Aluno 94
1 Versão
Tema: Tempo.
Delimitação do tema: A natureza sociohistórica do tempo.
Objetivo: Propor uma reflexão sobre a carga
horária nas universidades do Brasil.
Problema: Estudantes de Curso Superior não
conseguem lidar com a carga horária, de modo que acabam recorrendo a meios equivocados
de graduarem-se como práticas medíocres para a realização de trabalhos, por
terem que deixar de dedicarem-se verdadeiramente pela limitação de um prazo de
entrega.
Hipótese: O padrão de carga horária nas
universidades brasileira é demasiado e os estudantes não têm tempo o suficiente
para lidar com o conteúdo, desta forma, acabam criando mecanismos para a
sobrevivência no meio acadêmico, não resultado num aprendizado verdadeiro.
Argumentos:
[ x ] De autoridade:
Reforçando a idéia de que o tempo para o estudo
extra-classe se faz necessário para garantir o desempenho acadêmico, embora com
visão não conclusiva de quanto tempo é o "ideal" para os estudos
extras, Souza (1993) conclui em sua pesquisa com alunos da Universidade Federal
de Maringá que, em relação à dificuldade no desempenho acadêmico dos mesmos,
dois são os fatores mais significativos: dificuldades pessoais e falta de tempo
para os estudos, apontados por 33,89% dos alunos pesquisados. Fica também
continuado neste estudo que os alunos que trabalham, quando comparados aos que
só estudam, têm menos tempo para se dedicarem aos estudos e com isso enfrentam
maiores dificuldades para acompanhar o curso, decorrendo conseqüentemente, um
menor rendimento acadêmico. (CARELLI; SANTOS, 1991, pág. X apud Souza[1]).
[ x ] Dados Concretos:
A etapa de formação universitária é de fundamental
importância para a capacitação profissional e sua viabilidade depende de
condições adequadas. Assim, o presente estudo teve como objetivo verificar as
condições temporais e pessoais de estudo de universitários. Serviram como
sujeitos 181 alunos concluintes dos cursos de Psicologia, Engenharia Civil e
Farmácia, dos turnos diurno e noturno de uma universidade particular
comunitária. Os dados foram coletados por meio de um questionário e foram
encontradas diferenças significativas, tanto no que se refere às condições
temporais como pessoais, entre alunos de diferentes cursos e turnos,
identificando-se dificuldades que devem ser superadas pela utilização de
estratégias de ensino aprendizagem mais adequadas ao perfil e condições dos
alunos, visando uma preparação para o enfrentamento das exigências
profissionais do mundo atual. (CARELLI; SANTOS, 1991, pág. 1)
[ x ] Contra-argumento: Segundo a Portaria Ministerial, que
através de um de seus decretos instituiu um parâmetro base para a estruturação
da carga horária, foi apontado de que a carga horária atual das universidades
brasileiras é necessária pelo motivo de ser estabelecida em relação ao conceito
de termo médio, na qual expressa a integralização anual do currículo, mensurada
em horas-aula (h-a).
Você já cursou alguma faculdade de
curso superior? Se sim, você já sentiu que não tinha tempo para realizar todos
os seus trabalhos acadêmicos? Caso a resposta seja novamente afirmativa, você
não é o único. As reflexões sobre o tempo em sua perspectiva de natureza
sociohistórica nas universidades brasileiras tem sido um tema cada vez mais em
pauta. O seu motivo: a carga horária de graduação. Neste artigo, analisaremos o
problema da qual os estudantes brasileiros em sua grande maioria discorrem,
esclarecendo a sua falta de tempo para a realização das tarefas acadêmicas
requeridas.
A
carga acadêmica de horários é, de fato, uma realidade problemática dentro do
panorama do Brasil. A concepção da qual as universidades brasileiras tem de que
o aprendizado é proporcional a quantidade de horas dentro de uma sala é algo
equivocado. O ensino norte-americano, por exemplo, tem a carga horária
diminuída por ter a consciência de que o estudante precisa de tempo suficiente
para exercer sua autonomia. Autonomia, esta, que pode ser definida pelo
exercício do aluno em relação ao seu conteúdo, algo fundamental para o pleno
entendimento do que está sendo ensinado. Dessa forma, ao contrário do ensino
nas faculdades brasileiras, o aluno tem a estrutura necessária para assimilar e
construir o seu processo de graduação, de modo que ele não acabe simplesmente
sufocado pelo conteúdo.
Sufocado
pelo conteúdo: esta talvez seja uma definição precisa do estado que um aluno
tem como conseqüência da carga horária. Para a elucidação mais clara desse
problema, tomaremos como base o estudo de Maria
José Guimarães Carelli e Acácia Aparecida Angeli dos Santos (1999), graduandas
da Universidade São Francisco, onde estas buscaram cientificamente explicar
este problema com base em seu artigo Condições
temporais e pessoais de Estudo em Universitários. Esse artigo foi realizado
a partir de um estudo com 181 alunos concluintes dos cursos de Psicologia,
Engenharia Civil e Farmácia, dos turnos diurno e noturno de uma universidade
particular comunitária. Entre várias estatísticas comparativas, uma foi unânime
quanto o seu resultado: todos reclamaram de faltas de condições temporais.
Uma grande parcela de alunos do diurno e noturno afirmou
que o "período reduzido para os estudos" influencia negativamente
seus estudos (diurno = 43,19% e noturno = 50,96%), o que foi condizente com os
resultados obtidos por Mercuri (1992), cujos sujeitos apontaram a condição
temporal com sendo a mais influente para seus estudos, reconhecendo o seu
potencial prejudicial no desempenho, quando inadequada.” (CARELLI; SANTOS, 1999, apud Mercuri, 1992[2], pág.
8)
Dessas pessoas, concluiu-se que todos
eles possuíam alguma maneira pessoal de tentar superar as dificuldades advindas
do processo de ensino-aprendizagem. A sua causa? O número de cargas horárias em
relação ao conteúdo exigido e passado não era proporcional para a plena
realização e aprendizado destes, de modo que todos os entrevistados de uma
forma ou de outra acabavam recorrendo à estratégias que os levavam a encarar a
vida acadêmica como uma espécie de
sobrevivência, e não de aprendizado. Abaixo, utilizo uma citação deste
mesmo livro sobre o resultado estatístico de seu estudo em que isso fica
claramente entendido – ainda que o foco do estudo se centre em si nas condições
temporais.
Confirmou-se também, a importância verificada por outros
estudos em relação à condição temporal, principalmente entre os alunos do
noturno, os quais mais freqüentemente declararam sentirem-se prejudicados pela
falta de tempo para maior dedicação às atividades de estudo extraclasse” (CARELLI;
SANTOS, 1999, pág. 13).
Isso nos mostra que, apesar da decisão
de parâmetro da Portaria Ministerial, n.º 159,
de 14 de junho de 1965 (pág. 4), haver sustentado a ideia de que carga horária
é igual a aprendizado (através do seu conceito de termo-médio) essa ideia
mostra-se equivocada quando confrontado com a realidade. Quando sua equipe
estabeleceu os parâmetros para a estruturação da educação superior quanto à
duração/carga horária dos cursos superiores, não se levou em conta o fator de
condições temporais, tampouco a relação de autonomia que o aluno deve ter com o
ensino. Há, de fato, uma base empírica como mostrado por parte da pesquisa
citada que atesta de fato uma necessidade de melhores condições temporais, e
que também atesta, consequentemente, uma carência na estrutura de organização
de uma universidade brasileira. Esses modelos atestam que não, a carga horária,
pelo contrário, é muitas vezes um sinônimo de não-aprenziado, um fator que
dificulta a plena assimilação do estudante e o faz recorrer a outros meios.
Meios estes, muitas vezes relacionados a sobrevivência no campo acadêmico.
Referências
CARELLI, Maria José Guimarães; SANTOS,
Acácia Aparecida Angeli dos. Condições
temporais e pessoais de estudo em universitários. São Francisco, 1998.
[1]
“Reforçando a idéia de que o tempo para o estudo extraclasse se faz necessário
para garantir o desempenho acadêmico, embora com visão não conclusiva de quanto
tempo é o "ideal" para os estudos extras, Souza (1993) conclui em sua
pesquisa com alunos da Universidade Federal de Maringá que, em relação à dificuldade
no desempenho acadêmico dos mesmos, dois são os fatores mais significativos:
dificuldades pessoais e falta de tempo para os estudos, apontados por 33,89%
dos alunos pesquisados. Fica também continuado neste estudo que os alunos que
trabalham, quando comparados aos que só estudam, têm menos tempo para se
dedicarem aos estudos e com isso enfrentam maiores dificuldades para acompanhar
o curso, decorrendo conseqüentemente, um menor rendimento acadêmico”.
[2]
“Segundo Mercuri (1992), a ausência dessas condições pode acarretar
dificuldades para o aluno na viabilização de um estudo eficiente.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário