quarta-feira, 13 de julho de 2016

Aluno 94
1 Versão


Tema: Tempo.

Delimitação do tema: A natureza sociohistórica do tempo.

Objetivo: Propor uma reflexão sobre a carga horária nas universidades do Brasil.

Problema: Estudantes de Curso Superior não conseguem lidar com a carga horária, de modo que acabam recorrendo a meios equivocados de graduarem-se como práticas medíocres para a realização de trabalhos, por terem que deixar de dedicarem-se verdadeiramente pela limitação de um prazo de entrega.

Hipótese: O padrão de carga horária nas universidades brasileira é demasiado e os estudantes não têm tempo o suficiente para lidar com o conteúdo, desta forma, acabam criando mecanismos para a sobrevivência no meio acadêmico, não resultado num aprendizado verdadeiro.

Argumentos:

[ x ] De autoridade:  

Reforçando a idéia de que o tempo para o estudo extra-classe se faz necessário para garantir o desempenho acadêmico, embora com visão não conclusiva de quanto tempo é o "ideal" para os estudos extras, Souza (1993) conclui em sua pesquisa com alunos da Universidade Federal de Maringá que, em relação à dificuldade no desempenho acadêmico dos mesmos, dois são os fatores mais significativos: dificuldades pessoais e falta de tempo para os estudos, apontados por 33,89% dos alunos pesquisados. Fica também continuado neste estudo que os alunos que trabalham, quando comparados aos que só estudam, têm menos tempo para se dedicarem aos estudos e com isso enfrentam maiores dificuldades para acompanhar o curso, decorrendo conseqüentemente, um menor rendimento acadêmico. (CARELLI; SANTOS, 1991, pág. X apud Souza[1]).

[ x ] Dados Concretos:

A etapa de formação universitária é de fundamental importância para a capacitação profissional e sua viabilidade depende de condições adequadas. Assim, o presente estudo teve como objetivo verificar as condições temporais e pessoais de estudo de universitários. Serviram como sujeitos 181 alunos concluintes dos cursos de Psicologia, Engenharia Civil e Farmácia, dos turnos diurno e noturno de uma universidade particular comunitária. Os dados foram coletados por meio de um questionário e foram encontradas diferenças significativas, tanto no que se refere às condições temporais como pessoais, entre alunos de diferentes cursos e turnos, identificando-se dificuldades que devem ser superadas pela utilização de estratégias de ensino aprendizagem mais adequadas ao perfil e condições dos alunos, visando uma preparação para o enfrentamento das exigências profissionais do mundo atual. (CARELLI; SANTOS, 1991, pág. 1)

[ x ] Contra-argumento: Segundo a Portaria Ministerial, que através de um de seus decretos instituiu um parâmetro base para a estruturação da carga horária, foi apontado de que a carga horária atual das universidades brasileiras é necessária pelo motivo de ser estabelecida em relação ao conceito de termo médio, na qual expressa a integralização anual do currículo, mensurada em horas-aula (h-a).









Você já cursou alguma faculdade de curso superior? Se sim, você já sentiu que não tinha tempo para realizar todos os seus trabalhos acadêmicos? Caso a resposta seja novamente afirmativa, você não é o único. As reflexões sobre o tempo em sua perspectiva de natureza sociohistórica nas universidades brasileiras tem sido um tema cada vez mais em pauta. O seu motivo: a carga horária de graduação. Neste artigo, analisaremos o problema da qual os estudantes brasileiros em sua grande maioria discorrem, esclarecendo a sua falta de tempo para a realização das tarefas acadêmicas requeridas.
A carga acadêmica de horários é, de fato, uma realidade problemática dentro do panorama do Brasil. A concepção da qual as universidades brasileiras tem de que o aprendizado é proporcional a quantidade de horas dentro de uma sala é algo equivocado. O ensino norte-americano, por exemplo, tem a carga horária diminuída por ter a consciência de que o estudante precisa de tempo suficiente para exercer sua autonomia. Autonomia, esta, que pode ser definida pelo exercício do aluno em relação ao seu conteúdo, algo fundamental para o pleno entendimento do que está sendo ensinado. Dessa forma, ao contrário do ensino nas faculdades brasileiras, o aluno tem a estrutura necessária para assimilar e construir o seu processo de graduação, de modo que ele não acabe simplesmente sufocado pelo conteúdo.
Sufocado pelo conteúdo: esta talvez seja uma definição precisa do estado que um aluno tem como conseqüência da carga horária. Para a elucidação mais clara desse problema, tomaremos como base o estudo de Maria José Guimarães Carelli e Acácia Aparecida Angeli dos Santos (1999), graduandas da Universidade São Francisco, onde estas buscaram cientificamente explicar este problema com base em seu artigo Condições temporais e pessoais de Estudo em Universitários. Esse artigo foi realizado a partir de um estudo com 181 alunos concluintes dos cursos de Psicologia, Engenharia Civil e Farmácia, dos turnos diurno e noturno de uma universidade particular comunitária. Entre várias estatísticas comparativas, uma foi unânime quanto o seu resultado: todos reclamaram de faltas de condições temporais.

Uma grande parcela de alunos do diurno e noturno afirmou que o "período reduzido para os estudos" influencia negativamente seus estudos (diurno = 43,19% e noturno = 50,96%), o que foi condizente com os resultados obtidos por Mercuri (1992), cujos sujeitos apontaram a condição temporal com sendo a mais influente para seus estudos, reconhecendo o seu potencial prejudicial no desempenho, quando inadequada.” (CARELLI; SANTOS, 1999, apud Mercuri, 1992[2], pág. 8)

Dessas pessoas, concluiu-se que todos eles possuíam alguma maneira pessoal de tentar superar as dificuldades advindas do processo de ensino-aprendizagem. A sua causa? O número de cargas horárias em relação ao conteúdo exigido e passado não era proporcional para a plena realização e aprendizado destes, de modo que todos os entrevistados de uma forma ou de outra acabavam recorrendo à estratégias que os levavam a encarar a vida acadêmica como uma espécie de  sobrevivência, e não de aprendizado. Abaixo, utilizo uma citação deste mesmo livro sobre o resultado estatístico de seu estudo em que isso fica claramente entendido – ainda que o foco do estudo se centre em si nas condições temporais.

Confirmou-se também, a importância verificada por outros estudos em relação à condição temporal, principalmente entre os alunos do noturno, os quais mais freqüentemente declararam sentirem-se prejudicados pela falta de tempo para maior dedicação às atividades de estudo extraclasse” (CARELLI; SANTOS, 1999, pág. 13).

Isso nos mostra que, apesar da decisão de parâmetro da Portaria Ministerial, n.º 159, de 14 de junho de 1965 (pág. 4), haver sustentado a ideia de que carga horária é igual a aprendizado (através do seu conceito de termo-médio) essa ideia mostra-se equivocada quando confrontado com a realidade. Quando sua equipe estabeleceu os parâmetros para a estruturação da educação superior quanto à duração/carga horária dos cursos superiores, não se levou em conta o fator de condições temporais, tampouco a relação de autonomia que o aluno deve ter com o ensino. Há, de fato, uma base empírica como mostrado por parte da pesquisa citada que atesta de fato uma necessidade de melhores condições temporais, e que também atesta, consequentemente, uma carência na estrutura de organização de uma universidade brasileira. Esses modelos atestam que não, a carga horária, pelo contrário, é muitas vezes um sinônimo de não-aprenziado, um fator que dificulta a plena assimilação do estudante e o faz recorrer a outros meios. Meios estes, muitas vezes relacionados a sobrevivência no campo acadêmico.

Referências

CARELLI, Maria José GuimarãesSANTOS, Acácia Aparecida Angeli dos. Condições temporais e pessoais de estudo em universitários. São Francisco, 1998.




[1] “Reforçando a idéia de que o tempo para o estudo extraclasse se faz necessário para garantir o desempenho acadêmico, embora com visão não conclusiva de quanto tempo é o "ideal" para os estudos extras, Souza (1993) conclui em sua pesquisa com alunos da Universidade Federal de Maringá que, em relação à dificuldade no desempenho acadêmico dos mesmos, dois são os fatores mais significativos: dificuldades pessoais e falta de tempo para os estudos, apontados por 33,89% dos alunos pesquisados. Fica também continuado neste estudo que os alunos que trabalham, quando comparados aos que só estudam, têm menos tempo para se dedicarem aos estudos e com isso enfrentam maiores dificuldades para acompanhar o curso, decorrendo conseqüentemente, um menor rendimento acadêmico”.
[2] “Segundo Mercuri (1992), a ausência dessas condições pode acarretar dificuldades para o aluno na viabilização de um estudo eficiente.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário