Aluno 104
Reescrita
A leitura tem sido tema de
diversas pesquisas relacionadas, principalmente, ao ensino. No texto “A leitura e a escrita na pesquisa e no
ensino”, de Lúcia Rottava. A autora, que traz informações referentes à prática da
leitura e da escrita, diz que: “a partir
dos anos 80 a leitura tem sido pesquisada em uma perspectiva interativa”.
Seria, portanto, a construção de sentidos resultante dos diferentes modos que o
leitor se relaciona com o texto. A autora também afirma que: “a leitura como processo interativo
significa que (...) é uma visão dinâmica do processo em que há um
envolvimento/crescimento do leitor através do texto”. Há pouco tempo eu
presenciei através da leitura de um texto este crescimento apontado pela
autora:
Desde o começo do curso da
cadeira chamada “introdução à linguística” eu escutei muito falar sobre o
filósofo e linguista Mikhail Bakhtin, até que no penúltimo mês do semestre foi
sugerido um livro de sua autoria para a leitura, chamado “Marxismo e a filosofia da linguagem”. A leitura do segundo
capítulo do livro, que tem como título “a
relação da infraestrutura e das superestruturas” foi marcante na minha vida
e determinante para o começo de uma mudança na minha visão de leitora, daí em
diante. Pois a partir da leitura deste capítulo, no qual o autor apresenta a
psicologia do corpo social, que explica como a estrutura sociopolítica
determina todos os contatos verbais existentes entre os indivíduos, eu percebi
que em todos os textos que já passaram pela minha leitura, e também aqueles que
eu vou ler daqui adiante, estão representando uma parcela da ideologia de quem
o escreveu.
No texto “A leitura e a escrita na pesquisa e no
ensino”, Lúcia Rottava diz que:
“O autor interage com o texto de várias
maneiras: através dos níveis de linguagem no interior do próprio texto, das
relações com outros textos, das experiências, do propósito do leitor do seu
papel social e do contexto em que foi
produzido”.
Nos dois próximos parágrafos
vou contar sobre duas interações que eu
obtive entre a minha leitura, da obra “Marxismo
e a filosofia da linguagem”, que demonstram as interações desta leitura com
outros textos e com experiências, respectivamente:
A partir da leitura desse
texto desse texto comecei a exercer um olhar mais crítico em todos os textos
lidos, mas também, em outras interações verbais que acontecem no dia a dia, as
conversas no corredor, as trocas de impressões na aula, os posicionamentos
verbais ou não verbais perante discussões no cotidiano. No dia em que iniciei a
leitura do livro de Bakhtin, quando
fui ler o noticiário de uma mídia que costuma se apresentar como neutra, pois
prefere não demonstrar posicionamento ideológico, comprovei a minha antiga
teoria de que não existe neutralidade de posicionamento, pelo contrário, o ato
de escrever um texto é tomar partido desde a palavra escolhida para começar a
publicação. Inclusive, através dessa leitura, me dei conta que se abster de um
posicionamento político já é se posicionar agindo de uma maneira ideológica.
Já a minha experiência que
foi causada a partir da leitura do livro, foi quando fui acusada de sempre
trazer assuntos ideológicos para todos os tipos de conversa, inclusive para as
mais descontraídas como foi o caso dessa situação. Certo dia uma amiga, em um
grupo de conversas em uma rede social, pediu para que eu não manifestasse mais
questões políticas-sociais. Então falei que não poderia fazer o que ela estava
me pedindo, porque qualquer palavra que eu manifestasse naquele grupo estaria
tecida de uma multidão de fios ideológicos.
De acordo com Rottava:
“ler
é também desempenhar uma tarefa comunicativa com um propósito real. O propósito
real é determinado socialmente pelas necessidades de leitura que os aprendizes
deparam. Em suma, a construção de sentidos é determinada pelos fatores sociais e
culturais atinentes ao leitor.”
Depois que eu passei por
algumas experiências nas quais eu utilizei como referencial teórico o texto
lido de Mikhail Bakhtin a leitura da obra me proporcionou a tomada de
consciência de mais um fato: quando o texto tem uma aplicação prática na minha
vida cotidiana ele passa a fazer um sentido muito maior para mim. Então comecei
a tentar fazer ligações práticas com textos teóricos que eu tinha para ler de
outras cadeiras, pois assim eu conseguia absorver de uma maneira mais profunda
o que estava sendo apresentado no texto. Como foi o caso do texto “Marxismo e a filosofia da linguagem”
que eu consegui aplicar o seu conteúdo de forma prática em todas as situações
de analises verbais que eu presenciei no dia a dia.
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