Reescrita
Todos têm algum traço peculiar em
nossa personalidade, não é nada que possa nos definir, pois acredito que os
seres humanos são complexos demais para isso, mas sim algo que se destaque em
meio nossas qualidades e defeitos. No meu caso é a timidez que já me acompanha
a vinte e dois anos e acaba ganhando um altar particular em minha vida. Pois já
quando tinha seis anos lembro-me que minha mãe costumava brincar com parentes e
amigos me chamando de: "bicho do mato", no entanto isso nunca me
incomodou, porque era maneira dela se justificar pelo fato de eu não gostar de
cumprimentar as pessoas e quando ela se justificava por mim se fazia
desnecessária alguma atitude sociável de minha parte. Mas foi quando eu entrei
na escola que a coisa ficou cada vez pior cada leitura em voz alta era um filme
de terror em minha cabeça, cheguei ao ponto de fazer orações para não ser
escolhido, mesmo assim parecia que tinha um alvo enorme em minhas costas os
professores pareciam fazer questão que eu lesse constantemente aquilo na época
me fazia muito mal até a quinta serie.
Quando eu já estava quase me
habituando ao fato de ler em voz alta embora minha timidez me atrapalhasse
muito, na sexta serie entra um professor, de história, novo na escola em que eu
estudava e eu como bom tímido sentei bem no fundo da classe pra não chamar
nenhuma atenção. Porém de nada adiantou, pois esse professor fazia muitos
trabalhos em grupo, o que já me condicionava ao fracasso, afinal que tímido
trabalha bem em grupo? A resposta era lógica nenhum e para piorar os grupos
deviam apresentar algum momento histórico para toda a turma, não bastasse isso
apresentação não podia ser lida, portanto na hora da apresentação o aluno não
poderia portar nenhum tipo de anotação. Vamos fazer uma pausa na minha história
para podermos analisar bem o tamanho do meu problema. Então depois que eu me
acostumei a ler em público em que era só me concentrar no que estava escrito
baixar a cabeça e ficar no automático aparece um professor querendo que eu
abandonasse isso e usasse minhas próprias palavras era muito azar para ser
verdade. Logo minhas primeiras apresentações foram bizarras as palavras
pareciam se esconder em meu subconsciente na época me lembro de querer estar em
qualquer lugar menos ali as mãos suavam olhava fixo para o fundo da sala era
ridículo ainda que tentasse fazer o meu melhor, hoje reconheço que aquelas
apresentações ajudaram muito no controle que hoje exerço sobre a minha timidez
foi tratamento de choque até a oitava série.
Quando mudei de escola e comecei a
cursar o ensino médio foi que as coisas estavam perto de melhorar para mim, o
medo de ler em público já não era insuportável mesmo assim ainda existia em mim
uma dificuldade de comunicação, portanto um dialogo banal comigo podia ser algo
desastroso, porém nessa mesma época contra vontade de minha mãe fui trabalhar
na cidade baixa,um bairro boêmio de
Porto Alegre, de garçom durante a noite e como Cazuza dizia "de dia
e tudo dever e a noite e recreio" aquele ambiente boêmio e
descontraído me fez muito bem , a comunicação
foi se tornando natural não precisava mais pensar muito antes de dizer algo e
isso com o tempo foi se refletindo nos outros setores de minha vida, pude notar
também que tudo que eu havia lido em todo meu período escolar havia me dado um
leque de informações enorme, o que só me
fez aumentar ainda mais meu gosto pela leitura e apesar de
novamente estar sendo obrigado a me comunicar sinto que barreiras dentro
de mim vão sendo quebradas a cada dia que passa. Logo o aprendizado nunca para,
e esse é o motivo de eu estar cursando hoje uma universidade para que possa
melhorar como pessoa como profissional e por que não assim poder ajudar a
melhorar também a vida de outras pessoas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário