quarta-feira, 13 de julho de 2016

A EVOLUÇÃO DA ESCRITA COM BASE NOS ESTUDOS EM CONCRETUDE E UNIDADE TEMÁTICA

Aluno 101
Aluno 102
Aluno 103
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Porto Alegre – Rio Grande do Sul / Brasil


RESUMO
O presente artigo foi desenvolvido por alunas do curso de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) na disciplina de Leitura e Produção Textual. Analisando e comparando os textos redigidos por três alunas da disciplina ao longo de todo semestre, estudamos o conceito de concretude e unidade temática presentes em uma das obras de Paulo Guedes. A partir deste conceito desenvolvemos nossas análises e comparações de forma aprofundada, observando as semelhanças, diferenças e evoluções entre os textos redigidos nessa disciplina.
PALAVRAS-CHAVE: textos, análise, conceito, concretude.

INTRODUÇÃO
            Será apresentada neste artigo a importância das qualidades discursivas concretude e unidade temática na interação autor-leitor, fazendo com que esta interação ocorra de forma eficiente. Observando o desenvolvimento de nossos textos produzidos durante o semestre na disciplina de Leitura e Produção Textual, do curso de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), foi possível identificar o quanto estas qualidades discursivas foram fundamentais para nos garantir uma evolução ao longo do período de estudos.
            Paralelamente a escrita dos textos foram trabalhados em sala de aula textos teóricos para reforçar nossa base tendo como próposito o melhor entendimento da produção textual como processo de interação. Nesta parte teórica da aula, foram trabalhadas principalmente as qualidades discursivas, sendo estas Concretude, Unidade temática, Objetividade e Questionamento. Passando por diversos gêneros textuais como apresentação, descrição, memorial e artigo de opinião, foi possível realizar ligações entre teoria e prática, otimizando nossa experiência.
            O artigo está dividido em seis partes. A primeira é a revisão da literatura, constituída pelos textos teóricos mais relevantes para a pesquisa apresentados em aula. Na segunda parte é apresentada a metodologia com a qual realizamos nossa pesquisa. A análise dos dados, sendo eles nossas produções textuais, consta na terceira parte. Na quarta parte são mostradas nossas conclusões quanto à análise. Referências bibliográficas constam na quinta parte e na sexta estão presentes os anexos, sendo eles os nossos portifólios originais.

REVISÃO DA LITERATURA
De acordo com Guedes (2009) concretude é a
[...] qualidade discursiva que faz com que o autor utilize elementos para atribuir significado ao que redige, fazendo com que seu texto dialogue com o leitor. A concretude faz com que o leitor entenda exatamente o que o autor quis dizer, não se perdendo em ideias próprias ou extra textuais que não condizem com o texto
Tomamos essa definição, presente em seu livro Da Redação à Produção Textual como norteadora desse artigo, uma vez que esta foi a qualidade discursiva mais cobrada nos textos analisados.
            Além de concretude, outra definição importante utilizada neste artigo é a de unidade temática, pois, ainda segundo Guedes (2009), sem ela “dificilmente um texto chegará às demais qualidades discursivas.” É  a unidade temática que define como um texto se organizará seguindo apenas uma ideia norteadora e não um conjunto delas que podem dificultar o entendimento.


METODOLOGIA
Foram analisados textos desenvolvidos pelas três autoras deste artigo ao longo do semestre atendendo às cinco propostas apresentadas. Diante à análise dos textos foi realizada uma pesquisa qualitativa interpretativa, que pode ser entendida como:
A pesquisa qualitativa está mais relacionada no levantamento de dados sobre as motivações de um grupo, em compreender e interpretar determinados comportamentos, a opinião e as expectativas dos indivíduos de uma população. É exploratória, portanto não tem o intuito de obter números como resultados, mas insights – muitas vezes imprevisíveis que possam nos indicar o caminho para tomada de decisão correta sobre uma questão-problema. (INSTITUTO PHD)
Durante o semestre foram apresentadas as seguintes propostas:
            Proposta 1: Apresentação pessoal. Sem nenhum critério de avaliação e instruções previamente definidos os alunos deveriam redigir um texto de apresentação pessoal, escolhendo quais aspectos sobre si mesmos eles consideravam mais importantes. 
            Proposta 2: Um fato marcante que trouxe aprendizado. Os alunos deveriam falar sobre um acontecimento marcante de suas vidas que lhes tivessem proporcionado uma experiência nova de aprendizado.
            Proposta 3: Descrição de uma ação. A proposta sugeria que os alunos redigissem um texto descrevendo uma ação do início ao fim. 
Proposta 4: Memorial de leitura. Proposta que tinha como propósito fazer ligações entre a experiência pessoal do aluno e as teorias trabalhadas em aula.
            Proposta 5: Artigo de opinião. Com o tema “A Natureza Sócio-histórica do Tempo”, foi proposto que os alunos expressassem sua opinião quanto ao assunto utilizando argumentos e contra-argumentos de autores.
            Nas primeiras três propostas eram entregues portifólios contendo primeira versão do texto, parecer dos monitores da disciplina, reescrita, diário dialogado e critérios de avaliação. Nas propostas quatro e cinco foram dispensados o diário dialogado e os critérios de avaliação, permanecendo o restante solicitado nas propostas anteriores.
Encontrando problemas em comum que foram enfrentados pelas autoras durante o semestre, nosso objeto de análise será a qualidade discursiva chamada concretude. Será levado em conta os pareceres dados aos textos e a evolução entre primeira versão e reescrita possibilitada por estes.

ANÁLISE DOS DADOS
Comparamos os textos redigidos pelas alunas nas cinco propostas ao longo do semestre. Verificamos erros em comum e a evolução a partir deles.
1.      Primeira proposta
            Na primeira proposta estiveram presentes mais problemas que nas demais. Como recém havíamos chegado a universidade e na primeira aula não nos foi apresentada nenhuma teoria, a primeira proposta foi uma espécie de texto teste, onde escrevemos nossa apresentação pessoal do modo que achávamos certo, correspondendo ao nosso conhecimento prévio escasso.
            O primeiro texto da aluna A teve como maior problema não contar com uma unidade temática, como diz o parecer:
[...] Eu lhe sugeriria, ainda, assim como lhe sugeri para o tópico anterior, a desenvolver um pouco melhor esse aspecto. Mantendo sempre inteiramente ligado a proposta central do texto, pois assim você manterá uma unidade temática. (Parecer proposta 1, aluna A)
            O texto era formado por diversos tópicos sobre a vida da aluna, porém era necessário selecionar apenas um destes para desenvolver o texto em torno deste um tópico. Na segunda versão foi feita uma tentativa da aluna de estabelecer uma unidade apenas, selecionando o tema “identidade e expressão”. Esta segunda versão parece ter sido bem sucedida na maioria dos critérios e foi atribuída a ela o conceito B.
Já para a aluna B, o parecer da primeira versão da Proposta 1 sugeria que a introdução fosse escrita de forma mais direta e clara, sem muito falar sobre a proposta em si, mas falar diretamente da aluna. A primeira versão foi escrita assim:
Escrever sobre mim mesma não é uma tarefa prazerosa, e nem mesmo fácil de executar. Em uma sala de aula onde a maioria não me conhece, é difícil pensar em algo que seja relevante para ser dito em uma apresentação pessoal, sem que as pessoas anseiem pelo fim desse texto. Apesar disso, nessa primeira proposta, acredito que o que mais pode interessar –ou não- meus colegas é como vim parar aqui, nessa sala. (Primeira versão proposta 1, aluna B)
Notamos que o parecer foi levado em consideração pois na segunda versão encontramos uma introdução muito mais objetiva:
Eu, Aluna B, 17 anos, no primeiro semestre do curso de Letras da UFRGS, me pego pensando várias vezes em como vim parar aqui. Percebo então, que a minha vida inteira me guiou até esse momento, me guiou até essa escolha e hoje tenho certeza de que quero seguir adiante nesse caminho; no mundo das Letras. Mas, afinal, como eu vim parar aqui? (Segunda versão proposta 2, aluna B)
Nesta proposta a aluna obteve conceito B.
Na primeira versão da aluna C, haviam duas vertentes que poderiam se tornar uma possível unidade temática. Isso foi observado no parecer, que também sugere que a aluna C se apegue apenas a uma das unidades para dar continuidade ao seu texto. Também foi sugerido uma melhor descrição no texto, para clarificar suas ideias e dar exemplos mais concretos.
Essas duas opções poderiam ser utilizadas para a sua apresentação, mas no decorrer do texto, a indecisão parece predominar sobre a expressividade. Talvez você pudesse investir nela sem desviar a atenção para outras características. […] Como sugestão, e apenas sugestão, talvez você pudesse explorar melhor seus exemplos. (Parecer proposta 1, aluna C)
Após a reescrita, é possível notar uma unidade temática em seu texto, pois usa o tema das “indecisões de sua vida” como enfoque para a escrita de sua apresentação. Na conclusão do texto, porém, abre o espaço para fazer um contraponto, mas permite seu fechamento, obtendo o conceito final B.
Percebo, também, que Letras foi a primeira certeza da minha vida, em meio à tantas indecisões. […] quando até a parte mais difícil de um todo te é interessante e animadora, não há motivos para desistência. Só existe determinação. (Segunda versão proposta 1, aluna C)



2.   Segunda proposta
            A segunda proposta já pôde ser escrita com mais propriedade e segurança por parte dos alunos. Se tratava de uma narrativa de um fato marcante, e em uma narrativa é fundamental que o autor forneça todas as informações necessárias para o leitor se situar no texto e acompanhar a história com o mesmo ponto de vista de quem a esta contando. Quanto a este aspecto, podemos observar a evolução do texto da aluna A:
Até hoje lembro com todos os detalhes uma das cenas mais emocionantes daquele dia. Na hora da abertura dos portões fazia sol e chovia ao mesmo tempo. A chuva fina se misturou às lágrimas dos 500 fãs emocionados que se posicionavam em frente ao palco. Estava chegando a hora. E após os dois shows de abertura que nos divertiram e tiraram um pouco da nossa tensão, chegou a hora. (Primeira versão proposta 2, aluna A)
                Foi solicitado no parecer que a aluna desenvolvesse melhor este parágrafo, descrevendo melhor a cena a fim de construir uma imagem para o leitor. De fato, esta falha havia sido percebida também pela autora, porém somente após a entrega do texto. Cumprindo com o solicitado, assim ficou a segunda versão:
Até hoje lembro com todos os detalhes uma das cenas mais emocionantes daquele dia. Na hora da abertura dos portões fazia sol e chovia ao mesmo tempo. Nos posicionamos em duplas para passar pela segurança, como fomos orientados a fazer. De mãos dadas com nossos novos amigos, andamos. A cada passo dado, a chuva ia se misturando às lágrimas dos 500 fãs emocionados que iam se posicionando em frente ao palco. (Segunda versão proposta 2, aluna A)
                Assim, mesmo de modo simples foi possível proporcionar uma cena mais completa ao leitor. Mudanças do mesmo caráter foram feitas em outros trechos do texto. Ao final, foi atribuído ao texto o conceito A pelo cumprimento de todos os critérios.
Na segunda proposta a aluna B recebeu um parecer muito positivo, que sugeria que apenas alguns trechos fossem modificados, como por exemplo o que se segue:
Quando o lugar ideal na areia era encontrado, os adultos "montavam acampamento" e eu corria em direção ao mar.(Primeira versão proposta 2, aluna B).
Na reescrita a aluna dá mais detalhes sobre esse trecho, fazendo com que a ideia fique mais clara e concreta para o leitor:  
Quando o lugar ideal na areia era encontrado, os adultos "montavam acampamento". Guarda sol no lugar ideal, cadeiras posicionadas de forma que o chimarrão passasse mais fácil de mão em mão, crianças bem engorduradas de protetor solar, meu irmão bebê sentado no meio dos meus pais brincando com qualquer coisa que lhe chamasse atenção.(Segunda versão proposta 2, aluna B).
Como todos os critérios foram devidamente cumpridos a aluna obteve conceito A.
Para a aluna C, de modo geral, o texto foi muito bem aceito e possuía unidade temática e estrutura. O que lhe faltava, porém, era um pouco mais de narrativa, em si, no texto, detalhando melhor as cenas em que se passava seu texto. Assim, o parecer fala:
Seu texto estabelece uma boa unidade temática e se mantem coeso. A sua temática e argumentação são mantidos durante seu texto de uma forma boa. […] Eu sugeriria, entretanto, que você explorasse um pouco mais as cenas e os lugares que você apresenta em seu texto. [...] Minhas sugestões são, portanto, que você explore mais as cenas narradas em seu texto, assim como argumentar mais sobre alguns termos usados. Do mais, o texto segue bem a proposta e está bem estruturado. (Parecer proposta 2, aluna C)
            Na reescrita, a aluna C conseguiu explorar mais as cenas e dar mais visibilidade para sua narrativa, como mostra o trecho abaixo:
Lá, tínhamos que agir por nós mesmos, muitas vezes por causa das turmas enormes, onde os professores não conseguiam tomar conta da sala inteira. Então, acabava que os estudos eram feitos quase de uma forma autoditada, com grupo de estudos e, claro, perguntas fora da sala de aula para os professores. (Segunda versão proposta 2, aluna C)
            Porém, ainda não fui suficiente, pois alguns dos termos que ela usou ainda não tinham sido explicados e faltava um pouco mais concretude, principalmente por ser uma narrativa, onde os detalhes são importantes. Por este motivo, foi atribuído a ela o conceito final B.






3.   Terceira proposta
            A terceira proposta era a descrição de um processo, contudo alguns alunos não compreenderam muito bem a proposta e acabaram por seguir uma linha narrativa. Assim foi com a aluna A.
Você até poderia considerar o seu caminho de casa até a escola um processo – graças à repetição e tudo isso -, no entanto, o seu texto não é uma; ele se parece bem mais com uma narração. (Parecer proposta 3, aluna A)
                Ainda no parecer foram sugeridos processos a serem descritos que estavam presentes no texto.
Em seu texto podemos ver potenciais processos: como reagir a olhares na rua, como se preparar pra ir à aula ou até mesmo, como cuidar ou pintar seu cabelo de roxo. É interessante que a sua escolha tenha alguma peculiaridade, para que a sua descrição não seja uma receita, uma lista de palavras. Depois disso, trabalhe a concretude, dando dados e parâmetros para que o seu leitor acompanhe a descrição. (Parecer proposta 3, aluna A)
            Seguindo a sugestão do parecer, a aluna A selecionou o processo de pintar seu cabelo de roxo para descrever em sua segunda versão. Atendando-se a cumprir a proposta de forma correta e fornecendo todos os exemplos necessários para reforçar na questão da concretude e prender o leitor ao texto, o conceito final do texto foi B, mostrando assim que boa parte dos critérios havia sido cumprida.
Na escrita da proposta 3 da aluna B, não apenas uma, mas duas ações ficaram evidentes no decorrer do seu texto, o que fez com que o parecer sugerisse que o enfoque se voltasse a apenas uma delas. A primeira frase da primeira versão é  “A leitura de um livro” o que direciona o leitor à leitura de um texto que possivelmente descreverá essa ação. Mas já no segundo parágrafo o leitor se depara com a seguinte frase: “Primeiro passo: a escolha do título” que anuncia uma possível nova ação, fazendo com o texto se perca e o leitor não prossiga de forma adequada com a sua leitura. Como na sua segunda versão a aluna não obteve notável evolução em relação à esse quesito, o parecer atribuído a ela foi B.
Na terceira proposta, a aluna C abordou o texto de forma diferente. Usa de uma forma mais poética de escrita e, assim, se desvia da proposta por ser muito subjetiva.
O seu texto é mais narrativo/reflexivo e, primeiramente, precisaria contar com elementos de estrutura descritiva, como a construção de um espaço (onde tempo e personagens são secundários) e como um encerramento de processo. […] Atente também para a qualidade discursiva chamada concretude. O tom poético em seu texto deixa alguns trechos demasiado abstratos. (Parecer proposta 3, aluna C)
Na reescrita foi possível verificar uma melhora na concretude da escrita, mas, mesmo assim, o texto era mais narrativo do que descritivo. Então, ficou com o conceito B no final.
Ser um cachorro nesse mundo vazio é difícil. […] Pronto para sua partida, o homem começou a andar, voltando a chamar o cachorro do mesmo jeito de antes – batendo vigorosamente as mãos em suas coxas –, trazendo a atenção do cachorro para si que, com um brilho nos olhos, começou a acompanhar o amigo na caminhada. (Segunda versão proposta 3, aluna C)

4.   Quarta proposta
      A quarta proposta tinha como propósito permitir ao aluno fazer a ligação entre teoria e prática, escrevendo um memorial de leitura. Deveriam ser utilizadas citações de textos teóricos estudados em aula para explicar conceitos presentes na experiência de leitura do autor. A primeira versão da aluna A conta com apenas uma citação e também foi pouco elaborada quanto a questão principal, as memórias. Foi sugerido no parecer que a aluna desenvolvesse melhor esta parte, contando mais detalhes sobre a experiência de leitura.
A leitura foi leve e agradável. De fato, a obra tem um tom muito inocente, quase como uma fábula. Quando cheguei ao final do livro, as últimas páginas haviam transformada uma inocente história infantil em um pesadelo. (Primeira versão proposta 4, aluna A)
                Cumprindo com o sugerido, este mesmo trecho transformou-se neste:
A leitura foi leve e agradável. A obra continha um tom muito inocente, quase como uma fábula. Estava encantada com o poder que os bichos exerceram a partir da força de vontade e trabalho duro. Imaginava cada cena e relembrava cada mandamento dos “Sete Mandamentos do Animalismo”. Quando cheguei ao final do livro, as últimas páginas haviam transformada uma inocente história infantil em um pesadelo. As cenas finais haviam me causado um grande estranhamento, pois não conseguindo analisar a metáfora proposta pela obra, acabei por ficar apenas muito assustada. (Segunda versão proposta 4, aluna A)
                Com o melhor desenvolvimento do texto, contando com mais detalhes para possibilitar uma melhor leitura e relação com mais um texto teórico, a avaliação final foi o conceito B.
Analisamos a proposta 4 da aluna B de forma geral, sem tomarmos trechos ou passagens específicas. No parecer, foi sugerido que ela articulasse melhor suas memórias com as teorias abordadas pela professora durante todo o semestre  e apresentasse ao final as referências utilizadas em seu texto. Apesar de ter cumprido com os critérios e com as sugestões do parecer, a aluna B teve um problema com a entrega da proposta e obteve conceito B.
Na proposta 4, a aluna C teve um desempenho muito satisfatório. Isso pode ser visto no parecer que recebeu, onde marcava como sugestão de reescrita apenas a adição de mais teorias de leitura e as referências bibliográficas ao término do memorial.
O seu texto está muito bom. Ele é, sem dúvida, um memorial de leitura. […] Como única sugestão para reescrita, talvez você pudesse tornar o memorial ainda melhor acrescentando um pouco mais de teoria além de Kleiman, afinal, o texto dá margem para isso. Não se esqueça das referências bibliográficas. (Parecer proposta 4, aluna C)
Com poucas mudanças a serem feitas, a aluna C apenas acrescentou um parágrafo a mais, acrescentando mais teoria de leitura para seu texto. Por ter conseguido cumprir a proposta, o conceito final da aluna C foi A.
Essa expressão, retirada do texto “A Importância da Leitura na Construção do Conhecimento”, de Rottava (2000), consiste na utilização da leitura para determinado objetivo. No meu caso, por exemplo, eu lia textos em inglês mais simples não só apenas como uma distração, um prazer, mas para aprender mais a língua e fazer minha bagagem linguística crescer ainda mais. (Reescrita proposta 4, aluna C)


5.   Quinta proposta
      A última proposta era um artigo de opinião, sendo ele de forma dissertativa argumentativa. Era necessário apresentar uma lista dos conteúdos que seriam abordados no texto, como os argumentos e o contra-argumento.
      A aluna A não teve muitos problemas quanto a estrutura do texto e a colocação dos argumentos, só foram solicitadas a colocação da hipótese na introdução, questões de formatação obedecendo as normas da ABNT e a substituição de termos que possam parecer confusos a alguns leitores.
Também seria muito interessante que você revisse alguns termos utilizados em seu texto que podem, primeiramente, não ser muito claros, e, em segundo lugar, talvez não se adequem muito bem a um texto acadêmico: "trabalhar fora", por exemplo, é um termo um pouco confuso. O que seria trabalhar fora? (Parecer proposta 5, aluna A)
            Substituindo estes termos como solicitados entre outras pequenas mudanças, o conceito final atribuído foi B.

DISCUSSÃO
            Lendo os pareceres individualmente, é possível notar um possível padrão de ausência de concretude nos textos realizados pelas alunas A, B e C. A concretude, papel importante para uma leitura inteligível e bem estruturada, foi, então, a tarefa mais difícil a ser cumprida ao longo do semestre pelas alunas. Esta qualidade discursiva foi sendo adquirida com o passar das aulas, erros cometidos e textos reescritos.
            Em textos como o da primeira versão, da proposta 3 da aluna C, isto fica bem claro: a escolha da narrativa, primeiramente, em um texto que era para ser descritivo traz confusão ao leitor, que espera encontrar algo semelhante ao proposto na aula. É também possível notar falta de concretude em seu jeito de escrever, que acaba tornando-se muito mais subjetivo do que deveria ser e confunde ainda mais o leitor, que entende errado a mensagem a ser passada. No parecer da proposta 3 da aluna C, por exemplo, é possível notar a ausência de clareza que o texto traz:
Para realizar esses dois elementos, como primeira sugestão, tente repensar o processo que você escolheu descrever. É você conhecendo seu namorado? É o momento em que você se apaixona? Assim que decidir, tente focar apenas nele, pois refletirá diretamente a sua unidade temática. (Parecer proposta 3, aluna C)
            Isso fica evidente quando nota-se que o texto, no final, era para falar do processo de adoção de um cachorro de rua e foi entendido como o momento que a aluna C se apaixona. Por isso se faz importante o uso da concretude como um dos modos de obter clareza no texto: é necessário pensar no leitor e ter a consciência de que ele não sabe o que se passa na imaginação de quem escreve, por isso se faz necessário o uso de exemplos e explicações claras sobre algum conceito, lugar ou memória que possa ser usada no texto.
            Na primeira escrita da proposta 1, é possível identificar uma falha das alunas ao tentar escrever um texto com unidade temática, variando de nenhuma a mais de uma vertente para ser o objetivo central do texto. Porém, com o tempo, os pareceres das propostas mudavam seu enfoque, dando sugestões de ajustes geralmente mais sutis e apenas com a intenção de melhorar o texto.
            De modo geral, é possível notar evolução nos textos apresentados. Chegando sem nenhuma base para a escrita, passaram por um aperfeiçoamento, utilizando as aulas da disciplina de Leitura e Produção Textual e os textos estudados durante o semestre para terem uma boa base de escrita e leitura crítica.

REFERÊNCIAS
INSTITUTO PHD, Pesquisa Quantitativa e Pesquisa Qualitativa: Entenda a diferença [atualizado]. Disponível em <http://www.institutophd.com.br/blog/pesquisa-quantitativa-e-pesquisa-qualitativa-entenda-a-diferenca/> Acesso em 07 de julho de 2016.
GUEDES, P.C. Da Redação à Produção Textual - o ensino da escrita. SP. Parábola, 2009.
LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL. Disponível em <http://textosletras1sem.blogspot.com.br/> Ac

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