Reescrita
Aluno 62
Naquele arco-íris de unhas postiças vermelhas, cílios artificiais, roupas excessivamente coloridas, maquiagem carregada e uma sensualidade ácida, saía a mulher rumo à sua vida secreta. Um ambiente boêmio, sujo, promiscuo a esperava. Dentro dela surgia uma mistura de asco e de raiva por ter que enfrentar aquela situação diariamente. Seu hábitat artificial era hostil: um prostíbulo velho e podre, rodeado por móveis vermelhos e pretos, objetos fálicos. Aquele nevoeiro dos charutos e dos cigarros a afogava. Muitas plumas e paetês encontravam-se nos cabides para que a mulher pudesse mudar sua performance a cada dia. Então, chegando lá ela começou a dançar de uma forma deslumbrante e encantadora. Os homens ficavam boquiabertos com aquela dama-pavão ali a requebrar. Vários machos a cortejavam e a cobiçavam de maneiras nojentas. Aquele que tinha mais cruzeiros para pagar levava em troca uma noite de puro prazer. Um velho, baixo, barrigudo e suado aproximou-se da moça pedindo um "tete a tete". Ela sorriu e eles foram para o ninho de luxúria. Assim a dançarina com expressão agora triste e amargurada despiu aquele homem asqueroso e começou a chupar seu pênis como se não houvesse amanhã. Depois que sentiu aquele líquido quente e amargo na boca, engoliu e virou-se de costas para que o velho a penetrasse. Ele a usou como se ela fosse uma grande égua fértil, gritava de prazer a chamando de vadia incessantemente. Quando o veneno lascivo acabou, ele pagou sua despesa e partiu para os braços da esposa que o esperava em casa. A mulher acabada e violentada emocionalmente preparou-se para os próximos corpos daquela noite. O sol raiou, ela se recompôs e voltou para seu aconchegante lar. Lá encontrou aqueles olhos pretos parecendo duas bolotas a esperar por ela para brincar. Ouviu aquela voz suave: "vovó, vamos brincar de borboletinha?". Ela respondeu: "claro, lita, tu gosta dos cílios da vovó, né?". A doce criança: "sim, eles parecem asas de borboleta batendo livres". Desde então cresci com essa avó fascinante que muito me ensinou sobre os homens calhordas desse mundo profano.
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