segunda-feira, 29 de junho de 2015

Leitura Durante a Escola

Reescrita
Aluno 65


‘’[...] A leitura como construção do conhecimento, portanto, deve ser autêntica, ou seja, vincular-se à realidade do leitor, responder a sua necessidade, suscitar-lhe interpretações livres e liberdade de aprendizado da lingua.’’ (Rottava, 2000, pág 12). Ou seja, segundo Rottava, ler vai além de apenas identificar termos como sujeito e verbos em um texto ou acrescentar pontuação. Entretanto, enquanto estive na escola, a leitura era totalmente baseada nessa perspectiva e a família, infelizmente, não incentivava uma leitura como Rottava acredita que ela seja: livre.
Atualmente, como uma boa universitária do curso de letras, tenho uma leitura tanto de decodificação, quanto de construção de conhecimento. Mas, nesse momento, prefiro deter as minhas memórias de leitura ao período do ensino médio e fundamental. Portando, ao recordar, lembro-me o quão sacrificante era ler um livro exigido pelo professor e, em seguida, fazer atividades -como provas- contendo perguntas sobre o mesmo. Contudo, não era o livro que era sacrificante, mas sim o fato de ser algo obrigatório que deveria ser respondido exatamente como o professor queria.
Segundo Britto (2012), quando damos nossa opinião sobre uma leitura feita, estamos indo além da decifração de signos, ou seja, a interpretação do objeto é baseada na realidade atual vivida. Entretanto, lembro-me que as avaliações exigidas sobre a leitura do livro sempre continham a seguinte expressão: ‘’na sua opinião’’, porém o irônico é que a minha opinião nunca era aceita. Ou seja, algo, definitivamente, desmotivador para alguém que está iniciando um letramento.
Vale lembrar, também, a diferença entre letramento e alfabetização que, segundo Rottava (2000), alfabetizar é o ato de aprender a ler e escrever; e ser letrado é cultivar a prática de leitura e escrita, além de exercer as práticas sociais que usam a escrita. Fica claro, pois, que tive apenas uma alfabetização durante meus anos de escola e que os livros exigidos eram apenas atividades aleatórias que perdiam todo o sentido do verdadeiro significado de leitura, que é o ato de adquirir conhecimento, segundo Rottava.
Se leitura é o ato de adquirir conhecimento, ler algo apenas para adquirir a aprovação foge à regra. De acordo com Britto (2012), baseado em Paulo Freire, só faz sentido aprender a leitura do texto se for para ampliar as formas de ser e de perceber o mundo. Confirmando, portando, o termo usado por Rottava de que ler é adquirir conhecimento.
Por fim, acredito que, durante todo meu período escolar, não obtive letramento, logo, não ampliei, totalmente, meus conhecimentos. Além disso, o fato de não poder expor minhas interpretações sobre o texto lido incentivou para que eu relacionasse o abito da leitura com algo maçante e ruim. Mas, aos olhos de Rottava, mesmo que minhas opiniões expressadas em provas não estivessem corretas para os professores, o fato de gerar uma reação que permite emitir opiniões sobre algo é o ponto de partida do conhecimento. Desfazendo, assim, minha memória de leitura vinculada apenas à alfabetização.

‘’Como reflexão final, acredito que leitura deva provocar no leitor uma reação. Essa, por sua vez, permitirá que sejam emitidas opiniões, pois aceitar ou recusar um tema ou um assunto é, muitas vezes, o ponto de partido para a construção do conhecimento. (ROTTAVA, 2000, pág 16)

REFERÊNCIAS:  
ROTTAVA, Lucia. Espaços da Escola.  Ijuí: Editora Unijui, 2000.
BRITTO, Luiz Percival Leme. Nuances: Estudos sobre educação. Ano 2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário