sexta-feira, 1 de julho de 2016

A leitura como análise de expressão ideológica

Aluno 104
Reescrita


A leitura tem sido tema de diversas pesquisas relacionadas, principalmente, ao ensino. No texto “A leitura e a escrita na pesquisa e no ensino”,  de Lúcia Rottava. A autora, que  traz informações referentes à prática da leitura e da escrita, diz que: “a partir dos anos 80 a leitura tem sido pesquisada em uma perspectiva interativa”. Seria, portanto, a construção de sentidos resultante dos diferentes modos que o leitor se relaciona com o texto. A autora também afirma que: “a leitura como processo interativo significa que (...) é uma visão dinâmica do processo em que há um envolvimento/crescimento do leitor através do texto”. Há pouco tempo eu presenciei através da leitura de um texto este crescimento apontado pela autora:
Desde o começo do curso da cadeira chamada “introdução à linguística” eu escutei muito falar sobre o filósofo e linguista Mikhail Bakhtin, até que no penúltimo mês do semestre foi sugerido um livro de sua autoria para a leitura, chamado “Marxismo e a filosofia da linguagem”. A leitura do segundo capítulo do livro, que tem como título “a relação da infraestrutura e das superestruturas” foi marcante na minha vida e determinante para o começo de uma mudança na minha visão de leitora, daí em diante. Pois a partir da leitura deste capítulo, no qual o autor apresenta a psicologia do corpo social, que explica como a estrutura sociopolítica determina todos os contatos verbais existentes entre os indivíduos, eu percebi que em todos os textos que já passaram pela minha leitura, e também aqueles que eu vou ler daqui adiante, estão representando uma parcela da ideologia de quem o escreveu.
No texto “A leitura e a escrita na pesquisa e no ensino”, Lúcia Rottava diz que:

 “O autor interage com o texto de várias maneiras: através dos níveis de linguagem no interior do próprio texto, das relações com outros textos, das experiências, do propósito do leitor do seu papel social e do contexto em  que foi produzido”.

Nos dois próximos parágrafos vou contar sobre duas interações  que eu obtive entre a minha leitura, da obra “Marxismo e a filosofia da linguagem”, que demonstram as interações desta leitura com outros textos e com experiências, respectivamente:
A partir da leitura desse texto desse texto comecei a exercer um olhar mais crítico em todos os textos lidos, mas também, em outras interações verbais que acontecem no dia a dia, as conversas no corredor, as trocas de impressões na aula, os posicionamentos verbais ou não verbais perante discussões no cotidiano. No dia em que iniciei a leitura do livro de Bakhtin, quando fui ler o noticiário de uma mídia que costuma se apresentar como neutra, pois prefere não demonstrar posicionamento ideológico, comprovei a minha antiga teoria de que não existe neutralidade de posicionamento, pelo contrário, o ato de escrever um texto é tomar partido desde a palavra escolhida para começar a publicação. Inclusive, através dessa leitura, me dei conta que se abster de um posicionamento político já é se posicionar agindo de uma maneira ideológica.
Já a minha experiência que foi causada a partir da leitura do livro, foi quando fui acusada de sempre trazer assuntos ideológicos para todos os tipos de conversa, inclusive para as mais descontraídas como foi o caso dessa situação. Certo dia uma amiga, em um grupo de conversas em uma rede social, pediu para que eu não manifestasse mais questões políticas-sociais. Então falei que não poderia fazer o que ela estava me pedindo, porque qualquer palavra que eu manifestasse naquele grupo estaria tecida de uma multidão de fios ideológicos.
De acordo com Rottava:

“ler é também desempenhar uma tarefa comunicativa com um propósito real. O propósito real é determinado socialmente pelas necessidades de leitura que os aprendizes deparam. Em suma, a construção de sentidos é determinada pelos fatores sociais e culturais atinentes ao leitor.”

Depois que eu passei por algumas experiências nas quais eu utilizei como referencial teórico o texto lido de Mikhail Bakhtin a leitura da obra me proporcionou a tomada de consciência de mais um fato: quando o texto tem uma aplicação prática na minha vida cotidiana ele passa a fazer um sentido muito maior para mim. Então comecei a tentar fazer ligações práticas com textos teóricos que eu tinha para ler de outras cadeiras, pois assim eu conseguia absorver de uma maneira mais profunda o que estava sendo apresentado no texto. Como foi o caso do texto “Marxismo e a filosofia da linguagem” que eu consegui aplicar o seu conteúdo de forma prática em todas as situações de analises verbais que eu presenciei no dia a dia.


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