Reescrita
Aluno 62
Quatro de maio é teu aniversário, mulher! Hoje é dia de desafiar teus próprios limites e tentar te maquiar. Primeiro passo: vai para a frente do espelho. Agora pega o tal de primer, tira os óculos. Opa, tirar os óculos? Visão embaçada, astigmatismo leve mais miopia resultam em enxergar milhões de vezes pior do que quando se abre o olho embaixo d'água. Algo como tentar ver depois de umas seis doses de tequila quando o barman balança freneticamente a cabeça do ébrio. Observação: tequila é uma bebida destilada com nível de álcool consideravelmente alto. Tão péssimo quanto tentar se olhar no espelho depois daquele banho fervente no inverno.
E agora, José? Agora te vira nos trinta com o tato e joga essa meleca no rosto todo. Passa como se fosse protetor solar que dará certo. Ok, acho que preenchi todo o rosto. Segundo passo: lápis de olho. Socorro, como fazer uma linha reta no olho se não sei nem escrever retilineamente. Pega o lápis, fecha esse olho míope, puxa como se fosse olho oriental e tenta traçar. Ai, não fura o olho, mulher! Só na parte de cima do olho passa delicadamente o lápis. Algo me diz que ficou pior do que a linha do Tratado de Tordesilhas (veja bem, era completamente torta e imaginária). Sempre me vem a ideia de tentar preencher minhas pálpebras com sombra. Preta de preferência. Pego o recipiente com a sombra, sujo meus dedos, preencho não só a pálpebra mas também minhas bochechas e minhas sobrancelhas. Sim, eu realmente não enxergo. Más notícias, Nathália, o super tato não é capaz de resolver tudo. Chegamos à parte do rímel, como lidar? Impossível não piscar. Agarra o pincel do rímel, chega suavemente perto dos cílios, agora pisca suavemente enquanto o pincel fica estático. Faça isso umas cinco vezes em cada olho.
Pronto, coloca os óculos. Susto, pavor, horror? O primer ficou homogêneo; o risco do olho, torto; a sombra, exagerada; o rímel, borrado. Nota mental: melhor esperar minha miopia baixar e tentar de novo ano que vem.
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