Aluno 52
Reescrita
Meu coração está pulsando muito forte, mais que isso, ele está batendo. Batendo como se fosse fugir, como se quisesse abrir um buraco em meu peito e por ele sair. Não tenho para onde correr, há pessoas por todos os lados. Então acontece, chamam minha turma e tudo que me resta é seguir o fluxo e com eles, subir no palco. Minha formatura oficialmente começou.
Tudo que ouço é um barulho ensurdecedor de aplausos, todos estão aplaudindo e não são poucas pessoas. O auditório comporta confortavelmente 300, mas é possível perceber que esse número foi excedido. Sento-me em minha cadeira e meu coração aos poucos começa a se acalmar.
O diretor começa a fazer se discurso. Pronto, já não sou mais o foco da atenção, todos estão olhando para ele que está no outro lado do palco. Finalmente posso “relaxar”. Olho na volta e não consigo acreditar que todas aquelas pessoas estão ali por nós. Todos tão felizes, sorridentes e emocionados. Sinto-me até um pouco desconfortável, pois percebo que para algumas das pessoas na plateia, a cerimônia está sendo mais emocionante que para mim.
Hora de localizar minha família. Não estão no fundo, não estão na frente e nem nas laterais. Ótimo, resolveram facilitar meu trabalho de acha-los, sentaram no meio, em um auditório com mais de 300 pessoas. Achei! Lá estão minha mãe e avó, usando vestidos, um verde e o outro vermelho. Agora vamos achar meu irmão e cunhada. Lá! Duas filas depois do resto da minha família. Acabo de perceber que essa é a primeira vez que o vejo de terno, um terno horrível por sinal, mas tudo bem, ninguém é perfeito.
O diretor dá lugar a mestra da cerimônia ou Débora que é como venho a chamando nos últimos quatro anos. Ela então começa a nos chamar para receber o diploma e um por vez, vamos nos levantando. O combinado é que devemos esperar a música tocar, levantar, caminhar até o paraninfo, tirar com ele uma foto, pegar com Débora o diploma, tirar outra foto e voltar para nosso lugar. Parece uma vida! E se eu pular uma das etapas? E se eu cair? E se eu sair feio nas fotos? Meu coração que antes tinha desistido do seu plano de fugir do meu peito, agora retomara com força total suas tentativas de escapar. Para piorar tudo, ouço meu nome ser chamado, essa foi a última coisa que ouvi. O nervosismo é tanto que estou surdo, mas não tenho tempo para me preocupar com surdez. Levanto e começo o processo. Primeiro andar até o paraninfo e tirar a foto, feito. Agora, pegar o diploma e tirar outra foto. Caminho até Débora, pego o diploma e quando olho para a plateia, onde está a fotógrafa, começo a sorrir incontrolavelmente. Algumas pessoas dizem que quando você está morrendo, sua vida passa diante de seus olhos, isso é exatamente o que acontece aqui. Pela minha cabeça passam todas as memórias boas que tenho desse lugar, todas as vezes que subi nesse palco. Noto só agora, o quanto tudo está diferente para cerimônia, estou tão acostumado com o ambiente e tão distraído com as pessoas e a cerimônia que nem percebi. As cadeiras estão decoradas, nas paredes estão sendo projetadas fotos e no chão temos um tapete que se estende de um lado ao outro. Está tudo lindo!
Com um nó na garganta, um aperto no coração e um sorriso tão grande que chega a ser irritante, volto para minha cadeira e observo meus colegas vivenciarem o mesmo que acabei de fazer. Algum tempo depois a cerimônia acaba, estou formado, estamos todos formados. As famílias se levantam e cada um segue um caminho, é estranho pensar que essa é provavelmente a última vez que meus colegas e eu estaremos todos reunidos. Em meio a confusão, localizo mais uma vez os meus familiares, recebo deles cumprimentos e vamos todos juntos jantar.
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