segunda-feira, 29 de junho de 2015

COMO APRECIAR UM BOM CAFÉ

Reescrita
Aluno 54


       Não é preciso ser um barista – aquele cuja especialidade é o café – para preparar um bom café e, por conseguinte, para apreciá-lo. Existem duas premissas básicas para a apreciação do café: ele precisa ser passado, à moda antiga, e o ambiente onde a bebida será ingerida precisa ser aconchegante.
       Esqueça, por favor, o café solúvel. Não tente criar exceções com aquelas marcas que são vendidas no mercado como um Nescafé Gourmet ou um Iguaçu. Tenha sempre em casa pó de café original, aquele que vem dos grãos moídos de uma pequena mercearia de bairro.  A preparação do café é rápida: em um comercial, durante o seu programa de televisão favorito, a bebida pode ficar pronta.
       Da união do pó de café, da água quente e de um filtro de papel dá-se início um dos processos mais prazerosos dos momentos de lazer. Como mágica, o líquido preto que já foi chamado de ouro negro (com muita razão), começa a pingar no bule e o cheiro que se espalha pela casa chega à narina como um consolo. Quase se sente o calor da bebida, como um agasalho de lã sendo colocado, só pelo cheiro marcante. Com o café pronto basta escolher uma xícara, adoçar, e se preparar para a melhor parte.
         A cereja do bolo está no ambiente em que o café é apreciado. Principalmente se esse ambiente for uma sala pouco iluminada, onde a luz da televisão ou a de uma luminária sob um clássico de Veríssimo prevalece. O centro desse microcosmo chamado sala é um sofá grande e confortável, com muitos travesseiros e com uma coberta antiga vermelha, fiel companheiro só esperando você se acomodar.  
        Assim, após preparar seu café fresquinho e se acomodar no sofá, usando um pijama confortável e meias quentinhas, o ato de beber café é quase uma demonstração de carinho: o primeiro gole quente e amargo assusta o estômago, como se fosse um estrangeiro tentando encontrar seu lugar, mas o segundo gole é como um abraço; o calor da bebida enlaça o corpo e o aquece, superando o frio da rua e da casa. Agora, esse é um momento íntimo. A combinação do ambiente com o café passado cria uma esfera até pacífica dentro de casa, como se a bebida fosse sua melhor amiga, pronta para ouvir seu desabafo e te apreciar, assim como você a aprecia.

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