Aluno 102
Reescrita
TEMA: Tempo
DELIMITAÇÃO: Natureza sócio-histórica do tempo.
PROBLEMA: Falta de tempo no contexto universitário.
HIPÓTESE: O tempo exigido para o cumprimento das
tarefas propostas nas disciplinas de ensino superior não corresponde ao tempo
real disponível aos estudantes, que além de ter de lidar com os trabalhos de
faculdade, ainda trabalham no turno inverso e cumprem tarefas domésticas.
ARGUMENTOS:
·
“Um trabalhador contemporâneo, cuja
atividade seja altamente complexa e que cumpra um horário de sete horas por
dia, trabalha muito mais tempo real do que alguém de outra época, que estivesse
sujeito a um horário de quatorze horas diárias, mas cujo trabalho tinha um
baixo grau de complexidade. A redução formal de horário corresponde a um
aumento real do tempo de trabalho despendido durante esse período.” Bernardo (1996, p. 46)
·
“Alguns autores
fazem uma diferenciação entre o que denominam tempo disponível/liberado da
jornada e tempo livre/lazer, enfatizando que nem todo tempo liberado da jornada
de trabalho pode ser considerado um tempo livre ou de lazer. Isto porque
consideram que o tempo liberado pode ainda conter diversas obrigações, sejam
elas profissionais, familiares ou sociais.” Cardoso (2007, p. 38)
CONTRA-ARGUMENTOS:
·
“Como
se pode constatar, a maioria das pessoas sabe que deve planejar, priorizar suas
atividades, completar as atividades mais urgentes e ter uma rotina, mas nem
todas procedem assim. É importante então investigar todas as possíveis
variáveis relacionadas ao fenômeno. Pode-se perguntar se a organização do tempo
não está associada, por exemplo, aos valores ou metas que as pessoas têm e que
orientam a vida delas. Se as pessoas têm diferentes valores então se espera
encontrar diferenças em termos de organização do tempo em função desses
valores.” Leite, Tamayo e Günther (2002)
A NATUREZA SÓCIO-HISTÓRICA DO TEMPO: A
FALTA DE TEMPO NO CONTEXTO UNIVERSITÁRIO
É inerente a todo aluno
de ensino superior, desde o dia de sua chegada à universidade, um dos maiores
problemas enfrentados pela nossa sociedade: a falta de tempo. Seja tempo para
exercer todas as atividades necessitadas ou tempo livre para o lazer, este
problema pode levar a consequências mais sérias, como problemas de saúde. O tempo exigido
para o cumprimento das tarefas propostas nas disciplinas de ensino superior não
corresponde ao tempo real disponível aos estudantes, que além de ter de lidar
com os trabalhos de faculdade, ainda trabalham no turno inverso e cumprem
tarefas domésticas. São diversos os questionamentos em volta dessa
questão: seria o excesso de tarefas o que prejudica o aluno? Seria a má
administração do tempo do próprio indivíduo a culpada?
Podemos aplicar a fala de Bernardo (1996) a esta situação:
Um trabalhador contemporâneo, cuja atividade seja altamente
complexa e que cumpra um horário de sete horas por dia, trabalha muito mais
tempo real do que alguém de outra época, que estivesse sujeito a um horário de
quatorze horas diárias, mas cujo trabalho tinha um baixo grau de complexidade.
A redução formal de horário corresponde a um aumento real do tempo de trabalho
despendido durante esse período. (BERNARDO, 1996, p. 46)
Nesta citação podemos enxergar como
trabalhador o aluno de ensino superior, já que todas suas tarefas exigem
esforço intelectual e por isso possuem maior nível de complexidade. Portanto, o
trabalho do estudante não se limita somente ao tempo dentro da sala de aula,
ele é somado ao tempo dedicado a tarefas e estudos, acompanhando assim o aluno
vinte e quatro horas por dia.
Mais
uma comparação a trabalhadores pode ser aplicada ao falarmos sobre o tempo
livre:
Alguns autores fazem uma diferenciação
entre o que denominam tempo disponível/liberado da jornada e tempo livre/lazer,
enfatizando que nem todo tempo liberado da jornada de trabalho pode ser
considerado um tempo livre ou de lazer. Isto porque consideram que o tempo
liberado pode ainda conter diversas obrigações, sejam elas profissionais,
familiares ou sociais. (CARDOSO, 2007, p. 38)
Ou seja, quando nossas tarefas não os acompanham,
consumindo grande parte de seu dia, eles tem de lidar com outras obrigações.
Obrigações estas que podem ser ainda maiores se formos tratar de estudantes que
trabalham no turno inverso, são encarregados das tarefas domésticas ou
enfrentam problemas familiares.
Diante das informações apresentadas,
no entanto, ainda há quem diga que o problema possa ser solucionado apenas com
uma melhor administração do tempo. Na pesquisa de Leite, Tamayo e Günther (2002) feita com estudantes
universitários, o planejamento é visto como uma escolha influenciada pelos
valores de cada aluno:
Como se pode constatar, a maioria das
pessoas sabe que deve planejar, priorizar suas atividades, completar as
atividades mais urgentes e ter uma rotina, mas nem todas procedem assim. É
importante então investigar todas as possíveis variáveis relacionadas ao
fenômeno. Pode-se perguntar se a organização do tempo não está associada, por
exemplo, aos valores ou metas que as pessoas têm e que orientam a vida delas.
Se as pessoas têm diferentes valores então se espera encontrar diferenças em
termos de organização do tempo em função desses valores. (LEITE, TAMAYO,
GÜNTHER, 2002)
Partindo
das informações vistas e reforçando-as com experiência própria, mesmo com a
teoria apresentada pelo estudo com universitários acredito que a questão da
administração de tempo pode ser aplicada apenas a alguns cursos, não sendo eles
de turno integral e tendo poucas cadeiras obrigatórias por semestre. Ao
restante dos cursos que não se encaixam neste modelo, o problema dos alunos
segue o mesmo. Nem com todo planejamento de tarefas resta tempo livre para o
estudante. O trabalho intelectual realizado é tão intenso e contínuo que cobra
dedicação em tempo integral, algo impossível de oferecer. É por essa carga tão
grande que estudantes e trabalhadores acabam desenvolvendo problemas
psicológicos, entre outros problemas de saúde.
Como
conclusão podemos afirmar que a hipótese proposta se mostra verdadeira. A maior
causa da falta de tempo dos estudantes universitários se deve ao volume
excessivo de tarefas propostas, o que leva a consequências como falta de tempo
livre para o lazer e o que pode desenvolver problemas de saúde posteriormente.
O único meio que vejo para solucionar este problema seria a diminuição da carga
horária ou do número de disciplinas obrigatórias por semestre, ou até mesmo a
proposta de tarefas interdisciplinares, que abrangessem os conteúdos de cada
área, dando notas que contemplassem todas as disciplinas envolvidas, assim
diminuindo o número de tarefas de modo eficiente.
REFERÊNCIAS
BERNARDO, J. Reestruturação capitalista e os
desafios para os sindicatos. Lisboa, 1996.
CARDOSO, A. C. M. Tempos de trabalho,
tempos de não trabalho: vivências cotidianas de trabalhadores. Tese de
doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.
LEITE, U. R., TAMAYO, A., GÜNTHER, H. Organização do uso do tempo e valores de
universitários. Universidade de Brasília, Brasília, 2003.
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