Por Aluno 22
Chamo-me Aluno 22, moro em um pequeno município aos arredores
de Porto alegre chamado Viamão, um lugar pacato e bem civilizado podem
acreditar. Realidade muito diferente da casa onde moro com minha namorada,
sogra, enteada e cunhada que apesar da pouca densidade populacional possui um
clima tenso que chega a ser palpável, nos piores dias, o que transforma este
lar em um campo de batalha. A casa apesar de ser pequena é bem aconchegante,
porém a privacidade é artigo de luxo devido à escassez de espaço físico dela, o
que da abertura para que haja diferentes níveis e estilos de fofocas, o que acaba
sempre resultando em muitas brigas e conflitos, por conta disto nossa casa
possui o apelido carinhoso de: “A casa do conflito”. No entanto, temos um
terrível azar recebemos visitas
constantemente que sempre saem da nossa casa afirmando que somos uma família
adorável e harmoniosa, pois além de tudo somos ótimos atores e disfarçamos muito
bem nossos rancores e picuinhas familiares.
Portanto, o melhor a fazer e nos desviarmos deste
assunto, pois sem prova não há crime. No entanto ainda não deu tempo de lhes
relatar algo sobre minha vida profissional a qual tenho muito apreço. Mas para
isso devo começar dizendo que em Viamão não existe uma variedade considerável
de restaurantes, e no momento em que escrevo me recordo apenas de sete, o fato
importante a ser mencionado aqui é que eu trabalho em um deles de garçom
durante o turno da noite já há quatro anos, além de ser uma atividade remunerada
o que me possibilita arcar com minhas despesas, creio que a maior contribuição
deste serviço em minha vida foi ter me ajudado a superar minha timidez, pelo
fato de diariamente me comunicar com pessoas a mim desconhecidas na qual muitas
vezes possuem realidades e experiências diferentes das quais vivi.
No entanto ao falar de minha timidez, aspectos
importantes devem ser levantados, como o fato dessa característica peculiar da
minha personalidade ter uma grande parcela de culpa em meu gosto pela
literatura, principalmente pelo ápice de minha timidez ter se dado em meu
ensino médio. Conseqüentemente eu era um jovem com grandes dificuldades de
comunicação que prontamente gerou uma auto-exclusão social. Mas algumas
atividades escolares ainda me faziam romper essa barreira como o futebol
atividade que realizava certa facilidade, o desenho era outra mesmo assim não
era o suficiente, minha timidez me limitava muito. Entretanto se no Brasil ser
bom no futebol não havia me feito o aluno mais popular da escola nada mais iria.
Logo a literatura preencheria essas lacunas com
muita maestria, se fazendo minha maior companhia algumas vezes, e talvez o
próprio texto que estou escrevendo não existiria caso eu tivesse sido um jovem
mais extrovertido, assim sendo sou muito grato pela minha timidez que me
proporcionou essa relação mais intima com as letras e mesmo quando a superei
devido ao meu trabalho pude notar que sabia me comunicar razoavelmente bem o
que só fez aumentar meu interesse pelo mundo da lingüística e esse é o grande
motivo de atualmente eu estar cursando letras na UFRGS.
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