sexta-feira, 9 de maio de 2014

O caminho das letras.

 1ª Versão
Por Aluno 22


Chamo-me Aluno 22, moro em um pequeno município aos arredores de Porto alegre chamado Viamão, um lugar pacato e bem civilizado podem acreditar. Realidade muito diferente da casa onde moro com minha namorada, sogra, enteada e cunhada que apesar da pouca densidade populacional possui um clima tenso que chega a ser palpável, nos piores dias, o que transforma este lar em um campo de batalha. A casa apesar de ser pequena é bem aconchegante, porém a privacidade é artigo de luxo devido à escassez de espaço físico dela, o que da abertura para que haja diferentes níveis e estilos de fofocas, o que acaba sempre resultando em muitas brigas e conflitos, por conta disto nossa casa possui o apelido carinhoso de: “A casa do conflito”. No entanto, temos um terrível  azar recebemos visitas constantemente que sempre saem da nossa casa afirmando que somos uma família adorável e harmoniosa, pois além de tudo somos ótimos atores e disfarçamos muito bem nossos rancores e picuinhas familiares.
Portanto, o melhor a fazer e nos desviarmos deste assunto, pois sem prova não há crime. No entanto ainda não deu tempo de lhes relatar algo sobre minha vida profissional a qual tenho muito apreço. Mas para isso devo começar dizendo que em Viamão não existe uma variedade considerável de restaurantes, e no momento em que escrevo me recordo apenas de sete, o fato importante a ser mencionado aqui é que eu trabalho em um deles de garçom durante o turno da noite já há quatro anos, além de ser uma atividade remunerada o que me possibilita arcar com minhas despesas, creio que a maior contribuição deste serviço em minha vida foi ter me ajudado a superar minha timidez, pelo fato de diariamente me comunicar com pessoas a mim desconhecidas na qual muitas vezes possuem realidades e experiências diferentes das quais vivi.
No entanto ao falar de minha timidez, aspectos importantes devem ser levantados, como o fato dessa característica peculiar da minha personalidade ter uma grande parcela de culpa em meu gosto pela literatura, principalmente pelo ápice de minha timidez ter se dado em meu ensino médio. Conseqüentemente eu era um jovem com grandes dificuldades de comunicação que prontamente gerou uma auto-exclusão social. Mas algumas atividades escolares ainda me faziam romper essa barreira como o futebol atividade que realizava certa facilidade, o desenho era outra mesmo assim não era o suficiente, minha timidez me limitava muito. Entretanto se no Brasil ser bom no futebol não havia me feito o aluno mais popular da escola nada mais iria.
Logo a literatura preencheria essas lacunas com muita maestria, se fazendo minha maior companhia algumas vezes, e talvez o próprio texto que estou escrevendo não existiria caso eu tivesse sido um jovem mais extrovertido, assim sendo sou muito grato pela minha timidez que me proporcionou essa relação mais intima com as letras e mesmo quando a superei devido ao meu trabalho pude notar que sabia me comunicar razoavelmente bem o que só fez aumentar meu interesse pelo mundo da lingüística e esse é o grande motivo de atualmente eu estar cursando letras na UFRGS.

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