas “perda de tempo”.
O que
você faz da meia noite às seis?
Por muitas vezes, no trajeto de
um graduando rumo à formação, a ideia de dormir é descartada para que o tempo
de descanso seja aproveitado para realizar trabalhos e estudos. Essa é apenas
uma das consequências que ilustra uma má otimização do tempo em prol da
harmonia entre vida social, trabalho, lazer e estudo e aí que se localiza a
origem da tão dita frase “não tenho tempo pra nada”, dessa sensação de que
faltam horas num dia.
Não é necessário ir muito longe
para atestar essa realidade: num questionário elaborado e divulgado na internet
entre os dias 18 e 19 de junho de 2016, 96% dos 248 universitários
participantes responderam “sim” à
questão “Você tem a sensação de que falta tempo no cotidiano?” e 80,7% confirmaram
que essa sensação é resultado de uma má distribuição do tempo. Os estudantes cursam
desde o primeiro até o décimo primeiro semestre da graduação, sendo que metade
dos participantes está cursando do primeiro ao terceiro semestre. Ao destacarem
os motivos que tornam visível esse gerenciamento falho, a dificuldade de
atrelar a vida acadêmica à vida social (70,1%) se mostrou o principal fator,
seguido pela carga de trabalhos e leituras excessiva (61,4%), a dificuldade de
atrelar a vida acadêmica ao trabalho (40,7%) e a carga horária de aulas
excessiva (34%).
Porém, dentre as observações
sobre outros motivos, como gasto de horas na locomoção diária e cansaço
extremo, notei um desabafo muito presente acerca de uma necessidade quase
abrupta de cometer o ato mais comum na rotina de uma falha administração do
tempo: a procrastinação. O hábito é abordado no estudo Autorregulação da aprendizagem e a procrastinação acadêmica em
estudantes universitários e descrito pelos autores:
“(...) os resultados indicam que os
participantes tendem a avaliar e planejar mais seu processo de aprendizagem do
que executam suas ações de estudo. Destaca-se que falhas em qualquer uma das
fases do processo de autorregulação da aprendizagem culminam em consequências
para fase seguinte, pois este é um sistema cíclico e dinâmico, no qual cada uma
das fases está interconectada de modo recíproco.”
(SAMPAIO,
POLYDORO, & ROSÁRIO, 2012)
Ou seja, boa parte da relação com
a Academia fica no planejamento e pouca parte na ação em si, é o clássico
hábito de “deixar para depois”. Não que os universitários ignorem as
responsabilidades, como afirmam Leite, Tamayo & Gunther (2003) ,“(...) a
maioria das pessoas sabe que deve planejar, priorizar suas atividades, completar
as atividades mais urgentes e ter uma rotina, mas nem todas procedem assim.”
É importante destacar, no
entanto, que essa dificuldade de administração do tempo pode ser justificada
pelo simples fato de sermos humanos: uma máquina poderia ser programada para
cumprir tarefas com horários previstos de início e término; uma pessoa tem
necessidades que vão além de seguir um roteiro. A arte, por exemplo, é vista e
denominada por grande parte das pessoas como uma fuga da realidade; seria então
a realidade uma agenda a cumprir e que, para vivenciarmos novas sensações e
aumentarmos a subjetividade, exige que fujamos? Espero, leitor, que você tenha
imaginado um “não” ao lado desse ponto de interrogação, afinal o estudo não é a
única necessidade que temos nesse período que compreende o tempo do nascimento
até a morte.
Tendo em vista que há a certeza
pelos próprios estudantes de que o gerenciamento não funciona e que o hábito de
procrastinar é comum, a administração do tempo pelos universitários se revela preocupante,
tanto pelo fato da dificuldade do estudante de conseguir atrelar as obrigações
acadêmicas aos momentos de lazer no cotidiano, quanto pelo lugar da Academia
nesse problema que como afirmam Sampaio, Polydoro, & Rosário (2012)
“necessita
não apenas da atenção dos universitários, mas também dos gestores dos cursos de
graduação e dos professores do ensino superior”. Uma mínima organização com
sucesso unida à consideração de uma formação humana acarretaria na diminuição
de alguns percentuais em perguntas como “você tem a sensação de uma falta de
tempo?” e, tão – ou mais – importante quanto, garantiriam o sono da meia noite
às seis.
Referências
LEITE, Umbelina do Rego; TAMAYO,
Álvaro e GUNTHER, Hartmut. Organização
do uso do tempo e valores de universitários. Aval. psicol. [online]. 2003,
vol.2, n.1, pp. 57-66. ISSN 2175-3431. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-4712003000100007>.
Acesso em: 19/06/2016.
SAMPAIO, Rita Karina Nobre;
POLYDORO, Soely Aparecida Jorge e ROSÁRIO,
Pedro Sales Luís de Fonseca. (2012). Autorregulação
da aprendizagem e a procrastinação acadêmica em estudantes universitários.
Cadernos de Educação, 42, 119-142. Disponível em: < https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/caduc/article/view/2151>.
Acesso em: 19/06/2016.
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