quarta-feira, 13 de julho de 2016

Aluno 67
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Tema: Tempo.

Delimitação do tema: A natureza sócio-histórica do tempo para universitários.

Objetivo do texto: Identificação de uma possível harmonia na relação universidade-tempo.

Problema: Sensação de uma falta de tempo.

Hipótese: Há uma má distribuição do tempo.

Argumentos:

Num questionário feito com 248 universitários, 80,7% dos participantes reconheceram que a sensação de que existe uma falta de tempo advém de uma má distribuição, otimização do tempo. Ainda, confirmam a dificuldade de, principalmente, atrelar a vida acadêmica à vida social (70,1%).

Segundo Leite, Tamayo & Gunther (2003), a maioria das pessoas sabe que deve planejar, priorizar suas atividades, completar as atividades mais urgentes e ter uma rotina, mas nem todas procedem assim.

Grande parte dos estudantes planeja e avalia o próprio estudo, porém pouco executa a ação de estudar, demonstrando o hábito de procrastinar, conforme demonstram os resultados do estudo de Sampaio, Polydoro, & Rosário (2012).

Contra-argumento:

Sendo humanos – não máquinas – as pessoas possuem necessidades que vão além de uma agenda a cumprir e que, por muitas vezes, são consideradas “perda de tempo”.












O que você faz da meia noite às seis?

Por muitas vezes, no trajeto de um graduando rumo à formação, a ideia de dormir é descartada para que o tempo de descanso seja aproveitado para realizar trabalhos e estudos. Essa é apenas uma das consequências que ilustra uma má otimização do tempo em prol da harmonia entre vida social, trabalho, lazer e estudo e aí que se localiza a origem da tão dita frase “não tenho tempo pra nada”, dessa sensação de que faltam horas num dia.  
Não é necessário ir muito longe para atestar essa realidade: num questionário elaborado e divulgado na internet entre os dias 18 e 19 de junho de 2016, 96% dos 248 universitários participantes responderam  “sim” à questão “Você tem a sensação de que falta tempo no cotidiano?” e 80,7% confirmaram que essa sensação é resultado de uma má distribuição do tempo. Os estudantes cursam desde o primeiro até o décimo primeiro semestre da graduação, sendo que metade dos participantes está cursando do primeiro ao terceiro semestre. Ao destacarem os motivos que tornam visível esse gerenciamento falho, a dificuldade de atrelar a vida acadêmica à vida social (70,1%) se mostrou o principal fator, seguido pela carga de trabalhos e leituras excessiva (61,4%), a dificuldade de atrelar a vida acadêmica ao trabalho (40,7%) e a carga horária de aulas excessiva (34%).
Porém, dentre as observações sobre outros motivos, como gasto de horas na locomoção diária e cansaço extremo, notei um desabafo muito presente acerca de uma necessidade quase abrupta de cometer o ato mais comum na rotina de uma falha administração do tempo: a procrastinação. O hábito é abordado no estudo Autorregulação da aprendizagem e a procrastinação acadêmica em estudantes universitários e descrito pelos autores:

 “(...) os resultados indicam que os participantes tendem a avaliar e planejar mais seu processo de aprendizagem do que executam suas ações de estudo. Destaca-se que falhas em qualquer uma das fases do processo de autorregulação da aprendizagem culminam em consequências para fase seguinte, pois este é um sistema cíclico e dinâmico, no qual cada uma das fases está interconectada de modo recíproco.”
(SAMPAIO, POLYDORO, & ROSÁRIO, 2012)

Ou seja, boa parte da relação com a Academia fica no planejamento e pouca parte na ação em si, é o clássico hábito de “deixar para depois”. Não que os universitários ignorem as responsabilidades, como afirmam Leite, Tamayo & Gunther (2003) ,“(...) a maioria das pessoas sabe que deve planejar, priorizar suas atividades, completar as atividades mais urgentes e ter uma rotina, mas nem todas procedem assim.”
É importante destacar, no entanto, que essa dificuldade de administração do tempo pode ser justificada pelo simples fato de sermos humanos: uma máquina poderia ser programada para cumprir tarefas com horários previstos de início e término; uma pessoa tem necessidades que vão além de seguir um roteiro. A arte, por exemplo, é vista e denominada por grande parte das pessoas como uma fuga da realidade; seria então a realidade uma agenda a cumprir e que, para vivenciarmos novas sensações e aumentarmos a subjetividade, exige que fujamos? Espero, leitor, que você tenha imaginado um “não” ao lado desse ponto de interrogação, afinal o estudo não é a única necessidade que temos nesse período que compreende o tempo do nascimento até a morte.
Tendo em vista que há a certeza pelos próprios estudantes de que o gerenciamento não funciona e que o hábito de procrastinar é comum, a administração do tempo pelos universitários se revela preocupante, tanto pelo fato da dificuldade do estudante de conseguir atrelar as obrigações acadêmicas aos momentos de lazer no cotidiano, quanto pelo lugar da Academia nesse problema que como afirmam Sampaio, Polydoro, & Rosário (2012)necessita não apenas da atenção dos universitários, mas também dos gestores dos cursos de graduação e dos professores do ensino superior”. Uma mínima organização com sucesso unida à consideração de uma formação humana acarretaria na diminuição de alguns percentuais em perguntas como “você tem a sensação de uma falta de tempo?” e, tão – ou mais – importante quanto, garantiriam o sono da meia noite às seis.







Referências

LEITE, Umbelina do Rego; TAMAYO, Álvaro e GUNTHER, Hartmut. Organização do uso do tempo e valores de universitários. Aval. psicol. [online]. 2003, vol.2, n.1, pp. 57-66. ISSN 2175-3431. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-4712003000100007>. Acesso em: 19/06/2016.

SAMPAIO, Rita Karina Nobre; POLYDORO, Soely Aparecida Jorge e  ROSÁRIO, Pedro Sales Luís de Fonseca. (2012). Autorregulação da aprendizagem e a procrastinação acadêmica em estudantes universitários. Cadernos de Educação, 42, 119-142. Disponível em: < https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/caduc/article/view/2151>. Acesso em: 19/06/2016.

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